Contabilidade: profissão em extinção ou evolução?
Muitos diriam que a reforma tributária, ao tirar a complexidade dos tributos, eliminaria boa parte dos postos de trabalho da área contábil.
Particularmente, trabalho na área contábil a 20 anos e sempre ouvi nas pesquisas que entre as profissões extintas no futuro estaria a de contador. E vejam só, por quantas coisas a contabilidade já passou: das antigas máquinas utilizadas na escrituração de livros, a famosa gelatina e hoje lidamos com ERPs, BI (Businness Inteligence).
Fato é que tudo muda em nossa vida.
E como as coisas mudam, o que era ficção pode virar realidade um dia.
Quem diria que essa figura ilustrativa de um episódio dos Jatsons faria parte de nosso cotidiano?
Imaginemos as vídeo aulas improvisadas no período da pandemia e o home-office que permitiu a continuidade de muitas atividades nesse período de isolamento em que muitas empresas foram obrigadas a fechar suas portas.
Por mais que alguns sejam contra o home-office, vejo ele como uma oportunidade hoje.
Não de estar longe, mas sim de longe se fazer presente.
Peço licença para me explicar:
- Por que perder o tempo produtivo de um colaborador que foi ao médico que fica mais distante do serviço do que de sua casa? Não seria melhor, se essa pessoa tiver ferramentas de trabalho que lhe possibilite trabalhar a distância, permitir que se desloque para a sua casa e trabalhe remotamente.
E então por mais que sejamos ou não a favor, respeitando a cultura de cada empresa nesse momento, sejamos racionais quanto ao contexto. É isso ou abonar a ausência, com um atestado de comparecimento ao médico.
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Retomando então o contexto de nosso tema, diante de escândalos como o caso Americanas, Operação Lava Jato, e tantos outros. Difícil pensar que a contabilidade se limite apenas a área tributária.
Temos que evoluir em compliance? A governança precisa ser aprimorada? O mercado demanda de mais informações sobre a empresa em suas notas explicativas? Existem oportunidades de reestruturação dos negócios? Estamos sendo cada vez mais demandados a fazer mais em menos tempo e com menos pessoas. Resolver essa equação é responsabilidade somente do TI? A complexidade dos negócios tem compelido as empresas a utilizarem várias soluções sistêmicas que muitas vezes não conversam bem com os sistemas de informação. Não seria essa mais uma possibilidade de atuação para os contadores?
Refletir sobre esses questionamentos nos levam além dos tributos. Talvez o tempo que irá sobrar na solução desses problemas possa ser demandado na resolução desses problemas.
Como disse, trabalho a vinte anos na área contábil e a maior parte dos problemas que encontro nas organizações tem correlação com compliance e processo.
E olha que vejo muitas pessoas falando em processo, mas tentando replicar suas vivências passadas em outras organizações em contextos totalmente diferentes.
Parecendo que somente BPMN (Business Process Modeling Notation) de cada área isolada vai resolver os problemas das organizações. E isso vira sempre uma briga de ego e de poderes nas organizações.
Entra gente, saí gente, nada muda e o clima organizacional piora. E novamente ao final desse processo estamos rediscutindo processos. E as pessoas continuam a fazer o que fazem sem saber por que fazem.
E os processos não orientam as ações a estratégia. Porque nesse momento cada gestor faz o melhor para si e não para o negócio.
O objetivo desse artigo é provocar a reflexão. Não só quanto aos profissionais da área contábil, mas sim a todas as áreas do conhecimento. Seja aplicado ao setor público ou privado, temos várias questões no dia a dia que nos demandam solução e nos prostamos diante da falta de tempo muitas vezes.
Diante do que foi exposto acredito que haja sim muito espaço a evolução do profissional da área contábil. Contudo novos desafios demandam novas ferramentas e conhecimentos, e assim temos novamente que evoluir.
Creio que esses novos passos demandem conhecimentos a cerca de banco de dados, BPMN, Risco, Compliance, programação e ciências de dados.
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1 aGostei dessa linha de verdade no seu artigo: " Porque nesse momento cada gestor faz o melhor para si e não para o negócio".
Conselheiro Fiscal (CCF ibgc) & Comitês de Auditoria & Comitês Financeiros e Contábeis /Conselheiro Consultivo em Pequenas e Médias Empresas (ConCertif) /Former Partner Deloitte
1 aHumilde opinião de um profissional da geração X: em qualquer profissão que exista a necessidade de se “ carimbar” o responsavel técnico ( engenheiros, médicos, advogados, contadores, arquitetos, atuários, outros) pelas decisões tomadas e conclusão da “obra” , teremos a necessidade do julgamento humano. IA, sistemas integrados e outras ferramentas são os “ meios” facilitando a decisão e conclusão do profissional. Infelizmente acredito que essas ferramentas que gerarão forte produtividade em determinadas atividades operacionais repetitivas e manuais de diversas profissões dificultarão a colocação da MO menos especializada e qualificada. Que as gerações atuais entendam o desafio e se adaptem a nova realidade…. E que os empreendedores estejam engajados no novo capitalismo social.