Desafios reputacionais do ciclo de investimentos em infraestrutura

Desafios reputacionais do ciclo de investimentos em infraestrutura

Estamos às portas de um novo ciclo de investimentos em projetos de infraestrutura no Brasi. A Abdid estima que até 2026 cerca de R$ 600 bilhões serão investidos, com destaque para os setores de saneamento, energia elétrica e rodovias. Isto significa que nos próximos anos estaremos em um enorme canteiro de obras, com os desafios inerentes desse processo para a reputação das organizações e o engajamento com seus stakeholders.

Grandes obras não são processos triviais. Elas geram impactos profundos na economia, nas comunidades do entorno, nas cadeias de valor mobilizadas e até mesmo em regiões mais distantes. E esses impactos precisam ser administrados adequadamente para que o conjunto dos stakeholders consigam aceitar o incômodo presente em troca do benefício futuro.

Entre os impactos da implantação dos projetos de infraestrutura, podemos destacar:

  • Mobilização e desmobilização de trabalhadores, podendo gerar escassez localizada de mão de obra e migrações;
  • Impactos no tráfego, por conta das intervenções no trânsito, desvios, transporte de grandes equipamentos e outros;
  • Ruídos gerados por determinados processos construtivos;
  • Alta da demanda no comércio e serviços locais, para atender os profissionais mobilizados para o projeto.

Negligenciar esses impactos pode trazer um custo alto para a reputação dos responsáveis pelos projetos. E como estamos em um ciclo liderado por investidores privados, movidos por parcerias público-privadas articuladas por iniciativas como PAC e PPI, é a reputação das concessionárias e seus grupos econômicos que está em jogo.

Essas concessionárias não responderão apenas pelas obras, mas também pela operação da infraestrutura construída ou ampliada. Por isso, a construção e o posicionamento da marca precisam começar desde o início, uma vez que o seu relacionamento com a comunidade deve permanecer ao longo do período da concessão. Começar bem, estruturando uma estratégia de comunicação e engajamento que entregue desde o primeiro momento os valores e o propósito da concessionária, é fundamental.

Entre as iniciativas que a empresa precisa adotar nesse início, poderia destacar:

  • Mapear os riscos à reputação da concessionária antes do início das obras;
  • Estruturar canais de relacionamento permanente com lideranças locais, tanto as autoridades - prefeitos, vereadores - quanto as da sociedade civil;
  • Considerar a comunicação no cronograma da obra, identificando os milestones que demandam uma divulgação proativa;
  • Monitorar a repercussão da obra nas redes sociais, identificando rapidamente eventos que geram críticas da sociedade para responder com agilidade e revisar a rota, se necessário.

A hora para se planejar para esses desafios é agora, enquanto as grandes obras não começam.

Wellington Bahnemann

Gerente de Comunicação Externa | Relacionamento com a Imprensa | Comunicação com os colaboradores | Produção de Conteúdo | Gestão de Crise | LinkedIn

11 m

Paulo Roberto Silva, acrescentando um ponto na discussão, este novo ciclo de investimento em infraestrutura tem início justamente em um ano de eleição, o que acrescenta uma cada adicional de risco para investidores privados ao pensar na gestão da reputação. Mesmo que sejam eleições municipais, há risco de apropriação das obras ou de associação de imagem com candidatos.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos