Desmistificando a troca do plano de saúde: por que mudar é melhor do que continuar pagando mais?

Desmistificando a troca do plano de saúde: por que mudar é melhor do que continuar pagando mais?

Por Fernando Garcia

O medo de mudar de plano de saúde é algo que afeta muitas pessoas. Mesmo quando os reajustes anuais deixam os preços insustentáveis, o pensamento de que “pode ser pior” acaba segurando a decisão de procurar uma alternativa. No entanto, continuar com um plano inadequado pode trazer um custo financeiro e pessoal que vale a pena ser reconsiderado.

Por que temos medo de mudar?

A resistência à mudança, especialmente quando envolve serviços essenciais como o plano de saúde, está ligada à insegurança sobre o desconhecido. Psicologicamente, preferimos ficar com o que já conhecemos, mesmo que não seja o melhor, a enfrentar um processo de troca que não temos certeza de como vai funcionar. Esse fenômeno é comum e foi estudado em diversas áreas, mostrando que o medo de "e se as coisas piorarem?" muitas vezes supera a racionalidade de buscar algo melhor(A Conscious Rethink).

Um exemplo claro é a troca de carros. Pense na seguinte situação: você tem um carro antigo que está começando a dar problemas frequentes e, a cada visita à oficina, o custo só aumenta. Mesmo assim, você continua com ele, por medo de lidar com o processo de trocar por um novo. A ideia de enfrentar a burocracia da compra de um novo carro, os ajustes, e possíveis surpresas te faz adiar a decisão. No entanto, quanto mais tempo passa, mais caro o carro antigo se torna, tanto em manutenção quanto em gastos de combustível.

O custo de não mudar

Agora, faça essa analogia com o seu plano de saúde. A cada ano, os reajustes são aplicados, e você continua pagando mais, muitas vezes sem que a cobertura tenha melhorado ou se tornado mais adequada para suas necessidades atuais. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os reajustes de planos de saúde individuais e familiares podem aumentar consideravelmente, sendo que em 2023, o teto para o reajuste foi de 9,63%. Em planos por adesão ou empresariais, os aumentos podem ser ainda maiores, dependendo do grupo ao qual o plano está vinculado(A Conscious Rethink).

Outro ponto importante é que, ao manter um plano desatualizado e caro, você acaba abrindo mão de novas opções que podem oferecer coberturas mais alinhadas ao seu perfil atual de saúde. Muitos consumidores não sabem, mas planos de saúde mais recentes muitas vezes oferecem benefícios adicionais, como telemedicina, programas de saúde preventiva e redes de atendimento mais amplas.

Como mudar pode ser vantajoso?

Trocar de plano de saúde pode parecer complicado, mas, ao contrário do que muitos imaginam, o processo pode ser simples e com benefícios imediatos. O primeiro passo é entender seu perfil e suas necessidades atuais. Se você possui um CNPJ, por exemplo, pode optar por um plano empresarial PME, que oferece uma cobertura ampla e, muitas vezes, com custos mais acessíveis do que os planos individuais ou por adesão. Além disso, os planos PME têm seus reajustes regulados pela ANS, o que traz mais previsibilidade financeira a longo prazo.

Outra alternativa é optar pelos planos por adesão, que estão disponíveis para quem é vinculado a associações ou sindicatos. Esses planos são uma opção viável para quem não possui CNPJ, mas ainda assim quer manter uma boa cobertura de saúde. O cuidado aqui é pesquisar o histórico de reajustes das operadoras que oferecem esses planos, já que eles podem variar de ano para ano.

Vencendo o medo da mudança

Para quem ainda hesita, vale lembrar que mudar de plano de saúde não é um processo irreversível. Muitos planos permitem a portabilidade de carências, o que significa que você pode mudar sem ter que cumprir novamente os prazos para começar a usar os serviços. Isso facilita bastante a transição e minimiza o impacto de ficar sem cobertura durante o período de troca.

Um bom exemplo de como vencer o medo da mudança é refletir sobre outras trocas que já fizemos na vida, que pareciam difíceis no início, mas trouxeram benefícios significativos a longo prazo. Se pensar bem, até mudanças pequenas, como trocar o restaurante favorito ou o caminho para o trabalho, podem resultar em grandes descobertas, novos hábitos e, às vezes, uma economia significativa(A Conscious Rethink).

Conclusão

Desmistificar a troca de plano de saúde é essencial para quem está pagando cada vez mais sem ver retorno. Mudar pode significar economia, melhor cobertura e, principalmente, mais tranquilidade financeira a longo prazo. O importante é planejar a mudança, fazer uma pesquisa cuidadosa e não ter medo de buscar o que realmente é melhor para sua saúde e para o seu bolso.

Então, se você está sentindo o peso dos reajustes anuais ou percebeu que seu plano não atende mais suas necessidades, não tenha medo de mudar. Com um bom planejamento e as ferramentas certas, a troca pode ser uma oportunidade de melhorar sua qualidade de vida e reduzir gastos excessivos.


Sobre o autor:

Fernando Garcia, sócio-fundador da MOST, possui mais de 27 anos de experiência em Recursos Humanos. Trabalhou na PepsiCo , foi expatriado como diretor de Recursos Humanos da Unisys para a América Latina e Head de Benefícios na Microsoft.

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