Dia do Empreendedorismo Feminino: a reflexão de uma empreendedora

Dia do Empreendedorismo Feminino: a reflexão de uma empreendedora

Hoje é o Dia Global do Empreendedorismo Feminino. Descobri graças a uma postagem da Anitta no Twitter. Por visão de mundo, tenho dificuldade de me encaixar na caixa empreendedora mulher. Porque não gosto de ser vista como uma empreendedora mulher. Mas como uma empreendedora, ponto. De qualquer forma, não nego e me senti confortável para escrever um pouco sobre esses sete anos e meio sendo uma empreendedora.


Sempre brinco que pari uma empresa e uma filha ao mesmo tempo, porque descobri minha gravidez exatamente um mês e meio depois de tomar a decisão de sair de onde eu trabalhava para criar a Agência Join+Us. Até hoje não sei o que é mais difícil: educar uma criança ou ter uma empresa. Ambas as tarefas são complexas e se alternam tirando meu sono. E ambas são completamente apaixonantes.


E falo aqui da maternidade porque é quase impossível falar da minha jornada de empreendedorismo sem falar do quanto a maternidade impacta na carreira da mulher - seja ela empreendedora ou empregada. Inclusive, enquanto escrevo esse texto, sou interrompida pela minha filha - hoje com quase 7 anos - que quer que eu encontre um elástico para ela prender o cabelo. Isso resume bem o equilibrar os pratos entre trabalho e maternidade que vivo há mais de sete anos e que se intensificou neste ano de home office tendo uma filha estudando em casa. Vivo a eterna sensação de “estou devendo”. Não consigo ser mãe o suficiente, não consigo cuidar da casa o suficiente e poderia ser uma profissional muito melhor, mas não tenho tempo suficiente. 


O empreendedorismo me levou a uma crise de burnout em 2016, ano de colapso na economia brasileira. Para quem estudou jornalismo, o desafio de gerir um negócio é simplesmente outro mundo. No curso, estudamos para ser funcionários de redação. A minha vida profissional me levou para caminhos que passam por me preocupar com receitas e despesas, churn de equipe e clientes, qualificação da equipe, níveis de entrega, olhar para o meu mercado e meus competidores, pensar no próximo passo, adequar nosso trabalho dentro desse universo intenso de inovação e transformações constantes que estamos vivendo. E, até por trabalhar com comunicação, isso ganha uma dimensão ainda mais, porque o meu papel é fazer meus clientes estarem sempre um passo à frente, o que me exige não acompanhar, e sim, antecipar tudo o que nos espera. E isso demanda tempo para estudar, pesquisar, acompanhar. E tudo isso, com a minha filha em aula online e a pia cheia de louça para lavar. Às vezes - ou melhor, quase sempre - a gente simplesmente não dá conta de fazer tudo com o nível de perfeição que a gente quer. E o processo de aceitar e entender isso foi o que me fez ter crises de ansiedade, choro e me questionar completamente em 2016.

O empreendedorismo tem dessas. A gente se questiona o tempo inteiro. Ele faz a gente enxergar nossas falhas e isso, muitas vezes, pode ser cruel. Mas o empreender também tem seu sol que se abre para nos iluminar após a tempestade e enxergar o quanto somos fortes. E que sempre há uma esperança. Empreender me ensinou a ver o copo sempre meio cheio e isso é algo que não tem preço, porque toda sua perspectiva de vida muda. E viver confiando que tempos melhores virão é algo simplesmente transformador.


O desafio de empreender demanda não apenas dedicação e vontade: demanda suor, lágrimas, escolhas, abrir mão de uma série de confortos e sacrifício. Sim, sacrifício. Não existe nenhuma empresa vencedora sem muito sacrifício e entrega por parte dos donos. Ainda mais num país cujas leis jogam contra a existência das pequenas e médias empresas como é o caso da minha e onde existe uma ideia de que empresário é só o cara espertão que fatura milhões e quer se dar bem a qualquer preço - ignorando que os micro, pequenos e médios empreendedores são a grande maioria dos empregadoras e os que mais sofrem com o preconceito, o péssimo ambiente de negócios e, em 2020, com o cenário econômico.


Vejam bem: sou uma mulher, mãe, empreendedora, empregadora tentando equilibrar os pratos maternidade, empresa, clientes, times, inovação, pandemia, aulas online, incertezas de negócios, variações enorme de receitas e, tudo isso, no Brasil, em 2020. E se você me perguntar: considerando tudo o que você viveu e o que está vivendo, você teria se demitido em 2013 para empreender? E eu respondo sem pestanejar que sim. Por que? Sinceramente, eu não sei dizer. Simplesmente sou feliz fazendo o que faço, apesar dessa loucura toda.

Adoro a sensação de poder fazer e criar e trabalhar do jeito que acho correto. Adoro ter trocar diárias com a minha sócia, Marina Miranda outra empreendedora, mãe, assim como eu, que é uma das pessoas mais inteligentes, admiráveis e fortes que eu já conheci. Adoro saber que na Agencia Join+Us a gente se esforça ao máximo para criar um ambiente de trabalho saudável para que as mulheres possam trabalhar e se desenvolverem profissionalmente sem que sejam discriminadas por serem mães. Sinto uma satisfação enorme quando penso que, antes, na época de férias, vira e mexe tinha uma criança lá, filho de alguém, que precisou acompanhar a mãe no trabalho e isso ser algo normal pra toda nossa equipe - seja para quem tem ou não filhos.

E acho melhor ainda que somos assim não por marketing ou por obrigação, mas porque esse é o nosso jeito de ser. Como uma mulher empreendedora, eu me sinto feliz e satisfeita por criar uma gota no oceano do mundo corporativo em que carreira e filho seja algo compatível. Como é pra mim, como é para minha sócia e para todas as nossas colaboradoras mulheres e como deveria ser para todas as mulheres. E fico mais feliz ainda em ver que filho chorando em meio de reunião, sair no horário para pegar o filho na escola, levar o filho ao médico nunca foi nem de longe um impedimento para fazermos boas entregas para os nossos clientes.

Para finalizar, o que eu, Núbia, mulher e empreendedora gostaria de dizer neste dia é que: se você sente a paixão por empreender, não ache que seu gênero é um impeditivo para absolutamente nada na sua vida. Apenas siga seu coração, seu sonho, trabalhe duro e entenda que o caminho é árduo, mas a liberdade de poder ser e fazer o que você sonha/almeja não tem preço. 

Alencar Milani

Consultor de Gestão | Transformação Digital | Inovação | Treinamentos | Liderança | Resultados

1 a

👏👏👏

Marina Miranda

Especialista em Comunicação Corporativa | Assessoria de Imprensa | Marketing Digital | Media Training | Planejamento Estratégico

4 a

Jornada intensa! Mas recompensadora!

Shirlei Favaro

Product Owner | Project Specialist | Senior IT Specialist

4 a

Que venham muito mais mulheres para a cena empreendedora!! Se forem como a Núbia estaremos bem 😍

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos