Criatividade e Escola: Caminhos incompatíveis?
Em resposta a artigo do mesmo nome, comecei a escrever este comentário que de tão cumprido acabou virando um post. Valia a pena fazê-lo.
A discussão vai longe, tem muito o que ser dito.
E há, ainda, muito mais a ser feito.
As escolas, como as conhecemos hoje em dia, seguem "escolas" (de pensamentos e filosofias) pedagógicas. Trilham, por assim dizer, caminhos impostos de escopos conhecidos, de ideologias pré-estabelecidas.
A verdade conhecida, da qual as bibliotecas estão repletas. O 'conhecimento' explícito, fixo. Imagem da verdade captada quando escrita. Fantasmas.
Sem sustos.
A criatividade e a inovação, por definição são o desconhecido.
Queremos ensinar para verdades desconhecidas? Teríamos antes, que quebrar paradigmas seculares, entre o ensinado e aprendido, modos testados (formas e atitudes). Acolher o processo criativo do racionalismo de Spinoza ao romantismo Nietzschiano. E mostrar como não acontecem cataclísmas ao criar pontes entre fatos e valores. Novos.
Paradoxalmente, de verdades desconhecidas as bibliotecas estão repletas, de sementes em forma de informação.
Com sustos... muitos.
Na escola, os professores serão os guias facilitadores. Eles deverão saber como, e instigar o uso das ferramentas que permitirão abrir as portas para grandes criações. Antes de tecnologias e muletas extra-corpos; o cérebro, como instrumento básico e principal de qualquer questionamento criativo.
Longe da linha de produção seriada, a possibilidade da criação. Nem precisa ser genial, seria única, e a partir dela, a genialidade então seria possível.
Conseguiria-se assim uma quebra de padrões e hierarquias. O indivíduo como parte de um coletivo maior de unidades únicas. A aspiração comum sendo o progresso e desenvolvimento de cada elemento desses coletivos, aproveitando as diferenças como molas construtoras.
As crianças são naturalmente mais abertas à criatividade. Sua fé infantil não teme a aprendizagem quando apresentada com habilidade, paciência e sabedoria. Ao reconhecer o outro, como igual e com o igual fazer parceria no desenvolvimento de ideias e resultados, o respeito e a troca se tornam muito mais fáceis. A nossa visão de mundo se alarga ao incorporar a visão do "outro" e o mundo visto se tornar 'nosso'.
Os antigos pedestais que criavam hierarquia na escola seriam extintos quando todos se descobrissem, e aceitassem ser, aprendizes.
Os sustos se transformam em surpresas.
É esta flexibilidade conseguida com o aprendizado e exercício do livre pensar, o questionamento fractal. A escola, assim, pode entrar como porto de partida para essa grande aventura.
Qual a mediação possível?
É difícil pensar e falar a respeito de individualidades se o fizermos dentro dos padrões comuns desta nossa massificada sociedade industrial. Não que ela seja má, ela foi/é passagem obrigatória. Ela foi, nós ficamos, e o mundo mudou.
Então, seguindo os padrões atuais tudo deve estar dentro de normas e conformidades, pesos e medidas de controle e qualidade, para ser usado -consumido- por individualidades únicas. Diferentes todas entre si.
Um contra-senso que ninguém, a não ser criativos, discutem.
Não haveria mais as amarras de temor, pois aceitar, somar e compartilhar o que de novo vier de todas as direções possíveis seria o natural. Ensinaria-se desde tenra infância. Perceber, usando associações gestálticas (sic), o tempo do outro e ir ao seu encontro para ampliar o horizonte de todos, deixará de ser o grande desafio. A descoberta de significados em coisas e fenômenos que a maioria considera certos. Estáticos.
E todos os dias as condições certas para a frutificação do novo.
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Publicado originalmente no blog Tentativa e Erros em 12 de novembro de 2014
Auxilio no uso da Informação como matéria-prima para a produção de Conhecimento e Inovação. Faço da Memória Institucional e valorização do Capital Intelectual meio de fortalecimento de Identidade e Cultura Organizacional
8 aOl@ Lionel Bethancourt... que bacana seu comentário ao meu post. Muuuito obrigad@ por tamanha troca e compartilhamento! Abs e é muito bom ter interlocutor como vc!