Pontos de vista, parado ou andando, vejo a vida por outro ângulo!
Andar de ônibus é viajar por um mundo que normalmente não estamos habituados.
Faz muito tempo que não o fazia, não por preconceito pelo sistema de transporte urbano, mas ter carro tinha se tornado prático e a locomoção e a liberdade de percurso me era confortável.
Bom, tenho feito essas viagens diariamente, com regularidade. Se lá em Portugal tínhamos dois carros, hoje em dia ter um já nos exige pra já uma ginástica, inclusive financeira para mantê-lo. O recomeço exige disso.
Mas ao mesmo tempo nos dá a oportunidade de enxergar outras vidas, outras estórias, conhecer mesmo que superficialmente a vida dos outros aumenta-nos o grau de compreensão da vida.
A primeira experiência foi ver uma moça a vender brigadeiros numa das estações de ônibus. Se ouvi bem, brigadeiros de R$0,50. Talvez por ser fim do dia e o desejo de não levar nada pra casa pois no dia seguinte haveria brigadeiros fresquinhos. Talvez foram dez (10) nãos seguidos. Impressionou-me. Sempre com um sorriso singelo e sincero no rosto. Olhos nos olhos. Contrataria para vender os meus produtos, garantidamente. Para mim não conta só o poder de persuasão. Empatia, sinceridade e verdade caminham juntos nessa tarefa que é conquistar um cliente. Se não já tivesse embarcado, provavelmente teria comprado um ou dois e saboreava logo um para tentar persuadir o desejo dos outros. Muitos emprenham pelo ouvido, como se diz. Bastava um murmurinho e ela teria vendido tudo.
A segunda experiência foi ao descer do ônibus. Na minha passada rápida, cruzo com um casal de jovens, do ensino médio. Apanho a conversa pela metade, e ele, na tenra idade, diz não ter paciência para as pessoas. Seria uma afirmação ou o reflexo da sua postura perante os outros... E assim caminha a humanidade, a pé, de ônibus, num turbilhão a procura de águas calmas!