A criatividade no futuro

A criatividade no futuro

As pessoas eram mais criativas quando tinham menos recursos. Por exemplo, quando os artistas não tinham acesso a materiais de pintura de qualidade, eles usavam o que tinham à mão, como tintas caseiras feitas de pigmentos naturais e óleos. Isso os forçava a pensar fora da caixa e a criar novas técnicas de pintura. De forma similar, os músicos que não tinham acesso a instrumentos de qualidade eram forçados a criar seus próprios instrumentos ou a usar instrumentos improvisados. Isso os obrigava a serem mais criativos ao compor suas músicas. Pensar fora da caixa em momentos de escassez de recursos pode levar à criação de novas tecnologias e inovações. Vivemos, entretanto, em um mundo que nos dá a sensação de que tudo já foi criado. Quando temos acesso a tudo a distância de um clique, às vezes fica mais difícil ser criativo e pensar fora da caixa. Na antiguidade, havia o conceito de ócio criativo. A idéia era que as pessoas eram mais criativas quando tinham tempo para pensar e não estavam ocupadas trabalhando ou realizando outras tarefas. Isso dava a elas a oportunidade de serem mais reflexivas e de pensar em novas idéias. Hoje, é difícil ter tempo para o ócio criativo, mas espaços para a reflexão podem ser criadados entre uma série nos serviços de streamming e outra. Todavia, desde já, devemos exercer a criatividade otimizada. Para assumir esse papel, precisamos pensar em como fazer o máximo com o mínimo. É interessante ver que o novo conceito de criatividade entra em sintonia com o mundo em que vivemos hoje, no qual a iminencia de escassez de recursos naturais é uma realidade. A criatividade para um desenvolvimento minimamente sustentável é importante para criar inovações que reduzam o impacto ambiental de um projeto ou produto.

Quando eu era criança, eu sonhava com o ano 2000 como no desenho dos Jetsons, onde todos tinham carros voadores e robôs em casa, mas na verdade o mundo depois do ano 2000 não é nada parecido com isso. Claro, que em muitas inovações William Hanna e Joseph Barbera acertaram. Porém nunca chegamos ao nível de futurismo do desenho.

Havia quem pensasse o mundo do terceiro milênio como um cenário apocaliptco. Apesar do exagero, algumas profecias se tornaram realidade. O crescimento da população mundial, a poluição, as guerras, a fome e a miséria ainda são problemas atuais. Tudo isso faz crer que estamos mais próximos do caos do que do futuro promissor idealizado.

Talvez, no futuro, ao invés de termos carros voadores como em os Jetsons, teremos produtos e soluções mais simples e criativas para os problemas do dia-a-dia, tais como bicicletas que se dobram para serem levadas para dentro de casa, roupas que se limpam sozinhas, dentre outras. Provavelmente, no futuro, não tenhamos sequer recursos para construir carros voadores. Deveremos, então apostar no simples. A experiência com poucos recursos fez surgir uma das mais importantes escolas de arte, a Bauhaus. Na Alemanha devastada pelo pós-guerra ela se propôs a fazer arte de maneira mais funcional com muito com pouco. A crise, então, é uma mola propulsora a criatividade. Em tempos de prosperidade, as pessoas tendem a se acomodar e deixar de lado a criatividade. Já em tempos de crise, as pessoas tendem a ser mais criativas, pois precisam encontrar soluções para os problemas que enfrentam. Pensar no futuro não é necessariamente pensar no avanço da tecnologia. Pensar no futuro é pensar em como as pessoas viverão, o que elas farão e como elas se relacionarão umas com as outras. Quem sabe, nos próximos anos a tecnologia evoluirá a tal ponto, que a gende inovação será retornar para livros físicos, lojas em shoppings lotados próximos de datas especiais e, de repente a voltar a usar dinheiro de papel. Será que estamos mesmos fadados a "viver um museu de grandes novidades"?


André Jales Falcão Silva - Para o LinkedIn.

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