De olho no carbono: rotulagem verde carece de fiscalização, mas tem aderência de consumidores, avaliam especialistas

De olho no carbono: rotulagem verde carece de fiscalização, mas tem aderência de consumidores, avaliam especialistas

Na última terça-feira (15), Dia do Consumidor Consciente, o Um Só Planeta realizou uma live sobre os impactos da rotulagem climática para um consumo mais sustentável. Com mediação da jornalista e editora Naiara Bertão, o bate-papo trouxe um panorama sobre a adesão de uma política de transparência verde por parte de empresas de todos os setores.

Maycon Schuber, professor e pesquisador da UFRGS, destacou a necessidade de regulação. Atualmente cada companhia decide como demonstrará sua pegada ambiental nas embalagens, seguindo parâmetros que diferem para cada empresa de medição. Para Giovanna Meneghel, CEO e cofundadora da Nude, uma foodtech que desenvolve seus alimentos a partir da aveia, a transparência climática é um processo que deve ser expandido de empresa para empresa. Pensando nisso, a foodtech criou o movimento “Mostre sua pegada”, que convida outras marcas a, assim como a Nude, colocarem a pegada de carbono nas embalagens. Até o momento, a empresa conseguiu 30 marcas que fazem parte do processo.

Uma dessas marcas é a Pantys, focada na produção de calcinhas que funcionam como absorvente menstrual lavável. A CEO e cofundadora da marca, Emily Ewell, contou durante a live que no caso da Pantys, a busca por uma rotulagem climática partiu dos clientes, que sempre perguntavam sobre o nível de sustentabilidade do produto.

O trabalho de buscar mostrar o impacto da empresa é mais associado a produtos e serviços ligados ao meio ambiente. No entanto, companhias grandes, como o Banco do Brasil, também estão aderindo a essa transição e transparência. “No setor financeiro existe um esforço diário para a gente consumir de forma mais inteligente água, energia e papel, buscando gerar menos resíduo”, afirmou Gabriel Santamaria, Gerente geral da Unidade ASG do Banco do Brasil.

ESG: Brasileiros cobram mais transparência das empresas e apontam preço como limitador de compra responsável


Uma recente pesquisa do instituto de pesquisa Ipsos Public Affairs & Corporate Reputation Brasil, trouxe à luz as percepções dos brasileiros sobre o conceito de ESG (Ambiental, Social e Governança) e a importância do desenvolvimento sustentável no país. De acordo com os dados, um terço (34%) das pessoas ouvidas pela pesquisa conhece o termo ESG, com a maior familiaridade entre as classes A e B. Porém, a maioria não leva em consideração a sustentabilidade ao fazer suas compras e também afirma que vê pouca transparência por parte das empresas das ações que praticam.

A pesquisa ESG 360º destaca a necessidade urgente de mais transparência e ações efetivas em direção ao desenvolvimento sustentável, refletindo as expectativas de uma sociedade que busca um futuro mais equilibrado e responsável.

A avaliação mediana da atuação das empresas pode ter relação com a baixa clareza na comunicação do que fazem. Mais da metade dos entrevistados (56%) acredita que há pouca informação sobre os projetos de sustentabilidade promovidos pelas empresas.

Priscilla Branco, da Ipsos, explica que, apesar do número crescente de empresas divulgarem os relatórios de sustentabilidade, muitas vezes eles são densos e escritos em linguagem técnica. “São voltados a um público especializado (investidores, técnicos ESG e outros stakeholders)”, comenta. A mesma crítica foi ouvida, segundo a executiva, sobre os relatórios de prestação de contas às comunidades, escritos em linguagem difícil de assimilar.

Universidade de San Diego, nos EUA, passa a exigir aulas sobre mudanças climáticas para alunos se formarem

A partir deste outubro de 2024, os alunos de graduação deverão adicionar nas grades matérias com conteúdo relacionados as mudanças climáticas em uma das quatro áreas propostas pela Universidade de San Diego, nos EUA: fundamentos científicos, impactos humanos, estratégias de mitigação e aprendizado baseado em projetos.

O requisito não adicionará tempo ao cronograma de graduação de um aluno – ele foi projetado para ser integrado ao trabalho de classe existente. Quarenta cursos atendem ao objetivo, incluindo “A Astronomia da Mudança Climática”, “Gênero e Justiça Climática”, “Abordagens Indígenas à Mudança Climática” e “Ambientalismo nas Artes e Mídia”.

“O mais importante é que a UC San Diego quer garantir que estamos preparando os alunos para o futuro que realmente enfrentarão”, disse Sarah Gille, oceanógrafa física do Scripps Institution of Oceanography, que fez parte do comitê para criar o novo plano.

Gille diz que pode se posicionar na frente de uma turma e falar sobre como o mundo pode parecer em 50 ou 100 anos em termos de aumento de temperatura, ou elevação do nível do mar – “uma lição bastante desanimadora” – mas quando ela conecta isso a decisões estratégicas que os alunos podem tomar sobre suas próprias vidas e como buscar oportunidades no futuro, “pode se tornar uma lição empoderadora também”.


Às vésperas da COP16, cerca de 80% dos países ainda não apresentaram planejamento para cumprir metas da última COP de Biodiversidade

Em 2022, quase 200 países se comprometeram em apresentar planos para cumprir o acordo de proteção da biodiversidade, ou apenas “Acordo de Kunming-Montreal”, firmado na COP15, a última Conferência de Biodiversidade da ONU, até a COP16, que ocorre em Cali, na Colômbia, entre 21 de outubro e 1º de novembro deste ano. No entanto, um levantamento divulgado nesta terça (15) pela Carbon Brief aponta que apenas 24 países mais a União Europeia publicaram um planejamento para atingir as metas presentes no acordo, como por exemplo conservar 30% das terras, oceanos e águas do mundo até 2030, reduzir os riscos relacionados com os pesticidas e as perdas de nutrientes no ambiente em pelo menos 50% até 2030 e garantir que os direitos dos povos indígenas sejam protegidos.

“Mais planos de ação seriam melhores, isso é claro,” disse a chefe de biodiversidade da ONU, Astrid Schomaker. “Esperamos que mais sejam anunciadas na COP16 - incluindo alguns grandes, como o da Índia, que deseja ter o anúncio ministerial na COP e dar muita visibilidade a isso”, disse.

“Estamos confiantes de que até o final do ano haverá muitos mais. Entendemos que, quando estão atrasados, os países precisam obter financiamento primeiro. Muito frequentemente, isso acontece porque eles estão tentando fazer uma abordagem que envolva toda a sociedade. Isso leva tempo”, ressaltou Schomaker.

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O Um Só Planeta é um movimento editorial que envolve 22 marcas do grupo Globo no combate à crise climática e promoção da sustentabilidade. Acompanhe o nosso portal e fique por dentro das principais notícias sobre clima e meio ambiente. 🌎



Onara Lima

Impulsionando a Estratégia Empresarial Sustentável | ESG | Membro do Conselho Consultivo | Comitê de Sustentabilidade | ESG no Mercado de Capitais | Professora | Palestrante | Escritora | Eterna Aprendiz

2 m

Transparência, vai muito além de marketing.

Alessandra Borges Subtil

Zootecnia-Conservacionista, SAF’s, Cooperativa Socioambiental - Economia Circular - Cursando: Análise de dados >>Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia EBAC; Microsoft Cloud >>WoMakersCode.

2 m

Mais transparência com certeza ! Hoje, "mega empresas", maqueiam seus produtos e exportam soja contaminada, para EuroAsia. Grandes marcas, de biscoito, pães, têm mais agrotóxicos que o permitido, para consumo... Ninguém se atenta, todos consomem, das empresas que presam ESG. Principalmente Governança transparente !

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