Depois de 30 anos, contemplamos o Himalaia de Vasily Vereshchagin
A cordilheira retratada na obra Os Himalaias à tarde, do russo Vasily Vereshchagin em 1875, agora é visível a mais de 160 quilômetros de distância a partir de alguns pontos no norte da Índia, devido aos baixos níveis de poluição do ar durante a pandemia do coronavírus. A pintura produzida durante a expedição do autor no país por dois anos, narra não só a beleza do Himalaia, mas revela sua jornada difícil enfrentada nos diversos obstáculos ao longo do caminho, acompanhado de sua esposa.
Essa jornada do artista nos ensina nesse período de pandemia em que estamos, que há um sopro de esperança, ou poderíamos dizer, um respiro de vida que damos à Terra. Podemos aprender na inspiração profunda de sua paisagem, as possibilidades de resiliência que podemos criar durante o distanciamento social. Como tem sido difícil habituarmos o nosso olhar e contemplar a mudança que aos poucos vem se desvelando pelos quatro cantos da Terra, em suas simples transformações naturais e habituais.
Vereshchagin mesmo sendo reconhecido pelas suas obras de batalha, compõe a pacificidade da natureza. Seria um convite para nós, que diante desse tempo epidêmico, não conseguimos lidar com os desafios constantes de nosso próprio eu e o outro, e em campo de batalha enfrentamos nossas identidades, não conseguimos suportar nossa natureza. É possível diante de isolamentos, conseguirmos educar nossos hábitos para sentir nossos pés no chão, treinar nossos olhos para contemplação, encontrar as motivações do coração?
"Contemplar o belo é fazer das pequenas coisas um espetáculo aos nossos olhos... É descobrir as coisas lindas e ocultas que nos rodeiam... É perceber além das imagens e das palavras..." Fênix Faustine.