Desmistificando o CRA - Certificado de Recebíveis do Agronegócio

Desmistificando o CRA - Certificado de Recebíveis do Agronegócio

O Certificado de Recebíveis do Agronegócio, conhecido pela sigla CRA, é um título de renda fixa emitido por empresas securitizadoras para financiar a produção, comercialização ou industrialização de produtos, insumos ou máquinas do agronegócio.

Os CRAs são isentos de Imposto de Renda e podem ser uma boa alternativa para quem prefere investimentos mais arrojados.

No Brasil, o CRA ganhou muito espaço nos últimos tempos entre os investidores por causa da sua isenção de impostos.

Essa isenção justifica-se por tratar-se de um título de crédito privado que está vinculado a direitos creditórios de negócios, em sua grande maioria, por produtores agrícolas, cooperativas e terceiros, abrangendo financiamentos da atividade agropecuária.

Quem investe nesse tipo de papel está comprando, na realidade, rendimento de créditos que são concedidos para financiamento de projetos de agronegócio.

O CRA tem sido uma alternativa potente para os investidores que usam o LCA (Letras de Crédito Agropecuário) e que desejam garantir uma renda mais atrativa por não contar com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), o que gera um risco mais alto e, em contrapartida, perspectivas de rentabilidades mais altas.

Assim como o CRA, o investidor arrojado tem outra grande opção em investimentos, ancorado à recebíveis, que é o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), que capta recursos para financiar atividades ligadas ao setor imobiliário, residencial ou comercial.

Explicitando melhor os CRAs, é importante ressaltar que eles só podem ser emitidos por companhias securitizadoras de direitos creditórios do agronegócio, que não ocupam o papel de devedoras na operação.

As securitizadoras têm por finalidade adquirir e securitizar os direitos creditórios, sendo responsáveis pela emissão e colocação dos CRAs no mercado financeiro e de capitais. São especializadas em “empacotar” esses créditos como títulos de renda fixa.

Vale lembrar que o lastro do CRA tem que ter no mínimo o tamanho e o prazo da emissão ao qual está ancorado, para que, já na estruturação, os investidores não fiquem descobertos e no vácuo da operação.

Os principais tipos de estrutura são:

Pulverizado: o risco está atrelado a uma carteira de crédito de diversos devedores (Ex.: agricultores).

Corporativo: o risco está atrelado a uma empresa que é a devedora na estrutura da operação. Normalmente utiliza a emissão para financiar sua produção, operação comercial ou mesmo para a compra ou manutenção de maquinários.

Para investir em CRA, é preciso ter conta em uma corretora de valores ( existem várias no Mercado como a XP, ÓRAMA, MONTE BRAVO e outras) e escolher o título dentro da plataforma.

É um processo parecido ao de quem investe no Tesouro Direto. E esse investidor familiariza-se muito rápido com o CRA.

Eles podem ser comprados por meio de ofertas primárias ou de outros investidores no mercado secundário.

É importante estar atento à rentabilidade do CRA que, como todo título de renda fixa, apresenta remuneração relativamente previsível.

Isso é muito bom pois, quando você compra um título, estima o quanto receberá ao longo de sua duração.

Dentre os CRAs, pode-se classificar vários tipos de remuneração:

  • Prefixados: É quando o investidor sabe exatamente o valor que receberá se mantiver o título até o vencimento. Sua rentabilidade não é ancorada a nenhum indexador. Este tipo de remuneração é a ideal após ciclo de alta de juros;
  • Pós-fixados: um ativo pós-fixado permite uma previsão do investidor de quanto receberá no vencimento, porém a rentabilidade está sujeita às oscilações do mercado (podendo sofrer alterações positivas ou negativas). Isso acontece porque esse tipo de remuneração está ancorada aos índices econômicos, como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor). Resumindo, as opções viáveis são:

  • % do CDI, melhor em tendência de aumento de juros;
  • CDI + spread, preferível em tendência de queda de juros;
  • Índices de preços (ex: IPCA), preferível a investidores de longo prazo, que buscam preservar o patrimônio;

Também podem ser indexados ao dólar (USD).

Os CRAs chamam a atenção de diversos tipos de investidores, inclusive os de menor porte, por apresentarem valores mínimos de investimento, com o start à partir de R$ 1 mil.

Em uma estratégia de diversificação da carteira de investimento, o CRA é uma excelente opção.

Como é vinculado ao agro negócio, o tempo de permanência na carteira é longo mas, proporciona maiores ganhos.

Quanto mais longo é o vencimento do título, maior a rentabilidade e mais alto o risco.

Para quem precisa de dinheiro rápido não é ideal mas, se acontecer um imprevisto e o investidor precisar resgatá-lo mais cedo, poderá vendê-lo no Mercado secundário mas, por um valor menor.

Apresenta risco de crédito e liquidez maiores do que aplicações mais conservadoras como por exemplo, CDBs, LCIs e LCAs.

Como não possui a garantia do FGC ( Fundo Garantidor de Crédito ), o risco é de que os devedores não paguem.

Mas, os títulos são verificados pela classificação de Agências de Rating.

E isento de IR e IOF para pessoas físicas mas, precisa ser declarado no IR.

Os CRAs não são necessariamente garantidos, porém podem contar com garantias como:

  • Alienação fiduciária de terras agrícolas;
  • Cessão fiduciária de direitos creditórios;
  • Penhor agrícola da produção;
  • Fiança;
  • Aval;
  • Outros.

Para resgatar o CRA é preciso observar que por ser um investimento mais longo, o CRA normalmente têm prazos que variam de quatro a dez anos, podendo até chegar a 15 anos.

Como não é permitido o resgate antecipado, a liquidez ocorre somente no vencimento. Se o investidor precisar de recursos antes do prazo, é preciso que haja uma contraparte interessada na compra do ativo no mercado secundário, ficando sujeito ao cenário de mercado no momento da venda, que pode diferir daquilo que foi contratado. Além disso, a venda deve ser feita via um intermediário, como um assessor de investimentos.

Por isso é um investimento de mais alto risco, ideal para investidores mais arrojados e que podem deixar o dinheiro descansar na aplicação.

Fonte de Pesquisa : XP Investimentos

Mauricio Mendonça

Finanças, Gestão e Negócios

(31)99329-7286

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