Cotas
As ações afirmativas são duramente atacadas por serem consideradas injustas e discriminatórias. Com a entrevista do Bolsonaro ontem no Roda Viva esse tema voltou à tona, quando ele comparou dois filhos de porteiros, um negro e outro paraibano, onde o segundo perdeu a vaga na universidade por causa das cotas. Eu vivo no meio corporativo há muitos anos e é fácil dali concluirmos se a sociedade é justa ou se algo está errado, basta analisarmos a proporção de negros na comunidade x proporção de cargos de gestão ocupados por eles; também podemos ver nos condomínios de alto padrão e aplicarmos o mesmo critério; ou também aplicar esse já chato critério na quantidade de negros comprando nos shoppings centers também de alto padrão e assim vai, basta olharmos e vermos, enxergarmos, pois é gritante a discrepância. Se 10% dessas pessoas forem negras, então tá legal, podemos colocar a responsabilidade da diferença na tal “meritocracia” citada pelo candidato, mas se é ínfimo, então algo tem de ser feito. Nunca tive um chefe negro, nunca tive um diretor negro, nem gerente negro por onde passei; nos restaurantes e shoppings de alto padrão não vejo negros consumindo, só trabalhando, então, com certeza, algo não está certo no mundo que eu vivo e alguma ação precisa ser tomada. Pode ser que essa não seja a melhor, com certeza não é, mas a perfeita sabemos que nunca sairá do papel, então pelo menos minimizaremos para alguns uma dura história que, quem sabe, poderá inspirar outras.