De aprendiz ferroviário ao jornalismo especializado

Ao longo de minha trajetória profissional um dos grandes desafios foi encontrar um caminho para percorrer. Pelas idas e vindas dos primeiros trabalhos encontrei-me com uma paixão de infância: Os trilhos.

Tive uma passagem bastante proveitosa pela CPTM entre os anos de 2018 e 2020, quando me tornei Aluno Aprendiz. Por trás do cargo de simples nomenclatura e, muitas vezes desvalorizado, há uma série de grandes aprendizados que me capacitaram não só a ter uma visão técnica, mas também profissional do que de fato é a ferrovia.

Dentre as tarefas estudantis das quais o Centro de Formação Profissional estimulava estava o "Jornal Mural". Os alunos eram convidados a redigir em algumas páginas uma espécie de boletim informativo com diversas temáticas, dentre elas a temática ferroviária.

Pensei em participar do projeto, mesmo não tendo sido convocado para a elaboração da primeira edição da turma de 2018. Apesar de ser leigo em termos de "jornalismo profissional", tinha um entusiasmo particular com os trilhos, sobretudo com o ato de informar sobre o que acontecia no setor.

Era uma mistura bastante peculiar entre um gosto especial que desenvolvi pela escrita e um dos meus projetos pessoais que era a produção de podcasts informativos com a temática ferroviária. O projeto teve 120 episódios ao todo podendo ser considerado, dada as devidas proporções, um dos pioneiros na área.

Como tema de minha primeira matéria escolhi falar sobre as concessões e as parcerias no setor metroferroviário de passageiros em São Paulo. A temática, ainda nebulosa no ano de 2018, ganhou força com os novos mandatos estaduais que, a partir de 2019, concretizaram a concessão das Linha 8 e 9, a retomada da PPP da Linha 6-Laranja e o início das discussões públicas sobre o Trem Intercidades.

Em 2020, já formado e portando conhecimentos teóricos e práticos para atuar na ferrovia, tive grandes expectativas de uma rápida entrada no setor, frustradas pela chegada da pandemia de COVID-19.

No final do mesmo ano fui convidado a integrar a equipe do site MetrôCPTM. Já havia realizado algumas colaborações com o site cedendo imagens, e auxiliando com informações mais técnicas oriundas de todo o conhecimento que obtive no SENAI.

Ao longo de mais de 300 matérias produzidas tive contato com muitas pessoas. Desde os funcionários de linha de frente até os dirigentes das empresas operadoras de sistemas sobre trilhos. Cada um desses contatos foi relevante e me ensinou bastante sobre essa nova profissão.

Mesmo depois de tanto conteúdo produzido, me sinto longe de me considerar um jornalista. Reconheço que tenho muito a aprender nesta área, assim como na própria ferrovia que nunca para de me surpreender.

Em tempos de mudança falar sobre determinados assuntos é sempre um grande desafio. Se acostumar com críticas é tão importante quanto não se iludir por elogios acalorados. É fundamental se firmar no que de fato é construtivo e seguir sempre pelo caminho da informação verdadeira e imparcial, que em períodos de polarização político-ideológica, se torna uma tarefa complexa.

Atuar, mesmo que indiretamente, no setor metroferroviário é algo que me deixa muito contente. Pretendo sim, algum dia, estar face a face com essa operação cheia de detalhes, normas e regras. Por enquanto, sigo aprendendo e fortalecendo outras qualidades que me capacitarão a ser um profissional bastante diferenciado, mas com o olhar apaixonado pelos trilhos, que é em minha visão, a essência de um ferroviário.