COP21 e a Land Art

COP21 e a Land Art

Hoje começa oficialmente a COP21, a vigésima primeira Conferência dos Partidos para discutir as medidas que podem ser tomadas para combater o aquecimento global e questões climáticas. Mas essa história é mais antiga e começou no Rio de Janeiro, em 1992, na ECO92.

Desde então, diversos chefes de estado se reunem com a intenção de apresentar propostas para seus países que atendam o tema de ecologia e sustentabilidade. O Protocolo de Kyoto nasceu de uma dessas reuniões. Mas pouco foi de fato feito com relação ao aquecimento global e emissões de gazes que agravam o efeito estufa. E muitas vezes a sensação que temos é de palavras jogadas ao vendo.

Sob uma perspectiva artística e urbanista, entretanto, essa discussão é anterior à 1992.

A Land Art, que surgiu como uma resposta ao Minimalismo no final da década de 1960, hoje pode ser vista em um escopo mais amplo, em um momento em que discussões sobre ecologia tornam-se cada vez mais cruciais. Geralmente realizada em terreno natural ou com matéria-prima natural, integrando a natureza à obra, a land art tem como objetivo promover o ambiente como a própria obra de arte.

Ao longo dos últimos cinquenta anos, a land art se consolidou e diversos artistas ganharam nome e visibilidade nessa campo. Um dos mais reconhecidos land artists é Robert Smithson, com seu Spiral Jetty (1970). Mas diversos outros integram a lista de artistas que usam a natureza como inspiração e ferramenta para construir suas obras.

O trabalho aqui apresentado é da artista Agnes Denes. Nascida em 1931, em Budapeste, Denes foi uma das primeiras mulheres a trabalhar com o tema. O trabalho Wheatfield – A Confrontation (1982), um dos mais conhecidos da artista, foi criado durante um período de quatro meses, na primavera, verão. Nesse período, Denes, com o apoio do Fundo de Arte Pública, plantou um campo de trigo dourado em dois acres de aterro coberto de escombros perto de Wall Street e do World Trade Center, em Manhattan (agora o local do Battery Park). 

O trabalho, como o nome sugere, traz um confronto entre a obra e o lugar escolhido para ser plantado (ao lado de Wall Street, centro financeiro de NY). O projeto era uma contradição visual gritante: um belo campo de trigo dourado situado entre os arranha-céus de aço frias do centro de Manhattan.

Denes acredita que sua "decisão de plantar um campo de trigo em Manhattan, ao invés de projetar apenas outra escultura pública, nasceu de uma preocupação de longa data e precisa chamar a atenção para as nossas prioridades equivocadas e deterioração dos valores humanos. De acordo com ela, o campo do seu trabalho traz questões que abordam a consciência individual e social: "Making art today is synonymous with assuming responsibilities for our fellow humans."

Hoje, mais de trinta anos depois que a obra foi apresentada, seu trabalho continua atual, atingindo um tema cada vez mais importante na pauta global.

aqui Art News, Fragile Ecologies: Contemporary Artists' Interpretations and Solutions. Sculpting with the environment--a natural dialogue.

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