CRIAÇÃO DE RIQUEZA

CRIAÇÃO DE RIQUEZA

O meu amigo João Welsh, ilustre empresário, confidenciou-me, há tempos, que durante muitos anos tinha feito a seguinte pergunta a muitos e ilustres economistas: “Como é criada a riqueza?”. Durante muitos anos, não encontrou uma resposta cabal para a sua dúvida. Achei curioso. Despertou-me a curiosidade para investigar, tentando encontrar uma resposta que compaginasse com a que, ao fim de muito tempo, lhe tinha sido enunciada pelo grande economista Hernani Lopes, numa das suas conferências.

A criação de riqueza, julga toda a gente, envolve um conjunto de técnicas e estratégias para gerar mais recursos financeiros, seja para uma pessoa, uma empresa ou um país.

O conjunto da riqueza mundial criada é uma variável económica que permitiu, nos últimos séculos, mas, em especial, nas últimas décadas, apesar das sucessivas crises económicas e financeiras, uma elevação do PIB que possibilitou “acomodar” o aumento de população mundial.

Normalmente evocam-se factores como: o aumento da produtividade nos fatores de produção; o desenvolvimento intelectual da mão de obra; a criação de novos produtos e serviços; o aparecimento de novas tecnologias.

Outra fonte de riqueza é o surgimento de novas fontes de receitas pela criação de produtos ou serviços inovadores.

A inovação cria riqueza que poderá ser distribuída por toda a economia.

Considerando cada individuo “per si”, as principais vias de acesso à riqueza serão as clássicas: criação de riqueza no trabalho e a criação de valor nos investimentos, eficiência operacional, melhoria de margens e aumento do lucro. Isto considerando gente honesta e séria que vive do esforço do seu trabalho…

Com o aumento da produtividade, é possível aumentar as margens de lucro, quer seja através da “margem bruta” (relacionada ao custo das mercadorias e dos serviços vendidos), quer seja pela margem operacional (que também leva em conta as despesas).

Se se utilizar o recurso ao financiamento para adquirir os activos necessários, considera-se “riqueza passiva” a que for criada (não advém directamente do trabalho, mas da rentabilidade financeira do capital investido).

Está, ainda, em falta um factor que é primordial nesta equação: o conhecimento. Conhecimento que é o que, fundamentalmente, nos distingue do homem primitivo.

Os seguidores de John Maynard Keynes consideram que, para a criação de riqueza, é necessário a expansão do crédito a juros baixos (“dinheiro barato”). Há quem defenda que o importante é a posse de recursos naturais.

Adam Smith viu a criação de riqueza como a combinação de materiais, trabalho, terra e tecnologia de forma a obter lucro. David Ricardo, John Locke, John Stuart Mill e, mais tarde, Karl Marx (no século XVIII e no século XIX), construíram visões económicas a que chamamos “economia clássica” e “economia marxista”.

Por outro lado, sendo o dinheiro uma invenção relativamente recente, não é condição “sine qua non” para a definição de riqueza. Quando muito é um meio de “movimentar” a riqueza.

Podemos, então, inferir que riqueza é a abundância de bens materiais (dinheiro, títulos, propriedades móveis e imóveis). Riqueza, como diria uma conhecida “socialite” portuguesa, é o contrário de pobreza, embora isso não seja verdadeiramente certo: o oposto de pobreza é a “suficiência” (em alimentação, abrigo, educação e atendimento em saúde).

Aqui chegados, verificamos que está por responder a dúvida do meu amigo João Welsh: em que momento é que se começa a criar riqueza?

Ouçamos, então, a opinião do ilustre economista Doutor Hernani Lopes (Lisboa, 20 de Fevereiro de 1942 — Lisboa, 2 de Dezembro de 2010). Hernani Lopes, licenciado em Ciências Económicas e Financeiras pelo actual ISEG (Prémio D. Dinis atribuído aos alunos com melhores notas), ingressou no Banco de Portugal, em 1967. Integrou o Serviço de Estatística e Estudos Económicos do Banco; como assistente técnico (de 1967 a 1974), e como diretor, até 1975. Foi assistente do ISCEF, entre 1966 e 1974. Foi chefe da Missão de Portugal junto das Comunidades Europeias, de 1979 a 1983. Doutorou-se em Economia, pela Universidade Católica Portuguesa, em 1982, assumiu o Instituto de Estudos Europeus desta universidade (a partir de 1996). Foi Ministro das Finanças e do Plano no IX Governo Constitucional entre 1983 e 1985, negociou a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE) e aplicou o programa do FMI no país no início dos anos 1980. Coordenou dois importantes trabalhos científicos para melhorar as políticas de Portugal. Um sobre TURISMO, apresentado em fins de 2004, o outro "HYPERCLUSTER DA ECONOMIA DO MAR", em 2007.

Então o que disse Hernani Lopes que tanto impressionou o meu amigo João Welsh?

Disse, mais ou menos o seguinte: “Uma mina de ouro não gera riqueza. Os mineiros podem minerar noite e dia. A riqueza é gerada quando o ouro é retirado da mina e posto no mercado. Isto é, o que gera riqueza é o movimento”. 

No exacto momento em que o bem ou serviço se desloca para quem dele necessita, começa a gerar-se riqueza. Parece simples, mas é absolutamente verdadeiro. É o movimento o gerador da riqueza potencial.

Estava desfeita a dúvida do João Welsh. E a minha, induzida pelo meu amigo João.

Diamantino José Teixeira Ribeiro

Ph.D Economia, “Economista Conselheiro” Ordem dos Economistas - Portugal, Docente Universitário nas áreas da Economia e Gestão, Vice Pres. Assoc. Mundial de Turismo Saúde e Bem-Estar Pres. Assoc. Positive Life

2 a

Muito interessante…. Parabéns Zé

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