Descansando - o poder (e a importância) da desconexão
Quando eu era pequena me lembro de dizer cheia de mim: "Eu não gosto de dormir. Dormir é perder tempo”.
No alto de meus quinze anos não conseguia compreender o fato de alguém querer acordar tarde, dormir à tarde ou ainda… dormir cedo. Para quê dormir afinal, se a vida se vive acordado?
Eu tinha uma pressa, uma sede de viver…
Ainda tenho essa pressa.
Mas a maturidade relativizou um pouco as coisas.
Continuo não sendo muito fã de dormidas longas, gosto da ação e do movimento, mas aprendi sobre a importância do descanso. Com a cabeça descansada eu sou melhor, tenho ideias mais incríveis e dou soluções mais inovadoras para os problemas.
É interessante como as nossas verdades mudam com o tempo. E ok, isso é lindo.
Eu mudo, mudei e mudarei. Sempre.
Estou muito longe de ser uma mestre-zen da tranquilidade (absolutamente pelo contrário) mas me esforço para prestar atenção na necessidade que tenho de parar a “piscina de ondas”que costuma ser a minha mente.
Somos influenciados à estarmos online, conectados, sabendo de tudo. Com isso acabamos sofrendo de uma ansiedade constante - pensando que podemos estar perdendo um momento incrível que está acontecendo em outro lugar.
Já sentiu isso? Sentimento tão comum que tem até nome : FOMO (Fear of missing out - “medo de estar de fora” em tradução livre).
As escolhas dos outros, cada vez mais estampadas nas redes sociais nos trazem uma imensa ansiedade. Uma vontade de estar em todos os lugares (mesmo que virtuais) ao mesmo tempo.
Você se pergunta: O que eu deveria estar fazendo? | O que eles sabem que eu não sei? | Sou significante?
Na palestra “Fear of Missing Out” para o TEDx Cambridge, Priya Parker conta um pouco da sua história e sua decisão pela mudança. Ela nos lança perguntas diferentes e o conceito de aceitar o que ela intitulou “sub-optimal outcomes” (resultados abaixo dos melhores níveis) refletindo sobre : Que tipo de vida eu quero? | O que eu quero da vida? |Este é o melhor jeito possível de utilizar o meu tempo?
O sentimento de FOMO estimula o não descanso e a constante conexão - e isso não é bom.
Confesso que sou do tipo que nem sempre desliga o computador ao final de um dia de trabalho. E por quê? Simplesmente pelo fato de que quero começar exatamente de onde parei, no dia seguinte.
E isso é produtivo. Definitivamente não. Quantas vezes o computador já pirou, travou e me fez esperar uma longa reinicialização. Só pode ser o deus-do-descanso falando “Páraaaaaa”.
A tentativa é justamente trocar essa ansiedade doida por um outro conceito, antigo no mundo, mas com um nome novo: JOMO.
JOMO não é exatamente o contrário de FOMO, mas acredito que seja a sua “flexibilização”. Significa: Joy of missing out (ou "alegria em estar de fora”em tradução livre).
O excesso de conectividade pode minar nosso foco do momento presente, diminuindo a produtividade e prejudicando a interação com outras pessoas.
Saber que existe uma infinidade de coisas acontecendo por ai, mas mesmo assim seguir fazendo o que escolheu fazer (ou não fazer nada) é: libertador!
É sobre repensar o significado da palavra ‘sucesso’. Deixar de lado os arrependimentos e responsabilizar-se por suas escolhas. Entender que o melhor lugar é estar aqui e agora.
No livro “The Joy of Missing Out: Finding Balance in a Wired World” ainda sem tradução para português (em tradução livre: A alegria de estar de fora: encontrando equilíbrio em um mundo conectado), a autora Christina Crook (@dailyjomo) nos conta sobre as suas experiencias e nos ajuda a refletir sobre esta importante escolha - querer e aceitar estar “de fora”.
Decidir quando "estar dentro”, quando "estar fora" e quando “não estar” (e descansar) é uma atitude sábia.
Ernest Hemingway, escritor norte-americano e Nobel de Literatura dizia assim "Eu ainda preciso de mais descanso saudável para trabalhar no meu máximo. Minha saúde é meu capital principal e eu tenho e quero administrá-la inteligentemente”.
E a saúde, que sempre nos foi notável, agora tornou-se determinante e é o centro da questão. Quando não descanso, eu adoeço.
Burn Out é coisa séria, acontece de verdade e não é nada produtivo. O estresse crônico causado pelo trabalho pode levar o corpo e a mente ao esgotamento .
Ser “workahoolic” já é “demodê” há décadas. A grande onda é ser equilibrado, apresentar grandes entregas no trabalho conseguindo manter-se saudável e sociável.
Temos ainda nesse momento, o agravante da situação de pandemia, que estamos vivendo, e a atenção deve ser redobrada. De acordo com a psicóloga da saúde Elke Van Hoof, os bloqueios mundiais provocados pelo COVID-19 prepararam o terreno para "indiscutivelmente o maior experimento psicológico já realizado”.
Enquanto enfrentam o isolamento, a recessão econômica e o estresse sobre o próprio vírus, 45% dos adultos norte-americanos disseram à Kaiser Family Foundation que sua saúde mental piorou.
Esta primeira semana do ano nos convida a planejar, programar e pensar sobre as possibilidades do ano que se inicia. Ótimo momento para dosar o descanso nas nossas vidas.
Te deixo aqui com uma provocação, através de uma historinha bem conhecida:
Reza a lenda que um sapo, ao ser colocado em uma panela com água, nada tranquilamente. Se alguém acender o fogo, ele não percebe a água esquentar. Fica ali, curtindo o quentinho. Até que a panela ferve, e… você já sabe o final.
Se você está ai pensando: "eu não tenho que descansar, comigo tá tudo certo"… te provoco. Olhe à sua volta. A água pode estar esquentando.
Planejamento Operacional de Consignado
4 aQue lição! Gostei muito, sábias palavras.
Gestor de Processos Comerciais e de Marketing - CPA 10 / CPA 20
4 asua cara isso 👏
Se aplica a vida de todos nós, temos que refletir.