Decreto de Janeiro
“O passado deve ser nosso professor, não nosso senhor” (Ed Catmull).
Ainda sob as perspectivas do vir a ser, li o trecho acima hoje pela manhã a caminho do trabalho. Aliás, os insights matinais moldam todo o meu dia, minha agenda diária é composta por pensamentos efervescentes nas primeiras horas. Ou seja, nada de redes sociais, notícias auspiciosas ou tragédias alheias dos noticiários.
Nossa mente precisa desse instante de conexão e esvaziamento. Aprender a se conectar com seu interior é a chave para o autoconhecimento, tão em alta nos últimos tempos. A receita que funciona para mim é a leitura.
As palavras e os pensamentos alheios são ferramentas para ampliar vocabulário, para repensar conceitos, postura, extrair ideias e ser agraciada com uma fonte inesgotável de inspiração.
Quem escreve precisa dessa catarse! Como um filme recém-assistido, ainda me recordo dos conselhos da professora de português: leitura constrói pontes, permite que viajemos e vivamos infinitas possibilidades de vidas e histórias, eras e paixões.
A leitura amplia nosso vocabulário, humaniza, porque aumenta a nossa capacidade de empatia, e potencializa a mente, uma vez que expande a memória, melhora as sinapses, além de ser o biotônico para a criatividade.
Ok! Esse é um recorte para atingir o meu primeiro pensamento ao ler a frase impactante acima. Ela faz parte da aventura deliciosa de conhecer os bastidores e insights que motivaram a trajetória da Pixar, desde a sua gênese no livro Criatividade S.A.
Não se trata de observar o passado em busca de uma receita de sucesso, na verdade, o propósito é elucidar e repensar o aprendizado, o processo, a caminhada.
Explico. O excerto, que molda este texto, trata de um aspecto negativo, inerente a toda criatura, detentora ou não de racionalidade, o de extrair de uma experiência apenas a sabedoria contida nela, conforme Mark Twain “Devemos evitar sair de uma experiência somente com a sabedoria que nela está – e parar por aí”.
Catmull convida o leitor para uma inflexão, já que o passado, como o futuro, abriga incertezas, uma vez que não recordamos 100% de determinado episódio de nossa história, eis aí um modelo mental pelo qual comportamentos e valores serão determinados.
O autor afirma ainda que “nossos modelos mentais não são a realidade. São instrumentos, como os modelos usados para prever o tempo”. Diferentes personagens da mesma história terão perspectivas e lembranças distintas. E nós julgamos a nossa visão como a mais adequada e correta. Por isso, a frase de destaque traz uma clareza para esse início de ano.
“O passado deve ser nosso professor, não nosso senhor”, porque não deve escravizar nossas perspectivas, anseios e sonhos. O passado pode ser comparado à figura do adulto, cujos sonhos e as fantasias da infância foram guardados no baú do esquecimento.
Figura essa que se despoja de ilusões e fantasias e “mata” a sua criança interior. O futuro, sob o mesmo viés, é a criança que cria personagens, tem amigo imaginário e sonha. Sonha porque a realidade não basta. Sonha porque a vida requer a magia.
E nós, no presente, cambiamos entre esses personagens: senhor e professor, adulto e criança.
Olhamos para o passado para entender. Espreitamos o futuro para ser. Ser? Claro, desejamos mudanças, novidades. E no dia de ano, construímos nossa lista de tarefas, de livros, elaboramos um balanço, sob a névoa da mudança de ano, de década.
Traçamos planos, construímos castelos. A mudança é necessária. Mas resta perguntar-se: eu quero mudar? Como? Por onde começar?
O primeiro passo, depois da leitura, é olhar o horizonte, aceitar o insight, sorrir, assentir com a cabeça, vestir “sua roupa de viver” e seguir. Para onde? O destino pouco importa. Aproveite a caminhada, o caminho. Viva e desfrute dos próximos 363 dias.
Psicóloga Organizacional | Especialista em Desenvolvimento de Lideranças Consultora de RH | Educação Corporativa | Mentora no IVG |
4 aEncantada com a sua mensagem! `Parabéns.