A contribuição dos conceitos de Capitalismo Consciente para a perenidade de empresas familiares

A contribuição dos conceitos de Capitalismo Consciente para a perenidade de empresas familiares

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A evolução das práticas de gestão, ao longo dos últimos anos, tem sido bastante influenciada por conceitos desenvolvidos e influenciados por questões que envolvem a sustentação e preservação das sociedades civis e empresariais, através de uma interação saudável entre a geração e o consumo dos recursos existentes.

A busca por esta interação, tem trazido discussões importantes, no que se refere aos lucros das empresas e sua aplicação, com questões como essa: as empresas cumprem sua função social apenas com a geração de lucros?

Claro que essa pergunta divide opiniões, entre aqueles que, numa visão mais clássica e liberal tendem a responder que sim, argumentando que a geração de lucros, por si só, traria benefícios sociais, por conta da geração de emprego e renda aos envolvidos. Por outro lado, existe a interpretação de outros grupos, que consideram a história e a recorrência da desigualdade social, de escândalos de violação aos direitos humanos, desastres e impactos sobre o ambiente ocasionados pelas práticas de algumas empresas, como base de seus argumentos, que sustentam sua visão de que os lucros não são e não cumprem a função social das empresas. Essa ideia de que elas possuiriam um dever além da geração dos lucros ganhou espaço a partir dos anos 1950, passando por diversos modelos conceituais desde então. Claro que este conceito, continua sendo um conceito problemático, que gravita na ideia de voluntariedade, por mais que os esforços teóricos tenham procurado desenvolvê-lo e dar-lhe um sentido prático.

Desta forma, além do ESG Humanizado, que tem bastante alinhamento com essa segunda visão, temos o conceito do Capital Consciente, o qual recomendo a sua aplicação, pois entendo estar mais adequado à realidade das empresas familiares, dando assim condições de implementação das práticas de ESG, com o olhar para a geração de lucros e ainda assim, contribuir com ações de sustentabilidade e perenidade.

 

1.    O que é Capitalismo Consciente?


 

 O Capitalismo Consciente é uma abordagem que vai além do lucro financeiro, buscando simultaneamente o bem-estar de todos os envolvidos. Ele se baseia em quatro pilares fundamentais:

Maior amplitude do propósito da empresa: que significa operar com uma missão que contribui positivamente para a sociedade, incluindo a aplicação do lucro em ações voltadas para o bem-estar social, de todos os stakeholders;
Estabelecimento de lideranças conscientes: formação de líderes e gestores que inspiram, cuidam e motivam seus trabalhadores, promovendo uma cultura de confiança e colaboração, em que a mentalidade de “nós” em vez de “eu”, gera maior engajamento ao propósito da empresa, criando valor para todas as partes interessadas (stakeholders) e inspirando ações que contribuem para uma cultura consciente;
Fortalecimento da cultura consciente: referente ao fomento de um ambiente organizacional que apoie os valores do capitalismo consciente e as práticas que estes impõem, contribuindo para uma cultura de confiança, cuidado e cooperação entre os funcionários da empresa e todos os outros stakeholders.
Garantia de equidade para todos os stakeholders: foco na harmonização e equilíbrio das necessidades de todos os envolvidos no processo empresarial, o capitalismo consciente concentra-se na ideia de que todas as partes têm o mesmo valor e que devem juntos, cultivar uma cultura consciente e promover propósitos e valores dentro do negócio, para alcançar transformações positivas e agregar valor ao trabalho.

Quanto ao impacto social, o capitalismo consciente é um vetor de mudança positiva. Empresas conscientes frequentemente investem em projetos sociais, educacionais e ambientais que beneficiam diretamente as comunidades em que operam. Além disso, pela sua própria natureza, tais empresas buscam reduzir seu impacto ambiental e criar produtos e serviços que melhoram a qualidade de vida dos consumidores.

Em resumo, o capitalismo consciente representa uma visão refinada do papel das empresas familiares na sociedade. Se trata de um desafio ao modelo tradicional de negócios, pois propõe uma nova maneira de pensar, que equilibra ganhos financeiros com responsabilidade social.

De fato, essa visão não só serve para construir uma empresa mais justa e sustentável, como também para guiar as empresas a um sucesso duradouro e perene, mesmo num cenário econômico global tão cheio de riscos.

2. Benefícios do Capital Consciente:

À medida que as empresas familiares enfrentam desafios e oportunidades em um mundo em constante mudança, a adoção do Capitalismo Consciente emerge como uma estratégia não apenas ética, mas também pragmática. Integrar valores familiares, liderança consciente e relações significativas com stakeholders pode ser a chave para o sucesso duradouro de empresas familiares no cenário empresarial contemporâneo. Ao adotar essa abordagem, as empresas familiares podem não apenas prosperar financeiramente, mas também contribuir de maneira significativa para o bem-estar da sociedade como um todo, pois as vantagens das empresas familiares são inúmeras, como visão de longo prazo, sentimento de lealdade, comprometimento com a organização e ambiente familiar íntimo.

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