1 ano de pandemia! E olha onde estamos...

1 ano de pandemia! E olha onde estamos...

Há cerca de um ano, mais precisamente no dia 17/03/2020, nos confrontamos com um cenário de filme de ficção científica - um vírus, com alta capacidade de transmissão e infecção, que já tinha “arrebatado” milhares de vida na China e no “Velho Mundo”, chegava ao Brasil. Sem muitos conhecimentos sobre a doença em si, como se transmite, quais os sintomas e como tratar, a única certeza 100% era o seu nome - COVID-19! 

Em questão de horas, chegou o anúncio que mudaria por completo a nossa rotina e as nossas vidas - todo cidadão brasileiro teria que ficar recluso, trancado em casa, sem contato com ninguém, como pássaros presos em gaiolas. Uma onda de desespero atingiu todas as casas e, como se estivéssemos nos preparando para uma guerra, corremos para os supermercados para comprar  (estocar diga-se de passagem) comida e afins, afinal de contas não sabíamos o que nos esperava. 

Mas as mudanças não pararam por aí… uma paisagem desoladora tomou conta das ruas, como se estivéssemos em um set da série “The Walking Dead”: tudo vazio, portas fechadas, o colorido de outrora foi substituído pelo cinza do concreto desabitado, o barulho dos carros e das vozes deu lugar a um silêncio estarrecedor, os abraços e beijos foram sufocados e substituídos por acenos frios e longínquos, e a alegria foi suplantada pela tristeza das perdas que começaram a aparecer no noticiário. 

“Tá, e agora, o que fazer?” Essa foi a pergunta que começou a transitar pelos nossos pensamentos. Sem saber, exatamente, em quem acreditar, em qual notícia confiar, tateávamos no escuro à procura de respostas - muitas das quais nem sequer chegaram. Os dias foram passando, empresas fechando, pessoas perdendo seus empregos, fome por todos os lados, o sistema de saúde entrando em colapso (ainda mais) e as mortes aumentando. 

Mesmo com todos os (poucos) aprendizados vindo daqueles que já estavam no meio do furacão, e, até mesmo, já saindo do redemoinho, não conseguimos conter o avanço da situação que se mostrou (e ainda se mostra) catastrófica. 

Como diz uma amiga minha: “É a pandemia do não sei… não sei se uso ou não a máscara, não sei se o isolamento, de fato, funciona, não sei se tomo cloroquina ou azitromicina, não sei….”. E enquanto ninguém sabia de nada, uns formularam teorias da conspiração e negaram a situação, e outros se mantiveram fiel à Organização Mundial da Saúde e seguiram à risca o protocolo. 

Os meses que seguiram foram uma total montanha-russa colorida - fase vermelha, fase laranja, fase amarela,  fase verde, fase azul… e ups! volta para fase vermelha! O cansaço começou a chegar… mas, eis que surge uma luz no fim do túnel: a tão sonhada vacina surgiu no horizonte da esperança perdida… E aí foi o erro mais grave de todos: por acreditar que estávamos a salvo, as pessoas tomaram a liberdade de não obedecer às regras, de ter de volta a vida de antes, de respirar livre, leve e solto...e cá estamos nós, um ano depois, pagando a conta! Alta por sinal… 

Paro para refletir sobre tudo o que passou, sobre todas as vidas que perdemos, sobre todos os sonhos despedaçados com a crise econômica, sobre os abalos emocionais a que todos nós estamos expostos (e que, com certeza, ainda perdurarão por muito tempo), e sinto como se estivéssemos no desenho “A Caverna do Dragão”, onde as crianças, cada vez que avistavam o portal para voltar para casa, eram impedidas pelo Vingador. Se fizéssemos um comparativo, é como se nesses 365 dias nós vivêssemos em um looping constante: quando achamos que o portal para a retomada da vida “normal” vai se abrir e vamos conseguir atravessá-lo, vem uma nova cepa e começamos tudo outra vez. 

E como se não bastasse a cepa que muda a todo instante, ainda temos que considerar o desenvolvimento e a colaboração do fator humano nessa equação. A contar com a boa vontade alheia, com a cooperação do próximo, com o respeito a quem está na linha de frente e a caridade a quem mais nada tem. Acreditei, piamente, que sairíamos melhor, mais evoluídos dessa situação, mas pelo “andar da carruagem” percebo o meu engano. Infelizmente, tudo foi aflorado - quem era bom, continuou sendo; quem era egoísta, ficou ainda pior. É meus amigos, as pessoas só dão aquilo que tem internamente, não adianta….

Por tudo isso, é difícil manter a fé e a esperança, mas elas são as nossas únicas companhias diante de um futuro incerto. Se eu deixá-las ir… o que me resta esperar? A vacina? Sim… essa eu espero ansiosamente, mas enquanto ela não chega (lembrando que tenho 44 anos, então é só fazer as contas do total de vacinas que temos X a população brasileira para entender o meu desânimo), o negócio é continuar com a máscara, com a higienização e com o isolamento. Fazer o quê?

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