Copo meio cheio: o avanço da transformação digital em 2020
Em meu último artigo para o LinkedIn, fiz uma breve análise sobre os inúmeros desafios políticos, econômicos e sociais que dominaram o ano de 2020. Já nesta nova publicação, meu objetivo é trazer o que de positivo foi possível colher, em uma perspectiva econômica, do ano que se encerra.
E, em meio a tantos obstáculos enfrentados, esta visão do "copo meio cheio" é, por si só, algo desafiador. Todavia, se podemos destacar um ganho diretamente relacionado com 2020, ele diz respeito ao avanço da transformação digital no mercado, que se fortaleceu em empresas de todos os portes e segmentos em uma escala global.
Os números da transformação digital em 2020
Para termos uma ideia em relação a este avanço, é interessante observarmos algumas pesquisas que foram conduzidas ao longo do ano por diferentes consultorias especializadas em transformação digital.
Neste sentido, em números do IDC (International Data Corporation) divulgados pela Veja, por exemplo, foi possível perceber que, só no Brasil:
- 52,4% investiram em tecnologias para conectar empresas e colaboradores, independentemente de sua localização;
- Quase 63% das companhias criaram modelos de trabalho mais dinâmicos e reconfiguráveis;
- Cerca de 40% das empresas investiram na resiliência de suas infraestruturas digitais.
Não é difícil perceber o fato de que esses números têm relação direta com a necessidade de isolamento social que, inevitavelmente, fez com que as empresas repensassem suas estruturas de trabalho e investissem em modelos mais dinâmicos, flexíveis e digitalizados.
A boa notícia é que tal estrutura – que tende a ser mais eficiente do ponto de vista financeiro e trazer mais agilidade para as empresas, posto que é centrada na digitalização de processos – parece que veio para ficar e é um legado que pode se tornar perene no pós-pandemia.
Outro estudo, agora da KPMG, apontou que, para 67% dos executivos ouvidos no levantamento, a digitalização de suas operações avançou meses ou até anos só em 2020, ao passo que o cenário atual contribuiu para a criação de novas equipes de trabalho em 87% das empresas, uma vez que foi preciso trazer para os seus times, colaboradores aptos a lidar com ambientes mais automatizados, skills de análise e entendimento de recursos de Inteligência Artificial.
Tais números, por sua vez, favorecem duas conclusões:
A pandemia forçou, do ponto vista da transformação digital, muitas empresas a saírem de uma inércia em termos da busca por inovação. Em outras palavras: caímos em um cenário no qual a digitalização não era opcional, mas uma questão de sobrevivência;
- A criação de novos postos de trabalho responde a uma tendência que só deve crescer no mercado: quanto mais digitalizado estiver o ambiente econômico, mais oportunidades surgirão para aqueles que dominarem soft skills, análise crítica e souberem trabalhar com dados e recursos tecnológicos avançados.
A prova da resiliência
Para concluir, gostaria também de frisar que o cenário de pandemia também nos provou que somos muito mais resilientes do que imaginávamos. Se, diante de obstáculos tão complexos como os apresentados esse ano, o ambiente econômico tem encontrado forças para se reerguer, esse é o indício de que, com planejamento e estratégia, podemos avançar com muito mais força em contextos mais favoráveis.
Por outro lado, precisamos colher o aprendizado de que não precisamos esperar o pior dos mundos para avançarmos com demandas como a transformação digital que, afinal de contas, já estava posta no mercado há mais de uma década.
Fiquemos atentos para aproveitar os momentos de calmaria para implementar as mudanças necessárias e investirmos na sustentabilidade de longo prazo de nossos negócios. Deste modo, teremos diferenciais competitivos e fôlego para superar os períodos de tormenta.
Se este ano, tão difícil sob diversos aspectos, contribuir para este aprendizado dentro de nossa jornada empreendedora, isso, sem dúvidas, já será um legado fundamental para o nosso crescimento.