Cultura organizacional - quando a alma fala mais que as ações

Cultura organizacional - quando a alma fala mais que as ações

Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

 “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Essa frase tão bela, em um poema ainda mais belo, nos traz uma reflexão sobre o significado de Cultura Organizacional dentro das empresas - se sua alma for grande, todos os esforços e desafios que essa empresa enfrentar, valerão a pena.

Cultura organizacional é comumente definida como a alma de uma empresa. É a definição de sua personalidade, valores, crenças e comportamento, direcionando o dia a dia da organização. Pode-se dizer também que é a essência da empresa, difundida e arraigada dentro de seus colaboradores mais comprometidos, os quais buscam não apenas o sucesso do lucro do negócio, mas sim, o bem para o maior número de pessoas possíveis, estejam elas envolvidas ou não com suas atividades.

Cultura é o que o empreendedor tem dentro de si e transmite para aqueles que o seguem. São as normas que um grupo investidor acredita como melhores práticas, e multiplica tais valores dentro da companhia, criando “ambientes” e “comportamentos” em seus colaboradores.

Cultura é o que você não consegue esconder, mentir ou enganar, porque, a comunicação interna pode divulgar o que a empresa quer ser, mas é o comportamento de seus empregados que demonstram o que ela realmente é.

Acredito não ser necessário me ater aqui a um artigo descrevendo sobre o que é necessário para formação de uma cultura organizacional forte e responsável, porque, entre suas principais características, falar de “visão” e “missão” (componentes didáticos da definição de cultura organizacional) é o mesmo que dizer que um carro precisa de rodas para andar.

Em meus já quase 30 anos de experiência profissional conheci muitas empresas, principalmente por atuado por um longo tempo na área comercial, o que me dava ainda mais contato com diferentes tipos de culturas e pessoas, inclusive internacionalmente.

Era incrível observar que, todas as empresas tinham uma “cultura escrita” extremamente bem definida destacando sua missão, valores, metas, estrutura, relação hierárquica, entre outras, mas, o que eu gostava mesmo de observar, era quão incrível era o comportamento das pessoas e como elas eram influenciadas por características e normas que não eram escritas, mas vividas diariamente por todos. Sempre havia um jeito de fazer, um código de conduta não escrito, mas que permeava as atividades, como o jeito de negociar, a maneira de recepcionar e a condução das conversas, tudo obedecia a um padrão, como se fossem costumes familiares. Empresas mais tradicionais eram mais formais e mais exigentes nos termos negociados, enquanto as mais jovens, eram sempre mais descontraídas e abertas a exceções.

Apenas como curiosidade, vale lembrar que ultimamente temos visto inúmeras empresas divulgando dados mentirosos para seus acionistas e para a sociedade, provocando um verdadeiro desastre quando descobertas, com demissões em massa, prejuízos financeiros em fornecedores, prestadores de serviços e danos irreparáveis ao meio ambiente. Ou seja, é por exemplo uma cultura interna da “mentira”, imperando em empresas que divulgam como sua missão “relações transparentes e duradouras com nossos clientes e sociedade”.

A mensagem que quero passar é que a cultura organizacional é um espelho do que cada um dos responsáveis pelo negócio tem dentro de si, e quando não há nada de ético ou moral consequentemente a companhia também não terá. Pode-se usar as melhores técnicas de transformação cultural, as ferramentas mais inovadoras ou chamar os maiores “gurus” comportamentais para falar sobre cultura dentro das companhias, mas se dentro de cada um não existir o básico de valores éticos e morais, não há descrição de “visão” e “missão” nas paredes que resolva.

A cultura organizacional deve potencializar os valores nobres do indivíduo, tenha ele qual filosofia de vida tiver. As organizações devem combinar boas práticas coletivas, mas observando sempre o comportamento de seus líderes e influenciadores dentro do ambiente de negócios, buscando o que realmente trará valor coletivamente. É necessário investir em pessoas, tecnologia, processos, ambiente e infraestrutura, com códigos de ética e integridade bem definidos, resultando assim em transparência e respeito nas relações.

Como escrito poeticamente por Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma é forte, e no mundo corporativo, uma cultura forte e devidamente inserida dentro de seus colaboradores traz a força e sustentação que supera a infinidade de desafios impostos diariamente. É necessário que as empresas tenham um propósito, algo pelo qual ela realmente exista, e esse propósito deve ser maior que seus defeitos, medos ou dificuldades, e só uma cultura forte e enraizada dentro de cada um consegue levar a todos, a todo momento, na direção desse propósito.

Quer saber mais sobre cultura e propósito? Fale comigo...

Carlos Eduardo Cecon

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