DESERTOS, VALES 
E MONTANHAS

DESERTOS, VALES E MONTANHAS

Metáfora, segundo o dicionário da língua portuguesa, é o emprego de uma palavra em sentido figurado. Tal recurso de linguagem, muito utilizado pelos artesãos da escrita, figura na maioria dos livros da literatura secular, alguns famosos e poéticos que consagraram seus autores, uma grande maioria, pós-morte. 

A Bíblia, para muitos do ocidente, aparenta possuir uma linguagem de difícil entendimento, mas na tradição judaica todas as crianças até a idade de 12 anos, não só dominam seu entendimento histórico, filosófico e espiritual, como também decoram livros inteiros e aos Talmedins, discípulos de sacerdotes e mestres, cabem a tarefa de recitar, tal como no dito popular "de cor e salteado" todo o Antigo Testamento composto de 37 livros. Portanto, o que parece difícil em uma cultura em outra é algo corriqueiro, de rotina diária e dos usos e costumes.

De todos os livros que li certamente, mais de um milheiro, foi na Bíblia onde encontrei o maior número de metáforas, muitas delas utilizadas nos sermões e parábolas proferidas por Jesus Cristo: 

"Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei." (João 2:19); 

"Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." (João 3:3); 

"E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más." (João 3:19).

Uma delas é a minha predileta: "E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede." (João 6:35).

Desertos, vales e montanhas ou montes, surgem a todo instante na leitura da Bíblia ora em metáforas, ora em sentido concreto descrevendo paisagens e topografia geográfica da região dos fatos e acontecimentos. Todavia, essas palavras no sentido figurado surgem também como fases, ciclos e períodos de uma jornada ou de acontecimentos: 

"Derrama o desprezo sobre os príncipes, e os faz andar desgarrados pelo deserto, onde não há caminho." (Salmos 107:40);

"Os campos se revestem de rebanhos e os vales se cobrem de trigo; eles exultam e cantam de alegria!" (Salmos 65:13); 

"Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?" (Salmos 121:1).

O monte ou montanha era o lugar preferido por Jesus: "E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discípulos." (João 6:3), era também o seu refúgio para estar à sós com o Pai: "Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte." (João 6:15).

Ao longo da vida passamos por desertos, vales e montanhas e o primeiro deserto surge logo ao nascer, do útero confortável e totalmente supridor passamos repentinamente para o deserto imenso do mundo que nos agride de todas as maneiras, onde todas as nossas necessidades precisam ser satisfeitas a cada minuto, da água à comida, do abrigo ao carinho materno, caso contrário perecemos, tal como no deserto. 

Talvez uma das primeiras montanhas que temos de superar são os primeiros passos, o desafio do andar, mas após muitas quedas, ficamos eretos. Assim, ao longo da vida surgem vales, por onde passamos "por apertos" e situações desconfortáveis, desertos que nos levam achar que pereceremos e montanhas gigantescas que achamos que nunca vamos ultrapassar.

No alpinismo o instrumento mais importante chama-se mosquetão, sem ele é impossível escalar qualquer monte por menor que o mesmo possa ser. As cordas são fundamentais, mas não substituem a mão amiga e acolhedora do companheiro de jornada. Quando estamos no topo da montanha, uma sensação de vitória nos invade a alma e as dificuldades que passamos até chegar lá, justificam a conquista, mas quando temos de recomeçar a escalada, às vezes as dores são quase insuportáveis e alguns ficam pelo caminho, vencidos pelo cansaço e pelo desânimo.

A Bíblia, o maior “best seller” de todos os tempos, há milhares de anos tem sido utilizada com sucesso inegável, tanto como bússola como mapa infalíveis, instrumentos de navegação e locomoção indispensáveis, para a realização de travessia de desertos, vales e montanhas.

Aplicação Pratica:

1. Qual é o significado de desertos, vales e montanhas na sua vida?

2. Em qual destes ciclos você se encontra neste momento?

3. Você já precisou de um "mosquetão" para subir uma montanha?

4. Qual foi o pior deserto da sua vida? E como conseguiu superá-lo?

5. Já precisou de uma mão amiga para chegar ao topo?

6. Qual é o mapa e a bússola que você tem utilizado nas tomadas de decisões em sua vida?

***

Texto extraído do livro 3 Minutos - Vida Corporativa Cristã.


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