Capitalismo Consciente x Capitalismo Selvagem em empresas familiares: quem ganha?

Capitalismo Consciente x Capitalismo Selvagem em empresas familiares: quem ganha?

Lucro, essa é a razão principal para a existência de toda e qualquer empresa. Você pode criar todo o tipo de argumento e narrativa para uma empresa existir, mas no final a razão principal é o Lucro.

E para se obter lucro a fórmula é bem simples: aumentar a receita e reduzir a despesa. Esse foi o motivador das fusões e aquisições da década de 90 em que o caminho mais fácil era comprar o concorrente somando as receitas e reduzindo as despesas. Esse modelo combina bem com o capitalismo frio e selvagem.

Eu particularmente sempre fui adepto e sempre torci por esse modelo de capitalismo. Até porque cresci nas décadas de 80 e 90 assistindo filmes com o Michael Douglas e Al Pacino que enfatizavam esse estilo de vida.

Wall Street Poder e Cobiça, Instinto Selvagem, sem falar nos filmes de mafiosos como o Poderoso Chefão e Scarface em que a justificativa para todas as atrocidades era: “são somente negócios”. Esses são alguns exemplos que a minha geração foi exposta e que enfatizavam esse sistema de condução de negócios.

Então, quando fui apresentado ao tal do ESG (Meio-Ambiente, Social, Governança), Capitalismo Sustentável ou Capitalismo Consciente esse conceito não fez sentido nenhum. Porque, para cuidar do Meio-Ambiente, do Social ou da Governança, são “gastos” a mais.

Ora, para que eu preciso cuidar do Social se eu sou um capitalista selvagem interessado somente no lucro sem medidas? O Meio-Ambiente foi feito para ser explorado e pra quê Governança se manda quem pode e obedece quem tem juízo?

À primeira vista, a única coisa que o ESG faz é gastar mais dinheiro, diminuindo o lucro do acionista e reduzindo o bônus do executivo.

Porém, quando comparados os resultados entre empresas que adotam o ESG como prática contra aquelas que não o praticam é que se nota uma disparidade nos resultados.

O que na lógica é um contra censo: gastar mais para ganhar mais é explicado de forma muito simples:

Meio Ambiente: no final da década de 90 as empresas de agroquímicos foram obrigadas pela Lei 9.974/2000 à logística reversa de embalagens. Essa medida retirou do Meio Ambiente milhares de embalagens que eram usadas pelos próprios agricultores, para outros usos, que acabavam por se contaminar sobrecarregando o sistema de saúde com intoxicações. Num primeiro momento, isso custou caro para as empresas, porque tiveram que investir na logística reversa, mas no fim tornou-se barato porque reduziu o afastamento dos trabalhadores rurais por intoxicações, o governo reduziu os custos com a saúde e acabou-se criando mais empregos para a coleta e tratamento da logística reversa.

Social: empresas são feitas por pessoas, e o cuidado com o funcionário, investindo na sua proteção, na saúde e na educação reduz o turnover da empresa reduzindo gastos com contratação e demissão, além de reduzir a curva de aprendizado, que é o tempo que o funcionário novo demora para aprender uma nova função.

Engajar o funcionário, explicar e alinhar os valores da empresa, não só remunerar, mas também ouvir os anseios dos funcionários cria uma sinergia em que todos os envolvidos caminhem em uma única direção.

Governança: as decisões do principal executivo, que numa empresa familiar geralmente é o próprio dono da empresa, são solitárias, muitas vezes influenciadas pelo achismo. Se a decisão se mostra acertada ele é chamado de visionário, porém, se a decisão se mostra errada, a empresa abre falência. Basta acompanhar os bilhões gastos por Mark Zuckerberg no Metaverso e por Elon Musk no Twitter. São dois executivos de alta performance, muito bem preparados e assessorados, mas que tomaram decisões que lhes custaram muito dinheiro.

Para uma empresa familiar que talvez esteja lutando para sobreviver e apagando incêndios a toda hora o Capitalismo Consciente parece uma utopia distante. Mas será que vale a pena?

O crescimento, em 20 anos de resultados, em empresas americanas que adotam o Capitalismo Consciente é de 2077% contra somente 269% para aquelas que não o adotam.

Então, ao contrário da minha crença inicial, implantar o Capitalismo Consciente é muito mais vantajoso do que o Capitalismo Selvagem.

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Rosana da Silva Chaves

Board Academy Member/ Executiva da Unimed-BH em Relacionamento com o Cooperado e Sustentabilidade/ Coordenação do Comitê de Sustentabilidade e Comitê de Governança do CA/ Diretora Pro Bono do Minas Pela Paz/ Mentora

8 m

Gostei muito da abordagem! Parabéns!!!

O debate entre lucro imediato e sustentabilidade a longo prazo é realmente fascinante. Parabéns, Wener!

Reinaldo Martinazzo

Founder e CEO da Vitoria Comunicação e Marketing - Board Member, Consultor, Mentor Empresarial e Palestrante

8 m

Muito bom Wener

Parabéns Weber, ótimo artigo! Leitura essencial para quem ainda acha que capitalismo consciente, ESG e governança representam apenas aumento de custos...

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