#Detox Mental: Devemos falar sobre o aborto!

#Detox Mental: Devemos falar sobre o aborto!

Site: somostodasmarilyn.wordpress.com

Ei amorê, saudades de você!

Como está sendo a semana!?

Hoje vou começar contando um pedacinho significativo da minha história para você...

23 de setembro de 2016. 15:38 hs.

"- 'Mãe, o coraçãozinho do seu bebê não está batendo mais.'

Cabeça rodando... pensamentos a mil... O quê!? ... Mas, mas você acabou de falar que ele dobrou de tamanho!? Como assim!? Não consigo respirar! Preciso respirar! Respira! Respira! Meu coração está batendo tão rápido... minha cabeça dói, meu corpo dói e eu não consigo respirar! Senti as mãos do meu marido apertando a minha... o meu marido... o que eu vou falar para ele agora!? Eu preciso respirar... O que eu vou falar para a minha irmã! O que eu vou falar para a minha irmã!

'- A culpa não é sua mãe! Aguarde o laudo sair para você apresentar ao seu GO.'

Cabeça ainda rodando e agora meu corpo começa a tremer involuntariamente... e penso... Só isso!? Só isso!? Você não vai falar mais nada!? Me dar alguma explicação sobre isso!? Que a culpa não é minha eu sei! Por que!? Será que a culpa foi minha!? Eu quero sair daqui! Eu preciso sair daqui! Quero ir embora! Quero ir para casa agora! Quero deitar! Meu corpo todo dói! Eu não consigo respirar... Meu Deus... Eu quero muito mesmo ir para a minha casa!"

Por que eu resolvi falar sobre o meu aborto!? E por que eu resolvi expôr uma das partes mais importantes e dolorosas da minha vida!?

Simples! Porque precisamos falar sobre o aborto, de forma consciente, com o respeito e com a devida sensibilidade que essa situação requer! Porque precisamos acabar com todos esses preconceitos e crenças limitantes que giram em torno do aborto e encará-lo de frente! E não tratá-lo como um câncer, do qual as pessoas temem pronunciar o nome! Nós mulheres devemos nos unir e nos apoiarmos num momento como esse! Nenhuma mulher está isenta de passar por isso... e se você não passou, tenho certeza de que pelo menos o medo de passar por um aborto durante a sua gravidez você viveu e sabe como é!

Porque não foi minha culpa e nem sua, o fato de termos perdido o nossos bebês! Porque a gravidez, na verdade, é o maior processo de seleção natural que existe! Depende da união entre um óvulo bom com um espermatozóide bom para que haja uma fecundação perfeita! Mas, durante a gravidez, nada disso também é garantia de sucesso...

Enfim, porque precisamos falar sobre a dor insuportável que o aborto causa! Dor da perda, dor da saudade, dor que sufoca e aperta o peito... e que por muitas vezes não te deixa respirar! Dor da falta de conhecimento frente uma força maior... dor da inversão de um ciclo, a morte antes do nascimento! E, depois um vazio... um vazio grande e sem fim... como se tudo perdesse o sentido de repente.

E você, que se encontrava num momento tão pleno e tão vivo da sua feminilidade, da sua certeza de ser mulher e pra quê ser mulher! E você que se sentia tão forte, tão segura da sua coragem... de repente, se depara com a maior das fragilidades da maternidade: a perda de um filho!

Quando o médico me deu a notícia da ausência de batimentos do bebê, lembro que a minha maior preocupação era como dar essa notícia à minha irmã! Ela também estava grávida, de quase 5 meses... E, eu só conseguia pensar na burrice que eu havia feito de ter contado da gravidez para todo mundo logo no início! E se eu tivesse "fechado o meu bocão" e esperado os 3 meses como a maioria das pessoas!? Para ter certeza! Mas, como eu já disse, a gravidez não é certeza de nada...

Eu havia escutado o coração do meu filho e putz... escutar o coração do seu filho, aquele barulho ritmado e forte! Saber que dentro de você há uma vida! Que dentro de você há um outro coração... É muita felicidade para você conseguir guardar só para você! Não há como e disso eu realmente não me arrependo! Felicidade é para compartilhar! E só por isso eu contei.

Na hora em que eu soube que meu filho havia morrido, eu só queria que aquela dor insuportável passasse! Eu queria que o sentimento de vergonha também passasse! Sim, vergonha! Por que uma pessoa com todo o meu conhecimento resolve contrariar a natureza (segundo termos médicos) e aos 38 anos decide ter um filho, achando que seria a coisa mais fácil e normal do mundo!? Só podia ser "castigo" frente a tamanha presunção, nê!? Foi o que eu pensei naquele momento.

"Cinderela às avessas"! Era o resumo da minha vida agora. Bem na hora em que eu adentro o salão do baile, com todos os olhares voltados para mim... linda, segura de si... me "esborracho" de cara no chão! E por lá eu fico mesmo... no chão. Lugar de gente derrotada! Derrotada, envergonhada, magoada, indignada, culpada, frustada... Tantos sentimentos juntos e uma só dor...

Sabe a única coisa que eu realmente queria!? Alguém que me falasse que mesmo depois de saber que o meu bebê estava morto, eu iria ficar bem! Que o Rodrigo iria ficar bem! Que tudo iria ficar bem! Eu só queria ter a certeza absoluta de que tudo voltaria ao normal! Eu só queria uma mão para nos segurar e um coração para nos entender! Eu queria preencher aquele vazio... eu só queria parar de sentir tanta dor...

Um dos maiores problemas do aborto é que as pessoas não sabem como lidar e nem sabem o que falar com a gente nesse momento de dor! E não é culpa delas não! É somente a falta de sensibilização e de conhecimento sobre a perda gestacional!

Juro! Eu acho que nem os médicos também estão preparados para lidar com as mães que acabaram de perder seus filhos! Eu cheguei a ouvir de alguém que tentava me consolar: "ainda bem que eu tinha perdido o bebê ainda tão pequeno". Geeente! Eu havia escutado o coração do meu filho! É como se a intensidade da minha dor fosse medida proporcionalmente aos 1,8 centímetros do meu bebê! Também escutei: "não tem problema, depois vocês arrumam outro!" Olha, na verdade eu queria era "esse" filho mesmo! Filho, a gente não escolhe! O meu bebê já tinha opções de nome, já tinha um quarto, já tinha uma madrinha... tantos sonhos, tantas expectativas que acabaram no momento em que o seu coraçãozinho parou de bater. Tudo morreu junto com o meu bebê...

E escutar todas essas coisas naquele momento... era como receber uma facada no coração. Eu sei que as pessoas queriam me consolar, mas não há palavras, não há muito o que se possa fazer nessas horas... Há não ser estar disponível para ouvir o nosso sofrimento. Não falar, apenas ouvir o que a gente tem pra dizer.

"Vai dar tudo certo! Vai passar!" E quando as coisas não dão certo? E quando a dor não passa?

Por isso, a importância do luto! Do respeito ao tempo da cura. Do tempo para elaborar, compreender e sublimar as feridas. Não adianta querer expulsar um sofrimento quando ainda não estamos prontos para deixá-lo ir! A negação da dor nos impossibilita de nos tornarmos melhores! Não adianta buscar atalhos para transpor aquilo que se coloca em nosso caminho para o nosso aprendizado. Aprendi a não ter pressa para dialogar com o meu sofrimento, vivenciá-lo em toda a sua magnitude, sentir o momento certo de deixá-lo partir, para assim, seguir em frente com a cabeça erguida e com as forças renovadas!

Não permiti e não permito que o medo ou a dor do aborto prevaleçam sobre o meu sonho! Independente do que aconteceu e do que venha a acontecer, nós teremos o nosso filho!

E, o que ficou de tudo isso!?

Ficou a honestidade, a cumplicidade, o companheirismo, o respeito e o amor, ainda maior pelo meu marido! Amor e admiração pela família e amigos, que souberam compreender o nosso tempo para superar tudo isso!

E, ficou o sentimento pleno de amor nessa breve passagem do meu filho! Enquanto nos estivemos juntos, eu só vivi e senti amor! E tudo o mais se tornou tão irrelevante! Meus medos, minhas dúvidas... minha vergonha... porque eu ainda vou continuar tentando! Da culpa por estar com os meus 38 anos e ainda querer engravidar. Eu acredito na verdade da vida! Se tiver que ser será! O que é meu me será dado!

O que ficou foi somente amor! Um amor que eu nem sabia que existia! Um amor maior que eu!

Um laço eterno dos mais puro amor!

Obrigado filho! Te amo infinitamente!

E um pedaço do meu coração (mais precisamente a pontinha...) que se foi... Mas, com a promessa de voltar porque o meu sonho ainda existe!

Bom... essa história foi de coração para coração! E, caso você precise conversar, você sabe que eu estou aqui!

Bjus mil!

Rih.

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