Cotação e Conjuntura Cambial - Março'23

Cotação e Conjuntura Cambial - Março'23

Neste relatório é abordado os principais eventos econômicos que impactaram a cotação do dólar ao longo do mês de março.

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No período, houve sinalizações de que o aperto monetário nos EUA poderia ser menor, frente aos riscos de contágio do setor financeiro com a falência do Silicon Valley Bank. Considerado o 16º maior banco americano, o SVB tinha o objetivo de fornecer financiamento para empresas de tecnologia e startups. Em 2021 declarou ser a principal instituição financeira de quase metade das startups de capital de risco dos EUA. Com a crise, algumas empresas e startups tentaram sacar seus depósitos, contudo a maioria dos recursos estava aplicado em Títulos de longo prazo, que impactados pela elevação dos juros perderam valor.

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Com a inflação atingindo o maior patamar em 40 anos, o FED está elevando as taxas de juros, tornando o crédito mais escasso e afetando negativamente as empresas de tecnologia. Com destaque para as Big Techs (Meta, Alphabet, Amazon, Microsoft e Apple). Durante a pandemia o setor foi o mais beneficiado, segundo dados publicados pelo BID e Linkedin apresentou um crescimento de 60% (https://bit.ly/3KiziPq). O que levou as empresas a ampliarem a quantidade de postos de trabalho, oferecendo salário elevados para reter colaboradores. 

Refletindo os efeitos da desaceleração econômica global as Big Techs estão reduzindo e/ou suspendendo investimentos e lidando com uma queda considerável nas receitas de publicidade. Há uma onda de demissões que, conforme gráfico publicado pela Bloomberg, é a maior desde a crise da bolha PontoCom no início dos anos 2000.

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Em conjunto com as sinalizações da possibilidade de uma política monetária menos agressiva do FED, o Copom (Comitê de Política Monetária) ignorou as pressões políticas e apresentou um comunicado duro no dia 22, reforçando a autonomia e independência do Banco Central. 

Adotando um viés majoritariamente hawkish (em “economês”, significa uma postura de combate à inflação por meio do aumento dos juros), o texto não deixou sinalizações de corte para a próxima reunião, focando também na deterioração das expectativas neste ano e em 2024. 

A parte mais dovish (conduta voltada ao estímulo econômico) do discurso está na inclusão da preocupação com o crédito. O governo também apresentou o novo arcabouço fiscal:

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Cabe ponderar que o projeto será levado para discussões junto ao poder Legislativo, os ritos da aprovação deixarão o mercado em compasso de espera. As notícias do Congresso Nacional indicam que tanto o arcabouço quanto a reforma tributária são temas bem-vistos pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que sinaliza a possibilidade de uma “força-tarefa” em torno da aprovação. 

Nesta quarta-feira (06), o presidente do Bacen, Campos Neto mencionou que avalia positivamente os esforços na elaboração de uma nova regra fiscal, mas observou não haver uma relação automática entre a aprovação e a queda da Selic. Devemos manter em nossos radares um cenário com a manutenção de um ambiente de tensionamento entre a cúpula do governo e o Copom, com potencial de gerar ruídos e afetar os ativos locais.

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O continente europeu também flertou com a possibilidade de uma crise bancária com a divulgação do balanço do Credit Suisse, que reportou “fragilidade materiais” significativas e demostrando também o quinto prejuízo consecutivo. Evidenciando que ocorreram falhas nas análises de riscos da instituição. 

O princípio de uma crise de confiança no sistema foi debelado com a decisão de outro banco rival, o UBS, de adquirir o Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões, com o apoio de autoridades da Suíça. A decisão foi elogiada pela presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde: 

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Na região, o Consumer inflation CPI (% y/y) registrou queda e esta desaceleração impulsionou as bolsas na Europa, e pode ser a sinalização que o BCE precisa para reduzir o ritmo da elevação das taxas de juros.

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As tensões geopolíticas no território europeu permanecem, pois não há sinalizações na direção de um acordo de paz entre russos e ucranianos. O que observamos são decisões na direção oposta deste entendimento, como a escalada dos discursos bélicos e movimentos de riscos. 

Como a recente decisão dos russos de colocar armas nucleares na Bielorrússia, que fica próxima a fronteiras de países membros da OTAN, que por sua vez segue ampliando o seu efetivo.

Na terça (4), a Finlândia se tornou o 31º membro da OTAN, adesão considerada por Moscou como uma ameaça hostil que deverá ser respondida. Removendo a espuma retórica dos discursos, devemos monitorar os riscos que um erro de cálculo de um ataque a algum outro país pode trazer para a região.

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"O risco de armas nucleares serem usadas agora é maior do que em qualquer outro momento desde a Guerra Fria". -  ONU
"A Bielorrússia está pronta para implantar não apenas armas nucleares táticas russas, mas também as estratégicas no país" – Aleksandr Lukashenko presidente da Bielorrússia - Reuters
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A OPEP anunciou no domingo, dia 2 de abril, um corte progressivo na produção de petróleo, com uma diminuição inicial de 1 milhão de barris diários, de maio até o final do ano. Este corte aumenta os preços do petróleo no mercado internacional, o que pode levar a um aumento da inflação e das taxas de juros em diversos países.

A Arábia Saudita anunciou que reduzirá sua oferta em 500.000 barris por dia, enquanto outros países também anunciaram reduções na produção, como Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã. O aumento dos preços do petróleo pode ter impacto negativo na economia, afetando setores como indústria, agronegócio e serviços, devido ao aumento dos preços dos combustíveis e dos transportes.

A elevação do barril do petróleo afeta os preços dos combustíveis e a inflação globalmente. No Brasil, a Petrobras considera o preço do barril ao ajustar os preços dos combustíveis, e ainda é cedo para prever seus efeitos no país. Devemos aguardar para avaliar se a alta dos preços é momentânea ou se se tornará permanente.

Além disso, os preços internos dos combustíveis dependem de outros fatores, como a cotação do dólar, a política de preços da Petrobras e o nível de impostos. No entanto, a alta do petróleo pode reduzir o espaço para a Petrobras reduzir os preços dos combustíveis em breve.

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Também envio em anexo o THE MACROECONOMIC IMPACT OF FOOD AND ENERGY INSECURITY, publicado pelo FMI, que abordou como a pandemia do coronavírus e a guerra na Ucrânia causaram uma elevação histórica nos preços de alimentos e energia, ampliando a volatilidade do mercado.

Os preços das commodities alimentares aumentaram 40% nos dois anos anteriores à invasão russa na Ucrânia, e a guerra agravou essa tendência, com preços de trigo e energia subindo. Embora os preços tenham diminuído desde então, eles permanecem historicamente elevados e vulneráveis a novas interrupções nas cadeias de abastecimento, eventos climáticos extremos e conflitos geopolíticos.

 Na conclusão, o FMI recomenda que os formuladores de políticas econômicas permaneçam vigilantes, com políticas monetárias focadas em reduzir a inflação e políticas fiscais visando um aperto gradual e constante, bem como medidas direcionadas para apoiar famílias vulneráveis.

Também é importante garantir instituições macrofiscais fortes que amorteçam a volatilidade dos preços das commodities, além de esforços multilaterais para enfrentar a insegurança alimentar e energética e manter o comércio aberto de alimentos e insumos metálicos e minerais críticos para a transição verde.

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Considerando este ambiente de intensa volatilidade global, o levantamento mensal da Bloomberg que mensura expectativas em torno de riscos de ocorrer uma recessão neste ano, avançaram em março.

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🗺️ - Preços globais dos fretes mantém trajetória de queda

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🌎 Taxas globais de frete de contêineres = mínima desde janeiro de 2020

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- Brazilian Exchange Rate

- Planilha de Indicadores & Projeções

- Relatório Focus

- Perspectivas Macro Santander

- Macro Brasil Santander

- Semana em Foco - "Sinais de desaceleração do crescimento nos EUA"

- THE MACROECONOMIC IMPACT OF FOOD AND ENERGY INSECURITY by FMI

- Silicon Valley Bank: como a crise pode mudar a trajetória dos juros nos EUA

- Novo arcabouço fiscal – FGV / Ibre

#economia #fed #fiscal #juros #opep

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