Cuidados Perioperatórios em Oncologia sob a ótica do Especialista - Fisioterapeuta
Bruno José Gonsalvo - Fisioterapeuta

Cuidados Perioperatórios em Oncologia sob a ótica do Especialista - Fisioterapeuta

Vamos diretamente conhecer mais de Araraquara (São Paulo) e região... Coordenador Regional do Departamento de Fisioterapia da Hapvida NotreDame Intermédica Unidade Araraquara e São José do Rio Preto (SP), nosso entrevistado é Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia Hospitalar pelo Hospital Israelita Albert Einstein e Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva COFFITO - Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional / ASSOBRAFIR / Hospital Servidor Público Estadual- SP. Tem ampla experiência em pacientes graves de terapia intensiva, principalmente pelo seu belo trabalho durante o período crítico da pandemia por COVID-19, o Bruno Jose Gonsalvo vem para esse bate-papo com a missão de discorrer sobre cuidados perioperatórios em Oncologia.

Marcos G. Adriano Jota, MD, TSBCO, TCBC, FACS : Feliz de você aqui conosco para trazer a idéia de Araraquara e região sobre esse tema, assim como poderemos ouvir mais sobre a sua expertise em terapia intensiva: boa parte das nossas cirurgias de grande porte fazem esse pós-operatório imediato na UTI. O que são cuidados perioperatórios em Oncologia sob a ótica de um fisioterapeuta? Cite exemplos de como a sua especialidade pode e deve intervir nesta jornada cirúrgica de cuidado.

Bruno Jose Gonsalvo : Os cuidados perioperatórios em Oncologia, do ponto de vista da fisioterapia intensiva, indica que serão 3 fases ou etapas de intenso cuidado:

  1. FASE PRÉ OPERATÓRIA - é aquela voltada para otimização de funcionalidade com ganho de massa muscular, estabelecimento e manutenção de volumes e capacidades pulmonares. Cuidadosamente devemos direcionar para a melhor preparação do grau de funcionalidade individual, buscando atividades terapêuticas que se aproximam das atividades de vida diária do próprio indivíduo. Atingir o melhor potencial de capacidade do sistema cardíaco e pulmonar, a manutenção dos volumes e capacidades pulmonares, melhorar o desempenho e trabalho cardíaco. É uma fase de conhecimento, interação paciente e terapeuta, momento de traçar objetivos para as próximas fases que se seguem.
  2. FASE INTRA OPERATÓRIA, HOSPITALAR E OU FASE DE INTERNAÇÃO - a busca de informações com equipe multiprofissional juntamente com as técnicas cirúrgicas utilizadas. O conhecimento amplo da situação se faz necessário para início imediato da reabilitação pós operatória, objetivos voltados para controle das principais causas de hipoxemia (shunt/hipoventilação/difusão/alteração ventilação-perfusão), consequência por vezes de anestésicos, e também para a retirada precoce do leito. Mediando esses dois claros objetivos, devemos utilizar recursos que estabeleçam um plano terapêutico robusto e promova impacto direto nessas condições. No momento da alta hospitalar, os pacientes que restabelecem o melhor grau de funcionalidade (determinado por escalas especificas) são aqueles que retornam mais rápido para as atividades básicas de vida, retorno precoce as atividades laborais, obtém redução do grau de dependência, diminuem as chances para uma possível reinternação. Em análise mais crítica, o perfil de melhor desempenho funcional consegue promover alteração (melhora) na curva de mortalidade. Esse processo compreendo ser o ponto mais crítico a se superar.
  3. FASE PÓS CIRÚRGICA OU PÓS HOSPITALAR - Momento para comparar quais efeitos ou complicações ficaram presentes das fases anteriores, avaliarmos aquilo que era basal de funcionalidade e condição cardiopulmonar, assim como entendermos que o ganho de funcionalidade será sempre um objetivo diário.

Marcos G. Adriano Jota, MD, TSBCO, TCBC, FACS : Interessante seu posicionamento global, mas ao mesmo tempo com subdivisões de acordo com a etapa temporal, em relação a cirurgia, na qual o paciente está localizado, o que permite organizar o pensamento e foco de atuação. Cada momento, seja antes da cirurgia, durante a internação para o procedimento e após a alta hospitalar, requer um atuação própria com resultados específicos. Entendo como necessária uma equipe de saúde robusta para adequada atuação. Nesse sentido, como a colaboração entre as diferentes especialidades da equipe de saúde impacta no plano de tratamento perioperatório e nos resultados após cirurgias oncológicas?

Bruno Jose Gonsalvo : Acompanhamento multiprofissional coloca o paciente no centro do cuidado! Permite que diferentes especialidades e especialistas, todas elas integradas entre si, desenvolvam assistências com forte tendência para encontrar os melhores desfechos. Melhorar o desfecho consiste em gerar resultados finais satisfatórios da assistência prestada e ofertada ao paciente. Estabelecer metas e objetivos a curto, médio e longo prazo diretamente com paciente e seus familiares é ferramenta importante desse cuidado. As diferentes especialidades juntas, tem por objetivo promover segurança durante todo processo perioperatório e de acompanhamento.

Marcos G. Adriano Jota, MD, TSBCO, TCBC, FACS : A idéia, concordo com você, é essa mesma: "assistências com forte tendência para encontrar os melhores desfechos". Com o foco nesse objetivo de cuidado, melhores desfechos, quais são os principais desafios que os Fisioterapeutas enfrentam na jornada de cuidados perioperatórios e como você acredita que podemos superar essas dificuldades?

Bruno Jose Gonsalvo : Devemos estar continuamente buscando capacitação, otimizar a necessidade de treinamentos específicos, ter o devido preparo para diversos cenários de reabilitação, utilização de recursos que tragam engajamento do paciente, buscar clareza no propósito da reabilitação, traçar objetivos, trabalhar sob expectativas do paciente, desenvolver e trazer soluções sobre o bem mais valioso de qualquer ser humano, que é a saúde. Ter respeito, compreensão, gerar acolhimento e promover humanização. O uso da inteligência artificial é um grande aliado a ser explorado pelos profissionais, conseguimos melhorar a interação e o engajamento do paciente e seus familiares.

Marcos G. Adriano Jota, MD, TSBCO, TCBC, FACS : São realmente muitos desafios pontuados e, como prioridade de atuação, eu vejo que devemos investir em estudar recursos que tragam engajamento do paciente, visto que pacientes que compreendem o propósito das nossas orientações tendem a cumprir com mais afinco aquilo que pedimos e, com isso, em geral apresentam melhores desfechos. Sem dúvida, esses pacientes vão melhor. Por fim, puxado pelo que eu disse, como você avalia a importância da experiência do paciente dentro do contexto dos cuidados perioperatórios em Oncologia e de que maneira isso influencia sua abordagem clínica?

Bruno Jose Gonsalvo : Costumo pensar que a experiência do paciente está relacionada a conceitos de PROMS e PREMS. A forma que esse paciente percebe seu estado de saúde e bem estar, funcionalidade, independência, pensamentos frente seu retorno as suas atividades, ou seja, qual o desfecho final que ele paciente consegue medir. Toda sua jornada de experiência dentro desse processo de cuidado, examinando elementos práticos e estruturais, como as instalações, equipamentos e qualidade técnica da assistência. Profissionais que formarem e buscarem pilares baseados nesses preceitos considerados acima, apresentam melhores desfechos finais, consequentemente mostram melhores resultados nesse perfil de pacientes.

Marcos G. Adriano Jota, MD, TSBCO, TCBC, FACS : Graças a Deus já estamos evoluindo para essas avaliações (PROMs e PREMs) como desfecho. Agora deixo o espaço livre para suas considerações finais.

Bruno Jose Gonsalvo : Agradecer em especial ao amigo Dr Marcos Adriano pela confiança, parabenizar pela iniciativa e ao mesmo tempo agradecer a oportunidade em transmitir um pouco do pensamento sobre a reabilitação desse perfil de pacientes. Admirado com a oportunidade concedida. Conte sempre comigo.

Marcos G. Adriano Jota, MD, TSBCO, TCBC, FACS : Bom demais te escutar, mesmo que nesse breve tempo, e ver como um tema tão importante pode ser abordado pela equipe de saúde de uma forma holística. Mostrar a importância de cada integrante da equipe de saúde, aqui neste bate-papo com a visão da Fisioterapia, engrandece e enriquece o propósito de cuidado diário. Nós podemos fazer, juntos, mais e melhor, sempre!


Até a próxima meus amigos.

Marcos G. Adriano Jota, MD, TSBCO, TCBC

CREMESP 147737 / RQE 40999

Surgical Oncology, São Paulo (Brazil)

Brazilian Society of Surgical Oncology (BSSO) - National Director

Bruno Jose Gonsalvo

Coordenador RT Hapvida Araraquara e Rio Preto Especialista Unidade de Terapia Intensiva Adulto COFFITO/ASSOBRAFIR

9 m

Obrigado pela oportunidade do nosso bate papo amigo Marcos G. Adriano Jota, MD, TSBCO, TCBC , como te pontuei antes, sua iniciativa é fantástica, uma ação pertencente á grandes líderes como vc! Gratidão! Vamos juntos e em frente!!

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