Currículos escritos pelo ChatGPT se tornam pesadelo para recrutadores
Empresas reclamam que textos genéricos e de baixa qualidade estão "inundando" processos seletivos. Candidatos usam IA até para resolver testes.
Recrutadores estimam que até 50% dos currículos recebidos foram gerados por ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT e o Gemini. Eles contam que estão tendo que lidar com grandes quantidades de inscrições genéricas, escritas de formas parecida e cheias de palavras-chave.
Este número foi obtido pelo Financial Times em conversas com fontes do setor e pesquisas publicadas nos últimos meses. Ele se refere apenas aos currículos claramente escritos por IAs na verdade, a quantidade real pode ser bem maior.
O currículo precisa mostrar a personalidade e história do candidato, coisa que a IA não consegue fazer.
Com o ChatGPT, o volume de inscrições aumentou e a qualidade do material enviado diminuiu, dificultando a tarefa de escolher um candidato para a vaga.
Recomendados pelo LinkedIn
Os candidatos usam IA até mesmo para responder tarefas de avaliação. Um candidato pode copiar e colar qualquer questão da inscrição no ChatGPT, e então copiar e colar a resposta no formulário.
ChatGPT pago dá vantagem
Uma dessas pesquisas foi feita pela empresa Neurosight, também da Inglaterra, especializada em recursos humanos. Segundo o levantamento, 57% de cerca de 1,5 mil estudantes entrevistados que procuram empregos recorreram ao ChatGPT.
A Neurosight também identificou que alunos que usam a versão Plus do ChatGPT conseguem passar em testes com mais facilidade do que os que ficam no plano gratuito. A assinatura, que custa US$ 20 mensais (aproximadamente R$ 110), oferece acesso a modelos de linguagem mais avançados.
E o que as empresas podem fazer para contornar tudo isso? A resposta é simples: recorrer à boa e velha entrevista. Nela, não dá para o candidato usar IA. Tudo está sendo automatizado ao máximo, mas sempre haverá a necessidade da interação humana antes da seleção final.
Recepcionista na Bresco
4 mOlha, já era de se esperar! Agora teremos muitos currículos capacitados rs. Olho no olho vai ser necessário sim.
Consultora Educacional na AConsultoria Educacional
4 mUé?! Mas os recrutadores e as “Gupys” da vida não valorizam os CVs escritos por pessoas de carne e osso como eu ou você… as pessoas precisam de emprego… então, se usar a IA é o caminho mais curto…
TECNÓLOGO EM CONSTRUÇÃO NAVAL/VISTORIADOR NAVAL
4 mInteligência Artificial está influenciando negativamente a educação. Os alunos estão utilizando dessa ferramenta para resolver atividades, que tem como objetivo seu desenvolvimento intelectual. Minha filha, que está na 6ª serie do ensino primário, relatou-me em um bate papo sobre o assunto, que um coleguinha foi flagrado pelo professor pelo envio de uma redação extraída do google.
Especialista em Redes de Telecomunicações em Transição para Psicologia | Estudante de Psicologia | RH
4 mEssa questão revela uma ironia interessante: empresas que utilizam algoritmos e inteligência artificial para filtrar candidatos agora se queixam de que candidatos estão fazendo o mesmo para otimizar seus currículos. Se os processos seletivos priorizam palavras-chave e formatos padronizados, é natural que os candidatos utilizem as ferramentas disponíveis para maximizar suas chances. A utilização da IA pelos candidatos reflete uma adaptação ao próprio sistema criado pelas empresas. Se o processo valoriza a eficiência e a conformidade com certos critérios, não é surpreendente que candidatos busquem atender essas expectativas da forma mais eficaz possível. Além disso, essa prática também levanta a questão da superficialidade dos processos seletivos que, ao dependerem tanto de palavras-chave, podem acabar subestimando o potencial humano e as habilidades que vão além do que um algoritmo pode captar. O uso da IA não deveria ser visto como um problema em si, mas sim como um sintoma de um sistema que precisa evoluir. Em vez de criticar os candidatos por se adaptarem, talvez seja o momento de repensar os processos de seleção, buscando maneiras de valorizar a autenticidade e o talento real, para além das palavras-chave e do padrão.