CUIDANDO DE QUEM CUIDA
Fotos: depositphotos e Pexels

CUIDANDO DE QUEM CUIDA

Aprendi, nos 20 anos de prática psiquiátrica que, guardadas as devidas proporções, tão importante quanto cuidar do paciente é dar atenção às pessoas que o cercam, dirimindo dúvidas e buscando nelas um apoio que será essencial para o melhor resultado do tratamento.

Inúmeras vezes, ouvi de pacientes que me procuravam que não haviam contado sobre esta busca por atendimento a seus cônjuges, companheiros ou, mesmo, familiares. Falta de compreensão da complexidade da mente humana, preconceito, tudo misturado...

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É essencial que quem cerca o paciente, já extremamente fragilizado por aquilo que o está incomodando, entenda o problema que o aflige e como pode fazer para ajudar, em caso de uma crise, ou até na inquietação do dia a dia. É o que chamamos de rede de suporte psicossocial.

Um dos erros mais comuns em que membros desta rede incorrem está em pressionar, ainda que com ótima intenção, o paciente a fazer coisas que ele não quer. Ora, se, antes de apresentar um quadro depressivo, o paciente gostava de ir ao cinema, não será insistindo para que assista a um filme que se estará a ajudá-lo.

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Não é à toa que dizem que ter um cachorro por perto pode ser um dos melhores tratamentos: o animal estará sempre a postos para um carinho, incondicionalmente, e obviamente não fará qualquer julgamento de seu dono...

O primeiro passo para ajudar alguém que está em crise é entender o que está acontecendo com esta pessoa, e evitar qualquer forma de preconceito. A doença não escolhe status econômico, classe social ou grau de instrução. Ninguém adoece porque quer! Mostrar-se disponível é meio caminho andado, mas deve caber àquele que precisa da ajuda pedi-la. E, todos sabemos, pedir ajuda não é, muitas vezes, tarefa fácil.

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Quem integra a rede de suporte do paciente deve estar atento a sinais de uma piora no quadro emocional ou de que uma crise se instalou. Lembrar a este paciente que a vida não é apenas feita de maus momentos é essencial. Um dos malfeitos da depressão, por exemplo, é a distorção cognitiva que leva o paciente a não se lembrar destes bons momentos, e amplificar os problemas.

Para quem sofre de transtorno de pânico, a rede de suporte é ainda mais comum. O paciente, já com medos, costuma levar um acompanhante às consultas. Costumamos dizer que, no pânico, adoecem sempre pelo menos dois – já que um tem de socorrer o outro e buscar auxílio médico, em caso de crise.

A Psicoeducação do paciente e de quem está junto é fundamental para que a rede de suporte de fato ampare o paciente. Se alguém que tem pânico, por exemplo, já esteve algumas vezes na emergência de hospitais, por achar, no momento de crise, que em verdade estaria tendo um ataque cardíaco, quem compõe a rede de suporte tem de chamá-lo à razão: “Lembra das outras vezes em que corremos para o hospital? Você ainda acha que todos os médicos, que disseram que não há nada de errado com seu coração, estão errados?”

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Cabe ressaltar que os membros da rede de suporte psicossocial podem e devem acompanhar o paciente às suas consultas, e até mesmo tirar toda e qualquer dúvida que tenham com o psiquiatra responsável pelo caso.

Como dissemos, além de tratar e prevenir, cabe ao médico, também, a missão de educar e ensinar não apenas ao paciente, mas toda a sua rede sobre os transtornos psiquiátricos e como abordá-los.

Cuidar de quem cuida é de extrema importância... senti na pele... sempre com tempo para os outros, as obrigações profissionais, ficando longe de familiares e de quem amamos nos congressos ... até ter um IAM, acordar em uma UTI .. no dia da Libertação dos escravos!! 13 de Maio... tem sido a minha libertação!!!

Ana Paula Queiroz A. Marques

Pediatric Hematologist/ Pharmaceutical Physician/ Medical Affairs

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Muito bem colocada a questão dos cuidadores, peças fundamentais na recuperação dos pacientes, mas que nem sempre recebem a devida orientação e acabam agindo somente por instinto . Continue escrevendo ! Abraços !

Não tenho dúvida nenhuma que as pessoas envolvidas emocionalmente com o paciente precisam muito de apoio e orientação do médico. Muitas vezes as pessoas resolvem concordar com o paciente achando que com isso estará ajudando....na maioria das vezes estão sem essa orientação necessária.

Fabio Roesler

Psicólogo Clínico e Neuropsicólogo at Clínica de Cefaleia e Neurologia Dr Edgard Raffaelli

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Realmente, a questão do cuidado psicossocial precisa ser vista com mais cuidado, há, de forma geral, um descaso nessa parte do tratamento, no Brasil.

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