Curva de Juros

Quando falamos de curva de juros de um determinado país, estamos vendo o reflexo de como os investidores estão avaliando a relação risco x retorno daquele país.

Resguardando as devidas proporções, é muito parecido com o que fazemos ao escolhermos um investimento: avaliamos os fundamentos que o gestor/empresa está apreciando para o futuro, o histórico do investimento, relação risco x retorno, entre outros.

No Brasil, os fatores que mais influenciam nas variações da curva de juros são:

- Política Monetária: Neste caso a política monetária que vai realmente influenciar são as decisões do Banco Central, através do COPOM (Comitê de Política Monetária), em aumentar ou reduzir a Selic (taxa básica de juros do país), de acordo com a necessidade de uma política contracionista ou expansionista.

- Risco Fiscal: Este se resume na confiança que o investidor pode ter ou não na eficácia das políticas monetária e fiscal adotadas pelos governantes.

- Risco Brasil: Trata-se da confiança que o investidor tem no país como um todo. Aqui podemos dizer que estão incluídos os riscos de imagem (escândalos de corrupção), risco fiscal, políticas monetárias, etc.

Fazendo uma breve leitura do gráfico, podemos verificar o que foi falado acima, na prática. Este gráfico foi retirado do site da Anbima e se trata da curva de juros futuros com base no dia 26/08/2022. O eixo horizontal apresenta os prazos em dias úteis e o eixo vertical, as taxas. Podemos observar que, no curto prazo, as taxas estão mais elevadas, reflexo da taxa Selic que está em 13,75% a.a. e, segundo Ata do COPOM, pretende-se manter a taxa neste nível pelo menos por mais 1 ano. Além disso há a expectativa de uma pressão inflacionária a partir do início do ano que vem, em decorrência dos incentivos fiscais concedidos pelo governo recentemente. Mais para frente a curva tem uma queda, pois acredita-se que a política monetária contracionista terá efeito positivo, resultando na gradual queda da Selic. Quando o prazo aumenta, a curva volta a subir, o que já é esperado, pois quanto maior o prazo, maiores são as incertezas em relação ao risco do país e a todos os indicadores analisados.

Para finalizar, não poderia deixar de falar, mesmo que rapidamente, dos juros futuros dos EUA após a declaração de Jerome Powell no Simpósio de Jackson Hole, onde ele deixou claro que pretende aumentar juros o quanto for necessário para o controle da inflação. Diferentemente do Brasil, as influências políticas e fiscais pouco impactam na curva de juros dos EUA, pois as treasures americanas são o único ativo livre de risco no mundo. Sendo assim, após a declaração do presidente do FED, os juros futuros aumentaram refletindo um movimento de antecipação das tomadas de decisão de uma política monetária contracionista