Desde Zumbi Para Além Dele – O Despertar da Consciência Negra
Quando entra o mês de novembro já se escutam os tambores chamando todo o povo a despertar. Desperta!
Esse chamado de Zumbi nos convida a despertarmos. Cada um na profundidade que consegue, e também na que se propõe, para a Consciência Negra.
Marca-se, então, o giro de mais um ciclo precioso de oportunidades para honrarmos o seu legado e de tantos outros que passaram por um caminho árduo para que nós não precisemos viver as mesmas coisas. Temos os aprendizados na mão, temos essa chance, temos esse merecimento. Toda a minha honra a ti, Zumbi.
Zumbi morreu ensinando e clamando Vida! Zumbi abriu caminhos para que a liberdade se concretizasse! Zumbi serviu esperança! Viva Zumbi! Vida!
Assim como Zumbi era verdadeiro com suas crenças, neste artigo não podemos trazer nada além dos nossos eus verdadeiros. Nós dois poderíamos ficar aqui floreando sobre a importância da data, mas, antes de tudo, é preciso reconhecer a importância da luta para todos nós, para além da data. Aqui contaremos trechos sobre o nosso despertar, para que então você reconheça ou busque o seu.
Eu, Melissa, na posição de mulher preta, da periferia de São Paulo, fui criada pela minha mãe branca, que num ato genuíno de amor, me defendeu de toda a carga que minha cor trazia, deixando apenas a beleza. Isso me fez ter uma infância e adolescência maravilhosas, porém pouco consciente dos ataques do mundo. Essa educação me fez preservar a minha inocência, até que eu criasse forças para assumir o diferente que sou.
Já na vida adulta, a realidade foi diferente. Há 5 anos, sofri mais um ataque racista. Trabalhei em um local onde uma pessoa me assediava frequentemente. Todos os dias ela me dava bom dia e perguntava como estavam as coisas na Senzala, maneira “carinhosa” a qual ela chamava a sala que eu ficava. Eu comecei a me incomodar – e demorou mais do que devia – até que comentei com minha supervisora branca que imediatamente se levantou e gritou: ISSO É RACISMO! Eu, ainda sem graça, como se fosse a culpada por isso acontecer, chorei com MEDO do que ela ia fazer com quem me agrediu. Ter que ser defendida por uma pessoa branca marcou o começo do meu despertar da Consciência Negra. Ali eu percebi que precisava me posicionar diante das minhas prisões internas. Ninguém tinha mais o direito de me botar numa “Senzala”.
Eu, Douglas, homem negro, nascido sob uma condição social bem pobre, consegui minha ascensão (social) construída pelo forte - e praticamente indestrutível - pilar da educação.
Fui criado por mulheres pretas - mãe e avó, minhas rainhas - sem conhecimento acadêmico formal, que me ensinaram a força, a beleza e a luta de ser negro, de conquistar o meu próprio espaço diariamente, constante e incansável e, assim, abrir portas para os demais.
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Munido de conhecimento e informação, busco sempre trazer à tona reflexões e provocações para que, juntos, consigamos nos libertar dessas amarras tão sofridas e dolorosas.
Nossa luta e responsabilidade é, primeiramente, com nós mesmos. Como eu quero me sentir em determinadas situações? Como eu quero que as pessoas me tratem? Como quero tratar as pessoas? Quais são os meus limites pessoais? Qual é o meu papel como pessoa preta (ou branca) na luta? Ao nos questionarmos e agirmos, nos sentiremos livres. Liberdade! Zumbi e Dandara vivem!!
Cada vez que um preto se liberta, seja das suas próprias correntes ou de correntes externas, Zumbi vive! É isso que ele nos ensinou: a correr para a liberdade e não dela, e trazer quem puder. Por isso estamos construindo este texto.
Zumbi vive, assim como nós, na liberdade, sem amarras sociais, crenças limitantes ou correntes platônicas. Consciência Negra é enxergar caminhos, usar tudo que nos é servido de aprendizados, métodos, sentimentos, angústias, beleza e força a nosso favor, para que nos sintamos livres.
Ser livre é também ouvir, ter espaços de troca. Aqui na ClearSale temos o Ubuntu, um grupo de inclusão cujo objetivo é ser um espaço para aproximar as pessoas, gerar discussões, reflexões, elaborar ações e atividades referentes à questão racial negra, não só das questões da empresa, mas da sociedade como um todo. Através da troca, o grupo busca o crescimento de todas as pessoas em conjunto – sem exceções.
E, sim, se você é uma pessoa não preta, você também precisa despertar e se libertar. Os padrões que você carrega nos prendem, e prendem você também. Sua liberdade vai chegar quando você se sentir fazendo sua parte. O despertar vai chegar, e você vai viver a avalanche de questionamentos e ações necessárias para fazer diferente, para ver uma mudança no mundo.
Aproveitemos! Temos um mês recheado de oportunidades para enxergar como podemos libertar a nós e ao outro – que seja o início. Enquanto nós, pretos, não formos totalmente libertos, ninguém será. Não existem amarras de uma via só.
Então, seja você da raça que for, pegue essa chuva de oportunidades que esse mês oferece e se alimente de aprendizados para seguir o caminho com a sua bagagem cheia de motivação para fazer o que precisa ser feito: contribuir para uma sociedade livre e com igualdade de oportunidades.
Viva Zumbi e Dandara e tantos outros e outras que viveram por - e agora em - nós!
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2 aViva Zumbi, Dandara! Nosso abraço pela Resistência e pela alegria de sermos quem somos. Parabéns pela iniciativa! Parabéns Melissa Polillo ✊🏾 e Douglas Lacerda Que a discussão que o mês ou o dia da consciência em todos os lugares e nas empresas desperte a consciência de que já chega da reprodução do racismo! Basta! Aquela pergunta para reflexão: Quantos negros existem na escola (se particular), no restaurante bacana, no curso ou na viagem cara que possam estar e se perguntem... Por que há tão poucos negros e negras nesses espaços? Racismo é a resposta. Estrutural... Dentre outras, a pergunta é boa para o início do estudo, do aprofundamento da questão. Há vasta literatura, de autores negros sobre o tema. Avante!