Copa, dia 14: Messi e Memphis vão às quartas
Oitavas de final – Holanda 3×1 EUA, Argentina 2×1 Austrália
Sempre achei as oitavas de final o melhor momento da Copa. É porque, agora, depois de três jogos, os times já se aclimataram à competição. Por outro lado, não fazem mais cálculos de saldo de gols, por exemplo, para uma eventual classificação. Agora, é vencer ou vencer. Se houver empate, haverá prorrogação e, se necessário, pênaltis. Isso vale tanto para uma potência do futebol quanto para uma eventual zebra. Nessas circunstâncias, pesam muito os preparos físico e emocional. Nunca são partidas com prognósticos óbvios.
Na primeira partida das oitavas, os EUA começaram melhor. Pressionava a saída de jogo da Holanda, e assim Pulisic perdeu um gol na cara de Noppert. Mas, assim que conseguiram escapar dessa pressão, os holandeses fizeram 1x0, aos 9 minutos, em um golaço coletivo. Foi uma sequência de 21 toques na bola que começou na defesa e pela qual passaram todos os jogadores do time. Durante um minuto, a bola foi de pé em pé até o lado direito do ataque, de onde Dumfries rolou para Memphis, que, sozinho, na entrada da área, chutou no canto de Turner.
O segundo gol da Holanda, aos 45, foi quase igual ao primeiro. Dumfries chegou na linha de fundo e rolou para a marca do pênalti, por onde Blind chegou, de novo sem marcação, e tocou no canto de Turner. O lateral foi comemorar no banco de reservas, dando um beijo em seu pai, ex-jogador da seleção e atualmente na comissão técnica.
No segundo tempo, a Holanda procurou tocar mais a bola e esfriar o jogo. Já o técnico americano Gregg Berhalter, sem alternativa, tratou de colocar o time pra frente. E aproveitou espaços que a Holanda deixava pela esquerda da defesa. Aos 30, Wright fez um gol espírita: a bola foi cruzada baixa na área, ele tentou desviar e a bola encobriu o goleiro Noppert. O entusiasmo americano não durou muito. Aos 35, numa sequência inversa do segundo gol, Blind cruzou e Dumfries, tranquilamente, completou no canto de Turner – mais uma vez, ficou aberto um buraco na defesa americana.
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Argentina e Austrália começaram seu jogo dentro do previsível. Nossos vizinhos partiram para o ataque com a orquestração de Messi – em sua milésima partida como profissional! Já os australianos, claramente inferiores do ponto de vista técnico, como fizeram nos outros três jogos, se fecharam na defesa, esperando um contra-ataque. Deu errado. Aos 34 minutos, em uma troca de passes dentro da grande área, Messi deu aquela cutucada indefensável com a esquerda e colocou no canto de Ryan.
O segundo tempo começou muito parecido com o primeiro. A Austrália tentou mais o ataque e, muitas vezes, pressionou a saída de bola argentina, mas sem descuidar da defesa. E o que funcionou foi a pressão do outro lado. Aos 11 minutos, Ryan quis sair com a bola, mesmo pressionado por dois argentinos. Perdeu e Álvarez fez o segundo.
Sem escolha, a Austrália foi para o ataque. O técnico Graham Arnold trocou cinco jogadores. Mas a Argentina, mais confiante agora, mantinha o controle da partida. Aí, entrou em cena o maravilhoso imponderável do futebol, que transforma um jogo aparentemente “normal” em uma partida vibrante de Copa do Mundo. Aos 31, Goodwin chutou de longe, a bola desviou em Enzo Fernández e tirou Martínez da jogada: gol da Austrália. A Argentina poderia ter liquidado o jogo, mas Lautaro Martínez perdeu três chances na cara de Ryan. Os australianos se entusiasmaram e foram pra cima, na base do desespero. No último minuto de jogo, Martínez fez um milagre ao defender cara a cara um chute do jovem Kuol. O maestro Messi e sua orquestra chegaram às quartas.
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