Crédito Rápido e Fácil - O canto de sereia perfeito para uma população financeiramente mal educada
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Crédito Rápido e Fácil - O canto de sereia perfeito para uma população financeiramente mal educada

O que o sistema financeiro chama de crédito rápido e fácil, eu entendo como mais um isco para o descontrole financeiro de uma sociedade consumista e imediatista, que não vê mal nenhum em ser atraída por dívidas. E enquanto isso os bancos e os micro-créditos estão atentos, e dispostos a trazer "soluções de fácil acesso e inovadoras" para a nossa falta de consciência no que tange a gestão das nossas finanças.


"A felicidade não é muito boa para a economia. Se ficarmos felizes (satisfeitos) com o que temos, por que precisaríamos de mais? - Matt Haig, em Razões para Continuar Vivo"


“Eu mereço. Trabalho para isso.”, duas frases commumente usadas por pessoas já com planos repentinos de gastos supérfluos, (às vezes mesmo antes do $$$ se tornar uma realidade na conta bancária), quando o ideal seria fazer um esforço para poupar, não para se privar de satisfazer os seus caprichos (atenção!!!), mas sim para se tornar financeiramente consciente, o que pressupõe uma avaliação do impacto das suas decisões consumistas “pra ontem”.

A ideia de merecer e de se permitir abrir o bolso para gastos exorbitantes ou salgados, e a sensação de recompensa imediata é o que leva as pessoas ao descontrole financeiro: abrir um buraco para tapar outro. E quando o jogo fica insustentável, o suicidio fica apetecível.

E por falar nisso...

Segundo o Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS. 2019), o suicídio foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, estando atrás apenas dos acidentes de trânsito. Uma faixa etária nada curiosa, considerando a quantidade de bens inteligentes que são lançados, especial e especificamente para essa camada que alega “precisar” só para não admitir que na verdade deseja impressionar o outro.

É nessa busca desenfreada para impressionar o outro, que o sistema financeiro encontra uma brecha para nos fazer pagar taxas de juro, pela disponibilidade quase que imediata de um dinheiro que quando analisado a fundo... nem precisávamos.

Mas isso as nossas escolas não ensinam. Aprendemos na “força do ódio” mesmo.

As soluções financeiras têm lá o seu propósito, que nunca será o de servir de um acto de misericórdia para a satisfação dos nossos caprichos.

Portanto, que saibamos que o significado de viver dentro das nossas possibilidades, implica também ter paciência para adquirir as coisas, porque, no final do dia, as dívidas na maioria das vezes, representam um mal desnecessário. E isso o funcionário bancário não nos vai dizer.


Hélia Matesso

Vanessa Matine

Comunicologa | Relações Publicas | Locutora || Mestre de Cerimonias | Activista Social

4 a

Muito bem... falou pouco, mas disse muito!!!

Unilde Mate

Auditor interno na Stema - Silos e Terminal Graneleiro da Matola, S.A

4 a

 Concordo plenamente.

Silvio Numaio

Researcher in accounting and finance.

4 a

O texto e muito bom e relata a nossa realidade. 

Gilberto Chemane

Technical Assistant for Planning and Cooperation at ARENE (Energy Regulatory Authority)

4 a

Muito bom texto. Tenho uma observação/curiosidade: é aceitável associar a alta taxa de suicídio entre jovens dos 15 aos 29 anos ( principalmente em contextos como o moçambicano)? O crédito bancário requerer garantias (preferencialmente patrimoniais) e jovens nessa faixa etária não me parecem ser um público muito apetecível para o crédito, visto que, em geral (ainda considerando Moçambique como exemplo) , não dispõem de "muitas" garantias reais para contrair crédito bancário.

Deisy Pinto

Civil Engineer | Project Manager | Msc Renewable Energy and Power Systems Management 2024/25 Chevening Scholar

4 a

Só li verdades... Excelente post

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