Cuidado..seu telhado pode ser de vidro
"Aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra." (Jesus Cristo)
"Penso, logo existo." (Descartes)
"Livre pensar, é só pensar." (Millor Fernandes)
Começo meu texto com essas três frases que adoro e, para mim, fazem todo o sentido no contexto de "cancelamento" que está sendo atribuído ao Nubank e sua Co-Funder: a maravilhosa Cristina Junqueira.
Cristina foi brilhante na sua entrevista. Das poucas C-Level que tem no seu discurso, o entendimento da importância da Diversidade & Inclusão na estratégia de uma empresa, não tirem este mérito, ela lacrou neste quesito.
Já participei de muitos eventos com CEOs e presidentes tentando, toscamente, falar em D&I. Talvez, eles não se deem conta, mas para quem domina o assunto, suas falas tornam-se obtusas, descontextualizadas e decoradas. Do alto de sua soberba, ditando sentenças sobre suas plateias. Cabem em uma mão, aqueles que falam com propriedade sobre o tema.
O que veio à tona na fala da Cristina foi o que denominamos de “viés inconsciente”.
Bom lembrar que quem pensa, tem viés. Eu, você. Enfim, todo ser humano tem viéses.
Em menor ou maior grau, somos homofóbicos, capacitastes, machistas, etaristas e racistas. Fazendo ou não parte destas populações minimizadas, somos todos preconceituosos. Difícil é admitir.
D&I é uma jornada. Nesta pauta, não teremos resultados do “dia para a noite”. Leva tempo, custa caro. É uma LONGA jornada.
Aqui não estou defendendo a fala racista da Cristina. Ela errou. Ato seguinte, retratou-se. Uma retratação pública, humilde, sincera, coberta de dignidade.
Quantos lideres têm o posicionamento de reconhecer um erro e pedir desculpas?Quantos?
Sobre o episódio, foram tantos os posts que passaram na minha timeline cuja conta perdi. De “gurus” da D&I trazendo soluções milagrosas, a hunters especializados afirmando que no “seu” banco de dados existem milhares de perfis profissionais que atenderiam qualquer requisito estabelecido por qualquer empresa. Todos podem ajudar, eu não tenho duvidas. Porém, a solução para essas desigualdades não está somente aí.
Soluções empresariais não devem ser a única solução. Lamento não ter visto ninguém clamando por politicas públicas que consigam mudar o cenário de injustiças sociais, por ações governamentais que pudessem atingir todos os cidadãos, por aqueles marginalizados pela sociedade, esquecidos por todos.
Eu acredito no PODER da educação e da sensibilização. Eu acredito na transformação do mundo em um mundo melhor. O que você está fazendo? Cancelando sua conta no Nubank? Despejando seu ódio em redes sociais?
Eu teria uma sugestão: quando você cancelar sua conta no Nubank, busque saber qual a demografia do perfil dos profissionais que trabalham no banco que você escolher. Se você conseguir acesso aos dados, analise como está a representação desses profissionais na estrutura organizacional, busque saber dos projetos sociais apoiados e quantos são os beneficiados, busque saber sobre o perfil dos correntistas.
Eu arrisco dizer que serão muito diferentes dos números apresentados pela Cristina durante a entrevista para alguns marcadores sociais, tanto na demografia geral, quanto na distribuição nos níveis hierárquicos. Eu arrisco dizer que poucas ações afirmativas estão definidas. Eu arrisco dizer que pouco ou nada sabem seus executivos dos objetivos sobre D&I.
E, se nada disso bastasse, eu quero parabenizar a Cristina, que, através do seu erro, trouxe esta discussão para mais próximo da sociedade. Neste momento, muitos C-Level estão correndo para saber o que precisam fazer.
Bora ajudar na transformação deste mundo. A hora é agora. É já.
John deere
4 aVdd
Diretora e Consultora Senior
4 aExcelente provocação. Eu tive experiência muito positiva antes da pandemia encontrando no Banco do Brasil pessoas acima de 65 anos atendendo na mesa, usando computador, resolvendo problemas, ativos. Na CEF o programa de jovem aprendiz é valioso para estes jovens que precisam trabalhar enquanto estudam a noite enfrentando todo tipo de exposição e violência. Eu leio relatório do Banco na qual tenho conta. Todos deveriam acompanhar.
Recursos Humanos | HRBP | Labor Relations
4 aExcelente reflexão. 👏
Líder de Comunicação Interna e Assistente da Gerência | John Deere
4 aÓtimos pontos Vlad! Muito bem colocado que D&I é uma jornada, e as pessoas esquecem que por trás disso temos várias questões culturais e viéses que muitas vezes estão tão intrínsecos nas pessoas. Eu mesma já refleti sobre várias coisas que já falei e hoje tenho outra opinião, sobre coisas que nem me dava conta que falava que se tornavam racistas. Mas parece que algumas palavras estão sendo esquecidas, deixadas de lado ou não dadas a devida importância: erro, perdão e ódio! Todos erramos! E acredito que assumir o erro é uma virtude! Perdão! Todos podemos cometer erros e não devemos ser "sentenciados" se admitirmos nossos erros e mudarmos nossas condutas. Ódio! A internet, o fácil acesso, as mídias sociais tem propagado e dado voz ao ódio! Cuidado com os extremos, verdades absolutas e acreditar que jamais irá errar! Todos estamos nesta vida para buscar evolução!
Especialista de Recrutamento e Seleção no Grupo Zaffari
4 aVladimir, importante tuas colocações, e que todos temos os nossos próprios "viéses". Acredito que temos um longo caminho a percorrer quando o assunto é D&I, e, sem dúvida, NÃO acredito que a melhor forma é despejar o ódio, seja em Redes Sociais ou despejar ódio de qualquer outra forma (mesmo em falas veladas). Quanto a fala da Cristina (toda entrevista), sem dúvida é brilhante tecnicamente, porém, na minha percepção, não errou somente na "fala racista". Durante toda a entrevista, exceto questões técnicas, imprimiu um tom elitista, classista e, portanto, discriminatória, inclusive quando falou da faixa etária dos colaboradores, maternidade, e por aí vai.