De que sonhos somos feitos?
Se vendemos sonhos?
Até poderíamos!
Em Portugal existe um doce chamado bola de Berlim. É o que chamamos aqui no Brasil de sonho.
Segundo uma pesquisa rápida para a construção deste post, encontrei que será um doce de origem alemã e que chegou a Portugal através dos refugiados judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.
Acreditem, pois venho pensando nesse texto faz alguns dias, mas surpreende-me tamanha coincidência estar a falar destes personagens, justamente no Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Enfim, a bola de Berlim tem grande importância na vida dos portugueses, pois certamente fará parte do imaginário e das lembranças das ferias, pois comumente são vendidas nas praias do Algarve, durante o verão. Com ou sem creme de recheio, adoçam graúdos e miúdos.
Mas o sonho remonta também às minhas lembranças. Lembro de nos primeiros anos de escola, passar por um estabelecimento na rua Papa João XXVIII em que existia um pequeno balcão de venda direta ao público, em que era possível comprar sonhos e bananadas, que levaríamos como lanches esporádicos para a escola.
Esse negócio cresceu, transformou-se depois em restaurante e os proprietários, resumidamente, fizeram seu pé de meia e abandonando o ramo da alimentação, terão se aposentado através dos aluguéis das salas comerciais em que o restaurante foi transformado. Certamente realizaram o sonho deles!
E então, repito a pergunta:
Se nós vendemos sonhos?
Não. Nem sonhos, nem bolas de Berlim. Quem sabe um dia. Neste momento partilhamos:
Partilhamos os pequenos momentos com que somos brindados pela vossa companhia e vosso interesse pela doceria portuguesa.
Partilhamos nossas lembranças e experiências, sejam elas da dimensão que forem.
Partilhamos, por fim, um pouco de um dos nossos sonhos. Um sonho que parece ter formato de nuvem e que vamos moldando através do tempo. Um sonho que nem sempre é um mar de rosas. Um sonho que alimentamos e acreditamos na sua essência.