Como pessoas da academia podem desenvolver soft skills e ter o emprego dos sonhos
Um dos maiores problemas na vida de uma pessoa altamente qualificada, e aqui eu falo das que possuem doutorado, é a falta de perspectiva quanto ao futuro.
Tá difícil...
Digo isso com tranquilidade. Conheço diversas gentes que estão se sentindo assim. Um dos motivos para isso estar acontecendo é que o futuro que elas imaginavam não existe mais.
Ele passava por um concurso público para seguir a carreira de docente/pesquisador.
E no cenário do Brasil atual, cheio de negacionismo, não tem futuro. Só queimadas!
Porém, jamais passou pelas cabeças dessas pessoas que elas poderiam atuar na indústria. Por uma grande razão: nunca receberam o incentivo de nenhum professor a pensar fora do contexto acadêmico.
A gente entra na academia para ser um acadêmico e não um profissional!
Resultado? Um legião de pessoas com uma bagagem absurda de conhecimento, parada em casa, esperando a morte da bezerra chegar, quando poderia estar atuando em empresas. Nem vou entrar na seara das empresas, fica pra outro momento.
O motivo? Não desenvolveram qualidade as chamadas soft skills. Ou não sabem que tem. Mas calma, o Tio Eri está aqui para te ajudar...
Então, pega um chazinho e vamos falar sobre essas danadas?
O que são essas tais soft skills?
Para você entender o que são elas, vou falar das hard skills...
Elas são habilidades técnicas que você aprendeu quando fez a pós-graduação e podem ser mensuradas com facilidade.
Idiomas, uso de ferramentas e técnicas estatísticas, também são exemplos de harh skills
A coisa muda de figura quando falamos das soft skills. Primeiro, o entendimento não é tão simples, a começar pela tradução do termos, que seria algo tipo habilidades "leves", o que não faz sentido.
Gosto de pensar em soft skills como habilidades que nos tornam humanos e permitem nos relacionarmos com os outros de forma harmônica (na maioria das vezes) hahahaha.
Comunicação
O processo de comunicação é muito claro. O emissor e o receptor precisam estar em harmonia e nos caso de nós, pessoas da academia, a gente tem essa habilidade, mas quase sempre é uma comunicação técnica.
Falo da comunicação no sentido amplo. Falar e escrever, mesmo!
O desafio de pessoas acadêmicas é trazer essa comunicação de forma simples para o mundo real. Até já falei sobre isso aqui e aqui!
Como já dizia Chacrinha,
"quem não se comunica, se trumbica."
E assim, como na academia, na qual a comunicação tem papel relevante, no mundo profissional, é mais relevante, ainda. E no caso dos profissionais com alta titulação, isso, muitas vezes, parece ser um baita desafio.
Precisamos nos abrir ao diálogo com as outras pessoas, evitando conflitos, ruídos e na superação de divergências
Saber se comunicar é saber ouvir, também. Aproveito e deixo um alerta para você e para mim.
O que sabemos é um ínfimo diante do que todo mundo sabe. Então, para começar a desenvolver uma comunicação genuína, que tal aprender a ouvir mais?
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Além disso, quando estamos aberto ao outro, a gente consegue se escutar melhor e por tabela ajuda o ambiente de trabalho.
Colaboração
A colaboração, talvez seja umas das mais importantes e desenvolvidas durante os estudos.
Só pra lembrar, ninguém faz nada só.
Posso garantir que essa habilidade foi desenvolvida muito fortemente durante a pós. O tempo inteiro estamos colaborando.
Gosto sempre de lembrar da reta final do doutorado, quando a coleta de dados foi feita. Naquele momento, a minha capacidade de colaboração estava mais alta que nunca. Acho que deu certo, não foi?
Sem colaboração a pesquisa não anda. E uma empresa também, tá?
E vejam, a tal colaboração, tão sonhada pelos líderes, é uma competência desenvolvida pelas pessoas que (sofreram) passaram nos bancos de um doutorado.
É uma soft skill de fábrica para doutores(as).
Digo isso, sem medo de ser feliz. Atualmente estou trabalhando com pelo menos quatro times diferentes. Os colegas enxergam em mim alguém, que além de agregar conhecimento, um humano que valoriza a colaboração.
Pensamento crítico
É outra soft skill que vem de fábrica, viu? E nunca sai de moda, tem sido constantemente solicitada pelos recrutadores e parece que anda em falta no mercado.
Falo com propriedade: Não se escreve uma tese sem desenvolver pensamento crítico.
Talvez, de todas as soft skills que falo nesse texto, o pensamento crítico é a mais complexa de ser desenvolvida. E no caso das pessoas com doutorado, ela é o resultado de muita leitura, discussões (bate boca) em seminários, aulas, congressos, simpósios e outros fóruns.
Você tem um super poder: Conectar coisas inconectáveis.
As empresas e a academia são arenas de discussões e embate de ideias. E a gente já sabe que leva melhor quem souber argumentar. Somos treinados para isso.
Me lembro de um semestre, eu ter feito pelo menos 20 resenhas.
Hoje, tudo isso faz sentido. Na época, odiava.
Uma possível conclusão...
Todas as vezes que falamos sobre desenvolvimento humano, o tema nunca vai se esgotar. E se a pauta for soft skills para acadêmicos, aí que temos coisas pra falar mesmo.
Por isso, deixo um desafio aos meus e minhas colegas de construtores de Ciência neste Brésil queimado: Você vem acreditando demais nos outros. Que tal acreditar mais em você?
Sobre o autor:
Eu sou Erih Carneiro e Minha Missão é Compartilhar Aprendizados. Sou Baiano e Mentor para Transição de Carreira na Escola de PhDs. Também sou Podcaster no Travessia de Carreira e no Pode Meme, Professor, Escritor, Mestre e Doutor em Administração. Amo comer acarajé, sei fazer moqueca e chamo minha mãe de Mainha.
No Instagram você me encontra como @eridabaea. Vou amar te encontrar por lá. Ah, e não deixar de seguir o Travessia e o Pode Meme, também. Ah, e caso você queira ter acesso a conteúdos exclusivos, assine minha newsletter.
Contato: travessiadecarreira@gmail.com
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3 aGostei do modo como você trouxe luz a esse tema Eri, as tais soft skills costumam ser mais complexas para detectar por conta de uma maior dificuldade de medição. Embora a meu ver seja possível medir colaboração e pensamento crítico, mas é bem mais complexo que a fluência em outro idioma.
MSL Oncologia GYN | Comunicando Ciência
3 aPriscilla Stela, Pablo Gualberto, Raquel Vasconcelos e Eduardo Davi
Escritora Médica & Curadora Científica | Divulgadora científica @laviniaromeraphd | PhD em Fisiopatologia e Imunologia | Autora do livro "O Soldadinho Defensor e a Vacina"
3 aQue artigo sensacional! Nós que viemos da academia temos muitas soft skills mas não acreditamos em nós mesmos, Parece que ter um PhD é algo horrível e que a indústria não quer. Você tocou em pontos importantes, ao longo do mestrado e doutorado desenvolvemos habilidades absurdas de comunicação, de pensamento crítico e colaboração. Como você disse, é esse tipo de habilidade que permite o desenvolvimento do seu projeto e do colega. E você colabora com colega do grupo, de outro grupo, de outro instituto. Super habilidade que temos. Realmente, temos que acreditar mais em nós mesmos, e na nossa capacidade! Artigo sensacional! 👏 👏
Coordenador para Estratégia, Design & Inovação em Auditoria | Conselheiro formado | Design Thinker por vocação
4 aErivaldo Carneiro, caríssimo, não havia lido esse ainda e me dei um tempo hoje para caçar alguns artigos que estavam no backlog. Muito interessante sua abordagem, identifico-me plenamente. Concordo contigo que um dos principais diferenciais desenvolvidos em pesquisa (inclusive no mestrado profissional) é o Pensamento Crítico, praticamente lapidado no strictu sensu. Talvez um aspecto interessante a se pensar é porque a pessoa seguiu a carreira acadêmica. Um diferencial pode ser o perfil, já que analistas extremos gostam de focar seus interesses, não serem interrompidos e são avessos a risco. Talvez esses não desenvolvam parte das demais características que descreveu. De qualquer forma, sempre vale o esforço - mesmo porque, a realidade não se molda ao nosso umbigo. Grande artigo, parabéns!
Analytics Team Leader | Researcher in Electoral Studies and Public Policies
4 aConcordo que seja um mix de fatores. E realmente os doutores às vezes somos muito acadêmicos (trocadilho nerd). Mas creio também que, em parte, tenha relação com uma cultura empresarial que subvaloriza a pesquisa e a inovação. Ou tem uma visão estrita do que seja inovação: implica em tentar, errar, ajustar e recomeçar o ciclo. E, no caminho, pesquisar e agregar conhecimento. Mais conhecimento ajuda a aumentar o grau da inovação.Doutores são treinados para isso. Então podem ser úteis nos processos de inovação. Tudo isso custa dinheiro, claro. Mas o retorno de um só projeto pode pagar os custos de todos os outros e ainda gerar lucro. PS: não estou dizendo que todos os empresários brasileiros são assim. Por isso escrevi "em parte". Só para deixar claro.