CRACK – A DROGA DA MUDANÇA SOCIAL

CRACK – A DROGA DA MUDANÇA SOCIAL

 

 Obtido a partir da mistura de coca com bicarbonato de sódio e água o crack é, hoje, no Brasil, a droga que tem maior repercussão na mídia, tanto por ser a droga que tem maior poder destrutivo ao usuário como pela ineficácia de uma Política Pública. 

 Obstante o crack ter um poder devastador para o usuário, o álcool é, ainda, a droga que mais causa prejuízos à sociedade. O crack disseminou-se, não somente nas grandes cidades, mas adentrou ao interior do Brasil; segundo o observatório Nacional do Crack mais de 90% dos municípios brasileiros têm problemas com a droga, no Paraná de 379 municípios consultados, dos 399 existentes, 349 apresentaram complicações com o crack.   

Não há que negarmos que a crescente onda de criminalidade tem relação direta com o aumento do número de usuários do crack, estima-se, segundo o jornal “Estado de São Paulo”, mais de 2 milhões. Dos mais de 50 mil homicídios no Brasil, 56% são relacionados ao tráfico de drogas. O homicídio (57%) é a principal “causa mortis” do usuário de crack, seguido pela AIDS (26%) e overdose (9%)¹.   

O crack torna-se uma droga de mudança social pelo poder altamente destrutivo que causa na estrutura familiar e da sociedade, mulheres e crianças tem aceso fácil a esta substância psico-ativa e com idade cada vez menores, o seu preço não é caro, comparativamente às outras drogas. O fracasso da Saúde e de uma Política sobre Drogas só não é maior do que a destruição que o crack causa a seu usuário.  

Está mais do que em tempo de mudarmos o rumo desta epidemia social e moral gasta-se 4,9 bilhões para manter prisões e unidades de cumprimento sócio-educativas ², temos que investir mais em Prevenção e Tratamento, a longo prazo são muito mais baratos do que a prisão e, colocar o usuário/pequeno traficante, estigmatizado e excluído socialmente em uma prisão, é uma Política estúpida e burra, achar que programas de redução de danos, nos locais onde o usuário está acostumado a “usar” irá ajudá-lo é insano e tende ao fracasso. Somente com uma Política Pública sobre Drogas participativa entre o setor Público e a sociedade civil organizada visando, não a segregação, mas, sim, a reinserção social do dependente em crack é que podemos combater e obter resultados positivos frente a este flagelo social.  

¹- Ribeiro, Marcelo – O tratamento do usuário do Crack.

²- Anuário Brasileiro de Segurança Pública.  

Matéria publicada em 24/11/2014 na coluna "Vamos Falar sobre Drogas?"no jornal on-line Paraná Portal/UOL.

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