De supervisores a parceiros estratégicos: como a colaboração entre conselhos e CEOs impulsiona o valor e a resiliência empresarial

De supervisores a parceiros estratégicos: como a colaboração entre conselhos e CEOs impulsiona o valor e a resiliência empresarial

Em um mundo onde a única constante é a mudança, é impossível que conselhos de administração se limitem a um papel de supervisão e controle. A governança do século XXI exige muito mais do que apenas monitorar resultados financeiros ou cumprir exigências regulatórias. Ela demanda líderes visionários, capazes de enxergar além do horizonte e transformar incertezas em oportunidades, fragilidades em força. É tempo de reimaginar o papel do conselho como um verdadeiro arquiteto do futuro, desenhando, em colaboração com a gestão, estratégias que não apenas garantam a sobrevivência, mas promovam a transformação e a criação de valor duradouro.

Os desafios da nova governança

O artigo "Better Together: Three Ways to Boost Board–CEO Collaboration" da McKinsey revela que os conselheiros estão enfrentando um novo e complexo cenário. Com 59% dos membros de conselho reportando um aumento significativo na complexidade de suas funções, há uma necessidade urgente de reinventar a forma como a governança é praticada. Não estamos mais lidando apenas com as operações cotidianas e a conformidade legal. Temas como inteligência artificial generativa, cibersegurança e transição para uma economia de carbono zero estão dominando as agendas dos conselhos — tópicos que sequer eram mencionados há uma década.

Principais achados do artigo

Escalada na complexidade das responsabilidades do conselho: A pesquisa revela que 59% dos conselheiros estão intensificando a colaboração com a gestão para enfrentar o aumento da complexidade de suas funções. O ambiente empresarial se tornou mais imprevisível, com temas como inteligência artificial generativa, cibersegurança e transição para uma economia de carbono zero agora dominando as agendas dos conselhos—assuntos que eram raramente abordados há uma década.

Colaboração eficaz como motor de criação de valor: Conselhos que mantêm uma parceria sólida com o CEO são duas vezes mais propensos a gerar um impacto significativo no valor de longo prazo das empresas. Esse alinhamento estratégico permite ao conselho focar nas questões mais críticas, como a avaliação contínua de alternativas estratégicas, o entendimento profundo das tendências do setor e a capacidade de adaptação rápida às mudanças do mercado.

Desafios para uma colaboração eficiente: Entre os principais obstáculos para uma colaboração efetiva estão a falta de alinhamento sobre prioridades, comunicação insuficiente e ausência de clareza nas responsabilidades. Essas barreiras frequentemente resultam em uma governança que prioriza questões fiduciárias, em detrimento de uma contribuição mais estratégica e impactante.

Colaboração como pilar de inovação e crescimento

Mais do que nunca, a colaboração entre o conselho e a alta gestão não é apenas desejável, mas essencial. Conselhos que trabalham lado a lado com o CEO são duas vezes mais propensos a criar valor significativo no longo prazo. Isso não se resume a uma questão de eficiência operacional, mas à capacidade de enfrentar a disrupção com uma visão integrada e estratégica. Pense em um conselho que, em vez de aprovar passivamente iniciativas, participa ativamente na co-criação da estratégia, desafiando a gestão a pensar além do óbvio, a explorar novas fronteiras e a questionar premissas obsoletas.

Essa transformação na governança está alinhada ao conceito de “antifragilidade”, proposto por Nassim Nicholas Taleb. Segundo ele, o objetivo não é apenas sobreviver às crises, mas usar a incerteza como combustível para o crescimento e a inovação.

Um conselho realmente conectado ao propósito e aos desafios da organização não se contenta em apagar incêndios — ele busca criar o próximo salto quântico, explorando o caos para impulsionar mudanças transformacionais.

Superando as barreiras da governança tradicional

No entanto, muitas organizações ainda estão presas a um modelo de governança arcaico, onde conselhos e gestão atuam em silos. A pesquisa da McKinsey aponta que a falta de alinhamento de agendas, comunicação inadequada e ausência de clareza nas responsabilidades estão entre as maiores barreiras para uma colaboração eficaz. Esses obstáculos podem transformar reuniões de conselho em uma simples formalidade, desperdiçando o potencial de uma discussão verdadeiramente estratégica e inovadora.Para superar essas barreiras, é fundamental repensar a própria estrutura e cultura do conselho. O sociólogo Zygmunt Bauman nos lembra que, na “modernidade líquida”, a capacidade de adaptação é vital.

Conselhos que mantêm uma postura rígida e burocrática são como navios pesados em um mar revolto — incapazes de mudar de direção e destinados a afundar. A nova governança demanda leveza, agilidade e uma cultura que valorize a transparência e a colaboração aberta.

O conselho como propulsor de transformação

Para que essa visão se torne realidade, é necessário um novo tipo de liderança no conselho. Um líder que seja capaz de inspirar, conectar e, acima de tudo, catalisar mudanças. Aqui estão algumas diretrizes práticas para presidentes de conselho que desejam transformar suas organizações em verdadeiros ícones de inovação e sustentabilidade.

Promova discussões visionárias: Provoque o conselho a olhar além do presente, explorando megatendências e possíveis disrupções que possam impactar o setor. Organize workshops de cenários futuros, permitindo que conselheiros e executivos imaginem diferentes trajetórias para a organização e se preparem para enfrentar desafios e oportunidades emergentes.

Transforme o conselho em um laboratório de ideias: Crie um ambiente onde ideias ousadas e inovadoras sejam incentivadas e experimentadas. Encoraje a participação ativa em sessões de brainstorming e não tema a experimentação. O conselho deve funcionar como um espaço de inovação, onde novas ideias possam ser testadas e refinadas, em vez de simplesmente validar o status quo.

Estabeleça uma cultura de feedback e aprendizado contínuo: Adote práticas regulares de autoavaliação e desenvolvimento, onde os membros do conselho reflitam sobre seu desempenho e busquem melhorar continuamente. Incentive o aprendizado constante sobre novas tecnologias, modelos de negócio e tendências de mercado para que o conselho se mantenha relevante e bem-informado.

Alinhe propósito e estratégia: Garanta que todas as decisões do conselho estejam profundamente conectadas ao propósito maior da organização. Conselhos que integram preocupações sociais e ambientais em sua estratégia inspiram a empresa a ir além dos resultados financeiros, criando um impacto positivo e duradouro para a sociedade.

Fortaleça a conexão com stakeholders externos: Amplie a visão do conselho envolvendo especialistas externos, representantes de comunidades e outros stakeholders em discussões estratégicas. Essa diversidade de perspectivas ajuda o conselho a tomar decisões mais informadas e abrangentes, considerando não apenas o sucesso financeiro, mas também a sustentabilidade e a responsabilidade social da organização.

Uma nova era de liderança

À medida que navegamos por tempos de incerteza e transformação, a liderança dos conselhos de administração precisa evoluir. Não se trata apenas de cumprir uma agenda ou garantir a conformidade; trata-se de inspirar, guiar e capacitar a organização para se tornar mais resiliente, inovadora e alinhada com o futuro. A nova governança não é uma simples evolução — é uma revolução. Cada líder de conselho tem a responsabilidade e a oportunidade de ser o arquiteto dessa mudança. E, além de inspirar e direcionar a organização, ele deve atuar como um guardião estratégico que combina visão de longo prazo com uma gestão de riscos eficiente.

Quando o conselho assume uma postura proativa e colaborativa, ele não só responde mais rapidamente às crises, mas também as antecipa, moldando estratégias que não apenas mitigam riscos, mas transformam incertezas em vantagens competitivas. A eficiência na gestão de riscos, um dos pilares dessa nova liderança, não se resume à proteção contra perdas potenciais, mas envolve a capacidade de transformar vulnerabilidades em alavancas de crescimento.

Por meio de uma governança conectada e informada, os conselhos podem identificar oportunidades em meio à volatilidade, explorando novas tecnologias, mercados e modelos de negócio que outros enxergam apenas como ameaças. Com uma liderança inspirada e um conselho engajado, é possível construir uma organização que não apenas sobrevive, mas prospera em um mundo em constante mudança. Essa é a promessa da nova governança: ir além da supervisão e do controle, para se tornar um verdadeiro parceiro estratégico na construção de um futuro mais forte, mais inovador e mais sustentável. É essa visão que diferencia os líderes que moldam o futuro daqueles que são simplesmente espectadores dele.

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Karen Cesar

CEO e CHO RedBandana Branding and Design for Business Longevity, Abedesign ESG Committee President, ESG Transformation Facilitator, Happiness Science, Circular Design, Cannes Lions Design Jury, Lego Serious Play Fac.

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É exatamente o que nós acreditamos! Pensamento que deu origem à nossa metodologia RedBandana PERC. Ela foi criada para facilitar e sistematizar essa colaboração e transformar os insights em ação. Integra Visão Sistêmica do Design, Ciência da Felicidade no Trabalho e Lego Serious Play para colocar o que é valor para cada grupo de interesse no centro das decisões e os pilares ESG no DNA das marcas. Longevidade para o negócio, performance, felicidade da equipe, inovação, melhoria contínua e redução de impacto negativo são outcomes do nosso método de colaboração sistematizada. Constellation, Oil States Brasil e Euroconsumers Brasil são empresas que passaram por esse processo com a gente. Andiara Petterle obrigada pelo texto! Vamos conversar?

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