Dado o sinal de largada Eleição presidencial

Almir Pazzianotto Pinto

                        Estamos a 10 meses das eleições. Em 2 de outubro de 2022 o povo decidirá nas urnas eletrônicas, pelo voto direto e secreto, quem presidirá a República entre janeiro de 2023 e dezembro de 2026. 

                       Seria leviano profetizar resultados. Sabemos, todavia, que é grande a possibilidade de a disputa se resolver no segundo turno, “concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos” (Constituição, Art. 77).

                       As primeiras pesquisas dizem que Lula poderia suplantar Jair Bolsonaro na primeira rodada. Em política o absurdo não é impossível, dizia Napoleão Bonaparte. Lula vencer no primeiro turno, entretanto, é algo que viola os limites invisíveis da imaginação. Jair Bolsonaro não se deixará derrotar com tamanha facilidade. Obter maioria absoluta, com tantos candidatos, exige liderança que Lula deixou para trás e Jair Bolsonaro jamais alcançou.

                       Com a eleição distante, os demais aspirantes representam pouco perigo a ambos os dois, como escreveu Rui Barbosa na Réplica. Ciro Gomes, com longos anos de estrada, não levanta voo. Na mesma situação se encontra João Dória, candidato do rachado PSDB. Sérgio Moro viria em surpreendente 3º lugar. Contra o ex-juiz da Lava Jato pesa, contudo, além de rasa experiência na areia movediça da política, a supina ingenuidade que o fez acreditar em compromisso apalavrado por Bolsonaro.

                       Inclino-me pela candidatura de Simone Tebet, indicada pelo MDB. Tenho razões para fazê-lo. Pertence ao partido que integrei quando deputado estadual, Secretário e Ministro do Trabalho. Conheci o pai Ramez Tebet (1936-2016), prefeito de Três Lagoas, deputado estadual, senador, presidente do Senado Federal, governador do Estado do Mato Grosso do Sul. Simone Tebet, embora jovem, acumula extensa vivência política. Foi deputada estadual, duas vezes prefeita de Três Lagoas e vice-governadora do Estado. Presidiu a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde é a voz feminina mais influente. As intervenções na CPI da Covid revelaram mulher enérgica, contida, mas dotada de inteligência, coragem e disposição para argumentar.

                       Penso que é o momento de se dar nova oportunidade a representante do sexo feminino, para presidir o Brasil. Dilma Roussef não se saiu bem. Revelou lhe faltarem requisitos essenciais para comandar o Poder Executivo. O impeachment que a derrubou é objeto de acirrada polêmica. Para muitos, foi vítima de armação. A reduzida presença de mulheres nas altas esferas da vida pública não encontra justificativa. Em todos os aspectos bem qualificadas, são vítimas de tradição machista que vem do Brasil Colônia e só agora começa a ser debelada.

                       Em condições normais Jair Bolsonaro seria o favorito. Já escrevi sobre o assunto. Acontece que S. Exa. insiste em ser o próprio e pior dos adversários. Para aprofundar a impopularidade conta com o auxílio do ministro Paulo Guedes, responsável pela debacle da economia, elevação do custo de vida e retorno da inflação. Recebe, também, a ajuda de filhos mimados, de meia dúzia de generais da reserva e do pelotão de áulicos que aprecia ter ao redor.

A partir de janeiro serão constantes as acusações sobre maneira como procedeu diante da pandemia. São mais de 600 mil mortos e milhões de infectados, vítimas do negacionismo dominante no Ministério da Saúde, sob criminosa gestão do intendente Pazzuelo, hoje escondido em repartição burocrática. Pandemia, desindustrialização, insegurança jurídica, desemprego, inflação, economia em crise, desprestígio internacional, juntar-se-ão à empobrecida classe média para derrotá-lo.

                       Simone Tebet é a saudável novidade da campanha que dá os primeiros passos. Atrairá votos femininos e de idosos e reascenderá as esperanças na juventude afastada da política por nojo à corrupção, ao fisiologismo, às falsas promessas falsas, à venalidade. Se não vier a ser cristianizada pelo MDB, em tenebrosa jogada eleitoral, poderá ir ao segundo turno. Se o for e competir com Lula ou Bolsonaro, ambos com elevado porcentual de rejeição, terá todas as condições de colher a vitória.

                       O povo brasileiro tem a sua chance. Espero que saiba aproveitá-la.

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Advogado. Foi Ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho. Autor de A Falsa República. Portal OsDivergentes.com.br Brasília. DF, 21/12/2021.

                       

                        

 

 

                        

Ives C. Nascimento Júnior

Consultor de Projetos | ICNJ Ambiental & Pericia Eireli

3 a

Será um ano complicado e de incertezas políticas, por outros

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