Descobrindo a importância de entender a vivência das mulheres que nos formaram: reflexões sobre quebrar padrões e construir um futuro melhor.
A casa da minha mãe está em reforma e ela está passando uns dias aqui. Estávamos na cama e, por um momento, ela disse: "Você é uma ótima dona de casa, comprou suas coisinhas, sempre paga as contas em dia e faz o mercado. Só precisa lavar as roupas com uma maior frequência." Eu, com sono, achei engraçado, mas amanheci entendendo que tudo o que minha mãe está vivenciando nesses dias é totalmente novo. Ela engravidou aos 16 anos e nunca morou sozinha. Sem contar que, na minha idade, ela tinha dois filhos e eu não tenho nenhum por enquanto. Percebi que, aos poucos, ela foi gostando de estar aqui e de 'brincar de casinha'. Cuidando de detalhes que, como alguém que mora e trabalha no mesmo lugar, já não tem mais o mesmo olhar.
Enfim, o que eu quero dizer com tudo isso? É que nós precisamos entender a vivência das mulheres que nos formaram por dois motivos:
Todas as minhas priminhas estão crescendo com a imagem de uma mulher que mora sozinha, solteira e sem filhos, que criou um negócio próprio. E isso não desenha e não define que sou alguém melhor, mas mostra que podemos ter outras possibilidades. Fico muito feliz quando vejo minha prima sonhando em ser independente, de uma forma positiva e sem dor. Já que transformei meu sonho de independência em cima de uma ótica onde as mulheres estavam sempre trabalhando muito e vivendo pouco.