A contribuição de um Conselho Consultivo
O Conselho Consultivo muitas vezes é identificado como uma etapa de transição para a criação de um Conselho de Administração. E pode funcionar neste sentido, mas também tem vida própria, em diversas situações coexistindo com o Conselho de Administração.
O objetivo deste artigo é ressaltar a contribuição que um Conselho Consultivo pode trazer para organizações, principalmente as que não são Sociedades Anônimas (SAs).
Afinal de contas, qual é a função de um Conselho Consultivo?
O Conselho Consultivo, assim como um Conselho de Administração, tem como uma das principais funções contribuir para a Governança Corporativa ser desenvolvida e fortalecida em uma empresa.
O Conselho Consultivo difere em alguns pontos do Conselho de Administração. Este último, é obrigatório a implementação em empresas que se enquadrem como Sociedades Anônimas (SAs); já o Conselho Consultivo não há obrigatoriedade de implantação.
Apesar de parecer um “ponto negativo” a não obrigatoriedade, pode ser um filtro para que as empresas, executivos(as) e famílias empresárias realmente queiram estruturar o Conselho Consultivo, principalmente quando tomaram consciência da importância e da relevância para os negócios.
Por essa natureza, os conselheiros consultivos orientam, opinam, sugerem, entretanto não votam, decidem ou deliberam. Esta diferença é algo muito importante para compreender o que está dentro e fora do escopo de atuação do Conselho Consultivo.
Enquanto o Conselho de Administração exige, geralmente, um alto custo para operar, o Conselho Consultivo tem um investimento mais acessível, principalmente para empresas de pequeno e médio porte.
Cinco princípios-chave para Conselheiros Consultivos
A primeira vista parece que é tranquilo ser conselheiro consultivo, pois “dar uns palpites” e praticamente ter baixo risco de ser penalizado legalmente pelo que acontece com a empresa parece que é o caminho para o pote de ouro. Não, longe da atuação de um conselheiro consultivo ser fácil, muito pelo contrário as responsabilidades e deveres são muitos.
Listarei cinco princípios-chave do Advisory Board Centre dos Estados Unidos que poderão ser utilizados como uma referência para analisar a atuação de um conselheiro consultivo em termos de alguns critérios.
O primeiro que compartilharei é a Clareza de Escopo. O conselheiro consultivo independente não deliberará nem tomará decisões. Além do Conselheiro Consultivo ter essa clareza, precisa disseminar e relembrar isto para os demais membros do Conselho Consultivo, principalmente do corpo executivo. Mesmo se participar da decisão e operacionalizar estratégias, o conselheiro deve se comprometer e pensar sempre no melhor para organização, como se fosse ele que estivesse “em campo” executando as ações acordadas.
O segundo princípio é a Independência. Apesar do conselheiro consultivo ter sido contratado pelo(a) CEO ou alguém da diretoria executiva, é fundamental que a independência seja algo inegociável, permitindo inclusive ter uma opinião diferente da pessoa que o convidou para fazer parte do Conselho.
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Já o terceiro princípio é a Aderência ao Propósito. Para ser conselheiro consultivo é situação sine qua non acreditar na empresa, se identificar com o produto/serviço e ter valores similares com a organização. Caso contrário será muito difícil, no mínimo conflitante, contribuir com sugestões e orientações durante as reuniões. Além disso, a reputação pessoal do conselheiro está conectado às empresas que ele participa do conselho o que torna ainda mais importante a observação deste princípio.
O quarto princípio é Estrutura e Disciplina. Como o conselheiro consultivo independente não está no dia a dia da organização o planejamento, organização e disciplina para estar antenado com as tendências, estudar os materiais com antecedência e ter um tempo de qualidade antes das reuniões, fará total diferença nas assembleias e nos possíveis caminhos frente aos assuntos endereçados na reunião.
O último princípio é Medição. Como escrevi anteriormente não é tarefa fácil, tampouco simples ser conselheiro consultivo independente. Realizar a medição/mensuração do seu desempenho, como também convidar as demais pessoas que fazem parte do Conselho Consultivo de avaliarem sua performance contribui para que expectativas sejam atendidas e que não caia em zona de conforto, buscando sempre o aprendizado e aprimoramento para que sua atuação de fato seja relevante no Conselho.
Considerações Finais
Os cinco princípios-chave apresentados e a compreensão da importância do Conselho Consultivo pode abrir espaço para diversas organizações que tem tamanho e complexidade para implementarem Conselhos Consultivos. Imagino que poderá ser um ganho duplo: empresas fortalecendo a Governança Corporativa e conselheiros consultivos independentes deixam um legado para organizações e para o Brasil.
Fabrício César Bastos
Sócio=Diretor Flowan Treinamentos
www.flowan.com.br