Das cavernas ao metaverso: a comunicação em constante evolução
Nativos americanos utilizando sinais de fumaça como meio de comunicação - Pintura de Frederic Remington

Das cavernas ao metaverso: a comunicação em constante evolução

A ferramenta mais poderosa da humanidade transforma-se cada vez mais rapidamente face à novas tecnologias

Tecnologia e comunicação sempre andaram juntas. Foi o uso da nossa laringe como uma inédita e poderosa ferramenta de troca de sons que possibilitou à humanidade desenvolver formas de comunicação complexas e se destacar das outras espécies. Quando, há cerca de 70 mil anos, passamos a nomear coisas – água, pedra, leão, caverna – deixamos de ser apenas animais técnicos para também nos tornarmos animais simbólicos.

O desenvolvimento da comunicação foi o evento deflagrador da corrida tecnológica que teve como resultado a supremacia da nossa espécie na Terra

E começamos a usar a linguagem para ensinar nossos semelhantes como fazer uma lança, arar a terra e domesticar os animais. O desenvolvimento da comunicação foi o evento deflagrador da corrida tecnológica que teve como resultado a supremacia da nossa espécie na Terra.

Os meios de comunicação evoluíram lentamente ao longo dos séculos: sinais de fumaça, pombos, imprensa, telégrafo, telex. Mesmo no século 20, da década de 1950 até os anos 2000 praticamente não ocorreram mudanças: rádio, cinema, TV, jornais, discos, fitas cassete e revistas, todos analógicos, nos mantiveram em uma zona de conforto em relação ao uso destas mídias por um período bastante longo – principalmente para os padrões atuais. Por esse motivo, até bem pouco tempo, não havia a necessidade de se preocupar com os avanços tecnológicos que poderiam impactar a forma de se comunicar, atualizar-se sobre novos processos, novas tecnologias ou novos meios. Isso era coisa para o pessoal de TI, ou os nerds.

E aí veio a tal revolução digital – trazendo a internet, smartphones, redes sociais, mundos virtuais – que bagunçou todo o status quo. Inúmeras mudanças começaram a ocorrer, em um ritmo acelerado, como nunca havia acontecido.

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Registro da primeira mensagem enviada pela internet. Los Angeles, 22h30, 29 de outubro de 1969        

Com a massificação da internet de banda larga móvel e de smartphones poderosos mais acessíveis, o cidadão comum passou a ter a capacidade de transmitir seu conteúdo para um público virtualmente infinito. Por décadas, essa tecnologia era restrita somente a grupos poderosos e endinheirados que conseguiam ter os meios e a caríssima infraestrutura para emitir mensagens – texto, áudio, vídeos, músicas etc. – para uma grande audiência.

E o surgimento das redes sociais fez com que essas possibilidades se concretizassem. Nate Ritter (@nateritter), por exemplo, informou à população e às autoridades da California a situação em sua região durante os incêndios em San Diego de 2007, usando no Twitter uma hashtag com propósito específico pela primeira vez (#sandiegofire).

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Nate Ritter (@nateritter), atualizou a população e as autoridades da Califórnia a situação em sua região durante os incêndios em San Diego de 2007, usando uma hashtag com propósito específico pela primeira vez no Twitter (#sandiegofire)

Janis Krums, outro usuário do Twitter, postou a primeira imagem do avião da US Airways que havia feito um pouso forçado no Rio Hudson em 2009. A foto, publicada no aplicativo Twitpic, foi utilizada pela grande imprensa em suas coberturas do evento. Iranianos usaram o YouTube para disseminar as imagens da morte da ativista Neda Agha-Soltan nos protestos em Teerã deste mesmo ano.

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Acidente aéreo no Rio Hudson: a imagem, captada por um usuário do Twitter, viralizou e foi utilizada pelas grandes empresas de mídia

Essa sucessão de eventos inéditos de comunicação não parou: tivemos os levantes da Primavera Árabe, os protestos dos “30 centavos” e tantos outros exemplos de situações em a internet, as redes sociais ou “novas mídias” foram agentes deflagradores e determinantes – e a mídia tradicional teve um papel menor.

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Quando poderíamos imaginar que jovens como o Felipe e o Whindersson teriam, cada um, mais de três vezes o número de assinantes em seus canais de YouTube do que TODOS os canais de TV por assinatura do País e o dobro da Netflix, serviço de streaming que tem em torno de 20 milhões de clientes no Brasil. Que o show do rapper Travis Scott dentro do game/metaverso Fortnite (abaixo) atrairia quase 13 milhões de participantes simultâneos e 30 milhões no total?

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Tudo muda muito rápido neste mundo digitalizado. Como podemos ver no gráfico abaixo, foi necessário meio século para que o telefone alcançasse 50 milhões de usuários. A internet, sete anos. E o game Pokemon Go atingiu 50 milhões de usuários em apenas 19 dias.

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Entre algumas das tecnologias e serviços que estão crescendo e ganhando importância destaca-se a Twitch, a plataforma inicialmente especializada em streamers de esportes e games, mas que está crescendo com conteúdos não relacionados. E há um fenômeno brasileiro, o carismático e bem-humorado Casimiro Miguel, vulgo Cazé ou Casimito (abaixo), que já chegou ao mainstream comentando jogos de Futebol para a Amazon Prime Video e irá reagir à atual temporada do MasterChefBrasil.

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As realidades, virtual, aumentada e mista têm inúmeras aplicações na comunicação. Ao acrescentar uma camada de informação (texto, imagens, vídeos, animações) no que estamos vendo – sem que fiquemos desconectados – a realidade aumentada possui um potencial enorme no jornalismo e publicidade. O The New York Times é uma das empresas de comunicação que estão pesquisando e experimentando as possibilidades destas e de outras tendências emergentes em mídia e tecnologia. O veículo criou um departamento de Pesquisa & Desenvolvimento formado por uma equipe multidisciplinar de jornalistas, creative technologists, designers e engenheiros. Alguns exemplos podem ser vistos clicando no link abaixo.

Se hoje é possível ter alguma certeza, é a de que a comunicação irá mudar sempre – e ainda mais rápido. Inúmeras questões pessoais e corporativas surgem a todo momento: como me comportar no WhatsApp? Devo passar a postar mais vídeos no Instagram? A nossa empresa vai entrar no TikTok? Qual a nossa estratégia com hashtags? Vamos criar uma versão do escritório no metaverso? Os funcionários poderão escolher seus avatares à vontade? Nossa festa anual será presencial, online ou híbrida? As dúvidas não vão parar por aí.

Você está preparado? E sua empresa, está preparada?

André Sztajn

GESTÃO DE CONTEÚDO | PROGRAMAÇÃO AUDIOVISUAL | NEGÓCIOS-FIFA TV Operation Coordinator

2 a

Estou zero preparado para o que ainda está por vir.... Ótima reflexão Roberto Largman

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