Cultura e Conversas - Apresentação e Ciências Sociais com IoT
Breve Apresentação
Começo aqui uma série de pequenos artigos e pensatas sobre a vida de Product Manager no mundo atual. Quero canalizar alguns pensamentos e aprendizados. Uma boa parte das pessoas que convivo/me seguem atualmente não sabe que eu vim de um Bacharelado de Ciências Sociais (USP) e acho que será legal ter esta perspectiva em vista para trocar ideias.
Minhas experiências anteriores como gestor sempre se focaram muito em produção audiovisual, já criei música, já produzi peças, já roterizei, já construí processos de interação em plataformas de e-commerce social, ferramentas socio-ambientais, etc, sempre numa vertente que conectava Comunicação com Arte/Cultura/Tecnologia.
Quando vim pra Take Blip fazia (e continua fazendo) todo o sentido trabalhar com conversas. Conversas trazem um aspecto interativo, de contar histórias numa roda e numa resposta alterar o rumo das coisas. A orientação para análises de conversas são significativas pra mim, pois me lembram a célebre leitura do Lévi-Strauss sobre diacronia/sincronia (que vem lá do Saussure), onde fica mais claro que há certos aspectos do conhecimento humano que não está na história quente (a história como progresso, como resultados acumulativos) mas sim são formas de construção alinhada no presente que se atualiza com os elementos do próprio presente. Hoje eu vejo um enorme campo de estudos esta questão do Whatsapp e outras plataformas serem justamente as "máquinas de supressão do tempo" que é como o Lévi-Strauss caracteriza Sociedades Frias e sua conexão/operação/orientação com os mitos.
Pra simplificar o parágrafo anterior, um exemplo: muita gente estuda a origem das línguas a partir da sua história, gênese, motivações da sua criação, mas quando se vai analisar suas mudanças, evoluções se percebe que praticamente toda sua evolução demanda um estudo dos contextos, "erros", embates, debates, disputas, entendimentos na sociedade que vive e experimenta aquela língua.
Mas e aí? Ciências Sociais com IoT?
Aí quando cheguei na Take tinha toda uma expectativa sobre ver este processo linguístico acontecendo. E não é que quando vejo o primeiro desafio era um chatbot que eram mensagens de interação entre máquinas?
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Sim, uma empresa precisava conectar máquinas que enviavam alertas específicos do ambiente (temperatura, pressão, umidade) para os técnicos da operação desta indústria. E isso demandava que a maior parte das interações se desse entre as máquinas da indústria com a plataforma do chatbot, sendo o técnico apenas o recebedor das mensagens trocadas.
Foi muito interessante partir de um outro olhar sobre a construção das conversas. O que a máquina lá na fábrica poderia nos dizer, como ela iria dizer, o que ela queria dizer?
E gente, que legal foi este movimento. Hoje o que mais se aproxima do que vivi e que vejo já mais no nosso cotidiano: conversas com as Alexas e Google Assistants das nossas casas e celulares. Mas foi numa escala industrial. Hoje recebemos alertas dos nossos aparelhos (um celular com bateria acabando, um automóvel superaquecendo) mas as conversas estão trazendo novas possibilidades.
Neste momento estamos muito focados em receber alertas, mas e se a interação nos trouxesse num lugar onde as conversas demandassem uma linguagem de resposta sempre? Resposta no sentido de dar um passo além, ok, estou sem crédito, posso criar um fluxo recorrente de recarga?
Acho isso um campo que rapidamente entraremos com dispositivos altamente programáveis que estarão em qq canto das nossas vidas. Num ônibus, numa entrada de prédio, num restaurante. Está muito próximo disto estar espraiado.
É isso pessoal, vou tentar postar recorrentemente.
Senior Product Designer na Blip | AI Product Designer | Customer Data Platform
2 aSensacional Diogo!