Você acredita em DEUS? E o que isso tem a ver com CRIATIVIDADE?
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Você acredita em DEUS? E o que isso tem a ver com CRIATIVIDADE?

Outro dia ouvi a seguinte frase de um alto executivo: "Essa coisa toda sobre criatividade é tudo balela".

Nem preciso dizer o tamanho de minha indignação. Quem me conhece sabe o que penso sobre o assunto. Pra quem não sabe, aí vai um pouco do meu pensamento.

Pra mim, manter uma mente livre e criativa não é apenas bom...é necessário!!!  E é fácil entender o porquê. Sob o meu ponto de vista, uma mente livre e criativa é aquela que não se impõem limites,  não se contenta com o óbvio e que utiliza seus conhecimentos como base para sua expansão e não como limite para o seu próprio crescimento.

Digo isso, porque acredito que a capacidade que temos de acreditar em uma ideia, possuirá sempre uma razão proporcional à nossa disposição de agir sobre ela e, sendo assim, nossa capacidade de acreditar também é uma parte importante do processo de torná-la verdadeira.

Para compreender um pouco melhor a relação que, segundo meu entendimento, existe entre aquilo que uma mente livre e criativa é capaz de imaginar e, a probabilidade disso tornar-se ou não realidade, vamos pegar apenas como exemplo (um exemplo simbólico), a idéia da existência de “DEUS”. Tenho a sensação de que muitas pessoas concordariam comigo se, eventualmente, eu simplismente declarasse que ele (DEUS) não passa de uma ILUSÃO. 

O que talvez estas mesmas pessoas não percebam, é que uma declaração como esta, é tão impossível de “provar” quanto a defesa de sua existência. Portanto, numa situação tão incerta quanto essa, cada um de nós tem toda a liberdade para escolher o seu próprio ponto de vista a respeito do assunto e, justamente por isso, independente da posição que assumirmos para nós, essa será sempre uma decisão arbitrária.

No entanto, não podemos nos esquecer de que, ao observar a natureza humana, também encontramos nela um forte argumento empírico que nos estimula a cultivar essas idéias e pensamentos que, em princípio, não podemos provar: elas são idéias reconhecidamente úteis.

No caso de nosso exemplo, sobre existência ou não de “DEUS”, a psicologia tem nos dado provas suficientes de que necessitamos de convicções, ou idéias gerais, que deêm um certo sentido às nossas vidas e que assim, nos permitam encontrar o nosso próprio lugar no mundo. É fato que somos literalmente capazes de suportar as mais incríveis provações, desde que convencidos de que elas trarão sentido à nossa existência. Entretanto, nos sentiríamos completamente aniquilados, se além dos infortúnios a serem suportados, ainda tivéssemos que admitir que a vida é apenas uma ilusão. Você não acha? Ou seja, se assumirmos este ponto de vista como estando correto, de certa forma, seria legítimo afirmar que a existência de um conceito “DEUS” traz sim um significado valoroso à existência do homem e que, este fato por si só já justificaria a crença na sua existência.

Essa abordagem segundo Blaise Pascal, coloca em questão uma aposta importante. Mesmo admitindo que não era possível dar bons fundamentos racionais para a crença religiosa, ele estava totalmente convencido de que podia oferecer bons argumentos racionais para se querer ter tais crenças.

Segundo ele, ao se comparar possíveis ganhos e perdas, uma aposta na existência de DEUS traria o risco de se perder muito pouco diante dos potenciais ganhos da crença na sua existência, logo, seria muito mais racional simplesmente acreditar.

Seguindo nessa mesma linha, se por ventura São Paulo (o santo não a cidade) estivesse convencido de que era apenas um tecelão ambulante (sua profissão na época), ele não teria se tornado, nem de perto o homem que foi. Sua vida real, aquela que tinha verdadeiro valor, repousava em sua íntima convicção de que era ele, um mensageiro do Senhor

Os mais céticos, até podem acusá-lo de megalomania, mas essa é uma opinião que se enfraquece ante o testemunho da história e o julgamento das gerações subsequentes. O mito que se apoderou de São Paulo, fez dele algo realmente muito maior do que um simples e mero artesão, e esse é um argumento ou uma "verdade" difícil de refutar.

Repare que, independentemente das questões religiosas envolvidas aqui (e faço questão aqui de enfatizar que não é esse o objetivo deste artigo), alguém com uma visão clara daquilo que pretende, munido de uma certeza interior muito sólida e, com disposição suficiente para agir de acordo com ela, costuma produzir efeitos realmente impressionantes.

O real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para nós é no meio da travessia -  Guimarães Rosa

A visão de Ahad Ha’am, um importante pensador sionista, nos ajuda a entender uma parte essencial sobre o que é necessário para se cultivar uma mente livre e criativa. Segundo ele, “embora veneremos a sabedoria, a autoconfiança importa mais”. Mas o que ele quiz dizer com isso? Quiz apontar para o fato de que em qualquer situação difícil ou desafiadora, como a vivida nos momentos de incerteza, os sábios são aqueles que se contêm, pesando nas vantagens e desvantagens de qualquer ação. Enquanto isso (e para desaprovação dos sábios) é o autoconfiante que toma a dianteira e, com frequência, ganha o dia.

A mensagem essencial contida nesta ideia de Ha’am não é um tributo à insensatez, nem muito menos um questionamento sobre o valor da sabedoria, mas a ideia simples e objetiva de que se queremos que nossos sonhos tragam resultados efetivos em nossas vidas, talvez seja o caso de precisarmos desenvolver (e utilizar), o tipo de autoconfiança que ocasionalmente a acompanha.

Uma das mentes mais criativas e inovadoras deste século, Steve Jobs, é um clássico exemplo do que uma mente sonhadora, livre e criativa é capaz. As pessoas que com ele conviveram, costumavam dizer que Steve tinha um campo de distorção da realidade ao seu redor. Alguns chegavam a dizer que na sua presença, a realidade era maleável, pois ele conseguia convencer qualquer um a praticar qualquer coisa em que acreditasse. Seu campo de distorção da realidade, era uma mistura espantosa de três componentes: uma RETORICA CARISMÁTICA, uma VONTADE INFLEXÍVEL e um IMPULSO de torcer os fatos para ADAPTÁ-LOS à finalidade em questão. Ele literalmente acreditava que coisas impossíveis eram possíveis e fazia com que todas as outras pessoas acreditassem também e, no final, aquilo que a princípio parecia impossível para a grande maioria das pessoas, de fato, tornava-se uma realidade*

Esse exemplo de Jobs é, a seu modo, uma boa prova de minha tese de que a capacidade de uma idéia produzida por uma mente livre e criativa tornar-se real, possuirá sempre, uma razão proporcional à disposição de se agir sobre ela, ou seja, tanto sua capacidade de acreditar em uma idéia, quanto a sua disposição e determinação para realizá-la, são partes importantes do processo de torná-la verdadeira. Você por acaso duvida? Eu não!!! 

*Eu chamo isso, de Ciclo de realidade (mas isso será tema de outro artigo)

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