Cuidado com a sua comunicação. Pode ter "boi na linha"!

Sabe aquelas conversas truncadas em que falamos algo e o outro entende completamente o oposto? E o pior, ainda reage de maneira totalmente dissonante ao que, de fato, foi comunicado? Tem gente que até fala: “Meu Deus, que papo de maluco”; 

Pois é… mas tem uma expressão que define bem esse tipo de interação - “tem boi na linha”. Você nunca escutou alguém falando isso? Será que é uma expressão somente da minha época? Bom, para a galera mais nova, aqui vai o significado - “Metáfora popular para explicar algum problema de comunicação. Normalmente ligado ao não-entendimento ou dificuldade de entendimento de uma mensagem.” 

Vixi! Então, temos mais é que fugir desse boi. Mas como? Correndo. Isso! Correndo de palavras de duplo sentido, de expressões não claras, de sentenças sem pontuação, de entonação que não expressa o sentimento contido naquelas palavras, da exasperação na emissão de cada sílaba, entre tantos outros motivos que impossibilitam a fluidez no processo de comunicação. 

Mas para que a corrida surta efeito, primeiro temos que entender o significado de comunicar. Afinal de contas, não é simplesmente a emissão de algo ao vento. 

Comunicar vem do latim comunicare, que significa “pôr em comum”. Ou seja, o ato de comunicar é compartilhar ideias, pensamentos e conhecimentos; é emitir opiniões para que sejam debatidas; é informar algo à alguém. Traduzindo: é colocar para o outro aquilo que está dentro da sua cabeça. 

Acontece que nem sempre essa emissão é clara. Há todo um contexto que pode interferir no momento que falamos até o recebimento da mensagem. Igual à corrida, ela pode ter que enfrentar obstáculos durante o caminho. 

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO - QUAL O MISTÉRIO?

Mas, me conta… qual, então, o mistério na comunicação? Não é somente alguém falar e o outro escutar? De forma super resumida, sim. 

Na teoria, o processo de comunicação segue um esquema: emissor - mensagem - receptor. No meio disso, há um canal pelo qual enviamos as informações. Acontece que esse emissor utiliza códigos para formular e emitir a mensagem, bem como o receptor utiliza os seus para decodificar. No entanto, esses códigos variam de pessoa para pessoa. Eles dependem do objetivo da mensagem, do contexto em que ambos, emissor e receptor, estão inseridos, do “background” de cada um, do momento/sentimento em que a fala é emitida bem como quando ela é recebida, e por aí vaí… E nessas idas e vindas é que, muitas vezes, o ruído acontece, interferindo na compreensão da mensagem e na formulação do feedback.  E quando eu falo em ruído, não estou limitando a parte escrita e oral; comunicação corporal também sofre essas intempéries. 

TODO CUIDADO É POUCO…

Sim. Depois dessa rápida e simplificada explicação, eu diria que toda vírgula ou toda cruzada de braço deve ser observada. É um casamento...os símbolos têm que estar em sintonia com os sentimentos e comportamentos para que um não vá de encontro ao outro. 

E por que eu falo isso? Porque as palavras te definem. Tudo aquilo que você emite simboliza quem você é. Há um peso em cada sentença proferida ou em cada movimento do corpo. Se as tuas palavras não coincidem com as tuas atitudes, a mensagem será recebida com desconfiança, e essa desconfiança produzirá uma repulsa por parte de quem as recebe. 

Você já percebeu como as pessoas arrogantes comunicam? Por mais que tentem domar o seu ego, em algum momento ele acaba entregando quem de fato a pessoa é. É o tal negócio - “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”. Ao contrário das pessoas simples que se mostram por completo. 

Claro que não é regra geral, até porque para toda regra há exceção. O que eu quero dizer é que as pessoas precisam prestar mais atenção no discurso que sustentam ao longo da vida. Não é o uso de palavras rebuscadas que mostra a sua grandiosidade e o seu conhecimento. 

A mensagem para ser compreendida precisa se ater a alguns detalhes: 

• Para quem emite - não seja prolixo; use palavras inteligíveis independente da pessoa com a qual você está falando; saiba exatamente o que você deseja transmitir; use uma entonação correta; preste atenção na dicção; fale pausadamente; respire; preste atenção nos movimentos corporais. 
• Para quem recebe - preste atenção no que está sendo transmitido; primeiro escute com atenção, depois emita opinião; respeite o emissor e a mensagem; deixe o julgamento precipitado de lado; cuidado com as expressões corporais. 

Esses são alguns pequenos exemplos que podem contribuir para melhorar a sua comunicação. Não é uma regra. Até porque esse processo engloba inúmeros fatores e ocorre de diferentes maneiras e meios. 

A questão principal, para mim, é: eu comunico com verdade? A minha comunicação é clara ou “tem boi na linha”? Eu expresso exatamente o que eu sinto ou a minha entonação/emoção/sentimento me denunciam? Sou coerente na minha fala? Permito que o outro expresse suas opiniões e sou receptivo, por mais que não concorde, ou eu tento, a todo instante, fazer com que o outro aceite a minha verdade? 

Eu sei que são muitas questões para reflexão, mas é preciso prestar atenção a cada uma das respostas. Se você quer ser bem entendido, avalie a si mesmo e a sua comunicação. O teu processo dependerá de cada uma delas.

E aí: a tua comunicação expressa claramente o teu eu ou vai contra tudo aquilo que você prega?