Apesar das marcantes diferenças nas perspectivas de carreira e nos conceitos de sucesso e felicidade entre as gerações X, Y e Z, muitos jovens profissionais ainda sonham em alcançar uma posição de liderança ao longo de sua jornada.
No entanto, para os profissionais das gerações mais recentes que almejam ascender à liderança, a escassez de modelos a serem seguidos adaptados à realidade atual configura-se como um dos grandes obstáculos a serem superados.
Os métodos e estratégias que catapultaram líderes das gerações X e Y para posições de destaque não se encaixam, mais, em um ambiente agora definido por sua agilidade, complexidade, ambiguidade, diversidade, fluidez e hiperconexão.
Portanto, para esses candidatos a líderes, é essencial abordar o caminho para liderança com novas perspectivas e estratégias, que ainda estão em processo de formação e definição - se é que um dia serão, novamente, formadas e definidas.
Hoje os profissionais precisam navegar por cenários em constante mudança, onde a rápida inovação cria uma sensação de eterna desatualização e ansiedade, a abundância de informações causa mais insegurança que alívio e as decisões precisam ser tomadas em meio à essa incerteza.
A liderança, neste contexto, não é apenas sobre gerenciar equipes, mas sobre ser um farol em meio ao caos, alinhando, facilitando, guiando e inspirando outros em direção aos objetivos comuns e sendo o guardião de valores e da cultura.
A ideia, nesse artigo, é explorarmos alguns dos desafios que o mundo moderno apresenta para aqueles que buscam se tornar os líderes da próxima geração e possíveis soluções para que sejam superados.
- Um mundo que demanda uma capacidade de "adaptação" cada vez mais rápida, até isso não fazer mais diferença: novos problemas e novos cenários não vão parar de surgir, assim como novas tecnologias serão constantemente criadas e lançadas em uma frequência cada vez mais intensa. Adaptar-se passará primeiro por uma fase em que significará a capacidade de cada profissional de dominar rapidamente as competências e habilidades necessárias para cada nova realidade que se impuser, até se transformar no entendimento de que a velocidade da transformação atingiu patamares tão elevados e brutais que o verdadeiro preparo será não se deixar levar e se angustiar com isso, usando as habilidades essencialmente humanas e perenes como diferencial.
- Gestão de diversidade e promoção da inclusão como caminhos para mais empatia, centralidade do cliente e inovação constante: com equipes cada vez mais diversas em termos de cultura, gênero, idade e experiência - para citar apenas alguns fatores, os líderes que conseguirem promover um ambiente inclusivo, respeitoso e que seja propício à manifestação do protagonismo de cada profissional serão aqueles que causarão mais impactos positivos. Diferentes visões e perspectivas não serão algo a se gerenciar, mas sim a verdadeira alavanca para a inovação e para soluções mais aderentes a cada público, cada desafio.
- Liderança ágil, remota e pervasiva - menos comando e controle, mais alinhamento, maestria e propósito: com o aumento do trabalho remoto e da prevalência cada vez maior de equipes dispersas globalmente, em ambientes digitais, os novos líderes precisarão desenvolver habilidades que os libertem da antiga dependência do mundo corporativo do controle do tempo, da presença, do "corpo" e da "mente" de cada profissional e focar suas atenções no alinhamento necessário para que os times, de forma integrada e conjunta, tragam os resultados necessários, de forma colaborativa e com dinâmicas que favoreçam o perfil de cada um.
- Inteligência emocional: em um mundo hiperconectado, acelerado, onde profissionais humanos terão que aprender a conviver com algoritmos e máquinas altamente produtivas assumindo papéis que antigamente eram seus, a capacidade de manifestar características inerentemente humanas, gerenciar emoções e promover bem-estar mútuo é vital.
- Navegação na ambiguidade e na ambidestria: a capacidade de navegar pela ambiguidade em uma sociedade exponencial, acelerada e com excesso de informações tornou-se uma competência essencial para novos líderes. Ambiguidade refere-se à incerteza, à falta de clareza e à imprevisibilidade que muitos líderes enfrentam ao tomar decisões em cenários complexos. Em tais situações, soluções tradicionais, lineares e caminhos bem definidos e claros muitas vezes não se aplicam, exigindo dos líderes uma mentalidade flexível e a habilidade de operar sem todas as respostas. Junto a isso, a ambidestria, no contexto da liderança, refere-se à habilidade de um líder em gerenciar e equilibrar demandas aparentemente contraditórias. Isso pode envolver a gestão simultânea de operações consolidadas enquanto se explora novas oportunidades, o foco nas pessoas e nos resultados, a segurança com a fluidez ou equilibrar a inovação com a eficiência operacional. Líderes ambidestros são capazes de alternar entre diferentes modos de pensar e operar, adaptando-se conforme as circunstâncias exigem. Para os líderes modernos, isso significa ter a capacidade de manter o curso em meio à incerteza, enquanto se mantém aberto a novas possibilidades e abordagens. Requer também a habilidade de aprender rapidamente com os erros, adaptar-se com base em novas informações e estar disposto a pivotar quando necessário. Em um ambiente de negócios que valoriza tanto a estabilidade quanto a inovação, a ambidestria e a capacidade de navegar pela ambiguidade são competências cada vez mais imprescindíveis e inestimáveis.
- Articulação digital e fluência tecnológica: para a nova geração de líderes que está se formando a articulação digital e a fluência tecnológica não são apenas duas entre tantas habilidades necessárias. Tratam-se de uma base primordial para que se possa cumprir as exigências constates de eficácia e de inovação. Nascidos e criados em um mundo digital, esses líderes emergentes enfrentam um ambiente de negócios onde a tecnologia é a força motriz que torna possível a escalada exponencial da maioria das operações, estratégias e inovações. Compreender profundamente as implicações, oportunidades e riscos associados às tecnologias emergentes - desde a internet das coisas, a Web3, a inteligência artificial até as novas tecnologias que ainda não estão no radar - é crucial para tomar decisões informadas e manter as organizações à frente da concorrência. Esses jovens líderes devem adotar uma mentalidade de crescimento, que demanda uma abertura para o aprendizado, para a adaptabilidade e para a experimentação de novas soluções. A colaboração interdisciplinar entre negócios e tecnologia torna-se essencial para que a cocriação de estratégias inovadoras e soluções eficazes ocupe eficazmente seu espaço. Por fim, com o poder da tecnologia vem uma responsabilidade inerente. Jovens líderes devem garantir que a adoção e implementação de tecnologias sejam realizadas de maneira ética e transparente, alinhadas não apenas aos objetivos de negócios, mas também aos valores sociais e organizacionais. Em um mundo onde a tecnologia molda quase todos os aspectos da vida, a fluência tecnológica é uma competência inestimável para os líderes da próxima geração.
- Autoconhecimento e autodesenvolvimento contínuo: ser líder não se restringe apenas em viabilizar e promover o alinhamento e o desenvolvimento dos profissionais e dos times, mas também de perceber o quanto o próprio desenvolvimento precisa de cuidados. O "aprendizado ao longo da vida", tão aclamado, dá espaço ao reconhecimento de que o aprendizado, por si só, é a vida, e a vida é o aprendizado que construímos ao longo dela. Entender suas lacunas, suas prioridades e que estratégias devem ser adotadas para seu aprimoramento contínuo, tomando a liderança também desse processo demonstra o verdadeiro entendimento da importância do crescimento.
- Consciência, sustentabilidade e responsabilidade social: a crescente ênfase na pauta ESG (Ambiental, Social e Governança) reflete uma mudança fundamental na maneira como as empresas são avaliadas, tornam-se atrativas para clientes e profissionais e como operam em seu dia a dia, além dos discursos. Para os candidatos a líderes modernos, a sustentabilidade e a responsabilidade social não são mais diferenciais ou características desejáveis, mas sim imperativos estratégicos sem os quais o futuro não só da companhia quanto do planeta ficam em risco. A responsabilidade vai além dos relatórios anuais e compensações meramente financeiras e se manifesta na cultura e nas decisões diárias, desde a escolha de fornecedores até práticas de contratação e desenvolvimento de produtos. Novos líderes precisam reconhecer que a verdadeira sustentabilidade se traduz em valores, em práticas, na cultura e na estratégia e da organização e demanda resiliência no longo prazo, mas que oferece como contrapartida o fortalecimento da marca e criação de valor não apenas para os acionistas, mas para todos os participantes e para a sociedade como um todo.
- Gestão de Expectativas: a noção tradicional de carreira, muitas vezes linear e hierárquica, está sendo desafiada pela geração mais jovem, que busca mais do que apenas um salário ou um título. Eles buscam propósito, impacto e um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. Para os líderes, isso significa criar ambientes que valorizem a autenticidade, promovam o crescimento contínuo e reconheçam a importância do bem-estar mental e emocional. A retenção de talentos e a motivação da equipe dependem, em grande parte, de uma gestão de expectativas alinhada com esses novos valores.
- Comunicação Efetiva: em uma era de notificações constantes, mídias sociais e fluxos intermináveis de informações, a capacidade de comunicar-se de forma clara e concisa tornou-se uma arte. Líderes eficazes reconhecem que a comunicação não é apenas sobre transmitir informações, mas também sobre ouvir ativamente, construir confiança e criar um diálogo aberto. Eles são adeptos de adaptar sua comunicação a diferentes públicos e plataformas, garantindo que sua mensagem seja compreendida e ressoe. Em tempos de crise ou mudança, uma comunicação eficaz pode ser a diferença entre a confusão e a coesão.
Você é um jovem profissional e quer trilhar o caminho da liderança?
Como você se avalia frente a esses 10 desafios e competências?
Qual seu plano para estar cada vez mais preparado para as demandas da liderança do futuro?
Então encaminhe para que mais gente possa interagir e mande sugestões de temas e pautas sobre Liderança 4.0, aprendizagem contínua, empreendedorismo e inovação na realidade exponencial.
Especialista em Carreira / Preparação para Processo Seletivo / Empregabilidade / Desenvolvimento de Carreira / Coach
1 aDaniel Orlean excelentes pontos. A Liderança assim com a tecnologia precisa se adaptar aos novos tempos. Lembrando que o estilo de liderança pode e deve variar de acordo com cada situação ou interlocutor. Parabéns pelo artigo.
Consultora de Carreira | Especialista em Transição de Carreira, Recolocação e Outplacement | Professora Universitária | LinkedIn Top Voice.
1 aMuito legal Daniel Orlean! A gestão de diversidade e promoção da inclusão acredito que será um desafio, mas de maneira orgânica vamos superando-o. Ainda acredito que a liderança remota, ágil e persuasiva será uma das maiores dificuldades dos lideres atuais e futuros.
PhD | Eticista em lA | Advogado | Governança de IA | Founder da Technoethics| LinkedIn Top Voice
1 aÓtimo artigo, Daniel Orlean !
DevOps Engineer (DevSecOps)| Cyber Security, Cloud Services | AWS | Kubernetes | Terraform |SAST/DAST | NSE 3
1 aSimplesmente perfeito, Daniel Orlean!!!
LinkedIn Top Voice | Desenvolvimento de Liderança | Especialista em Soft Skills | Produtividade COM Bem Estar | RH | Mentora | Palestrante | Conselheira | Triatleta. 15 anos de experiência, +20mil pessoas impactadas.
1 aPerfeito Daniel Orlean. Sem dúvida as habilidades sócio-emocionais, soft skills ou power skills, como alguns preferem chamar, têm uma grande parcela de contribuição no sucesso do líder. Gostei de você ter trazido a diferença entre as gerações. Certamente o comportamento, mindset e influência do meio, de cada perfil, impactará no Gap de cada indivíduo.