Dólar em tendência de alta mesmo após intervenção do BC; instabilidade da moeda pode afetar importação de medicamentos
Lula e Haddad tentam controlar a valorização do dólar enquanto investidores seguem cautelosos
Por Leandro Maia
O dólar mantém a tendência de alta nesta quarta-feira (3), operando em queda tímida após a forte valorização de 15% no primeiro semestre de 2024. A moeda americana chegou a R$ 5,70 na terça-feira (2), mas encerrou o dia em R$ 5,66, valor mais alto desde janeiro de 2022, após rumores de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.
Os investidores continuam atentos às críticas recorrentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central, especialmente em relação à presidência da instituição. Essa tensão política somada ao contexto econômico global tem impulsionado a valorização do dólar frente ao real.
Nesta quarta-feira, o mercado mostrou cautela, mesmo com sinais positivos de controle da inflação nos Estados Unidos. O dólar opera em queda, mas ainda não houve um alívio significativo. Analistas esperam por definições mais claras das reuniões entre Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a equipe econômica do governo. Oficialmente, o tema foi tratado como fiscal, mas acredita-se que estratégias para conter a valorização do dólar também estejam em discussão. A valorização do dólar perante ao real pode impactar a compra de produtos importados à base de cannabis. O empresário Marcelo Galvão comentou sobre o impacto significativo da alta do dólar no mercado canábico. "Sem dúvida, impacta. É uma alta expressiva. Se pegarmos o dólar que chegou a R$ 4,60 em algum momento no último ano e meio, muitas empresas ajustaram seus preços para baixo, nós também ajustamos para baixo", afirmou Galvão.
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Ele destacou que o aumento de R$ 4,60 para R$ 5,70 representa uma variação superior a 20%, o que tem um impacto substancial nas operações das empresas. "Mais cedo ou mais tarde, se o dólar continuar nesse patamar, sem dúvida haverá um reajuste", acrescentou.
No entanto, Marcelo observa que, no momento, muitas empresas estão tentando reduzir os preços, esperando que a alta do dólar seja transitória. "O mercado é bastante competitivo, então quem pode não vai mexer agora. A tendência era outra, de redução de preço. Mas, se o dólar permanecer nesse patamar por mais alguns meses, será inevitável que algumas ou muitas empresas tenham que fazer. "
O empresário Gabriel Polacow ( Gabriel P. ) não espera uma queda imediata da moeda norte-americana. "Eu acredito que o dólar vai se manter nesse patamar por um período de tempo razoável. Não acredito na diminuição dele no curto e médio prazo. Infelizmente, isso dificulta um pouco mais o acesso à importação, porque obviamente vai ter um aumento natural nos preços dos produtos, dos medicamentos, e isso acaba dificultando esse acesso, essa compra, ainda mais para as pessoas que fazem o uso de forma contínua", afirmou o empresário.