Dia do Professor: uma homenagem justa
O professor existiu desde sempre, mesmo antes da institucionalização do ensino. A atividade docente, inicialmente, era desenvolvida informalmente, mediante a transmissão oral dos conhecimentos acessíveis em cada época da história de nosso planeta e as questões éticas e morais, associadas aos costumes de cada era.
No Egito Antigo, teve início o ensino destinado a desenvolver habilidades necessárias à sociedade e à economia daqueles tempos. A partir daí, o ensino foi sendo desenvolvido paulatinamente, de acordo com as necessidades de cada época e civilização.
Professor é, praticamente, a primeira profissão de nossa humanidade, reconhecida pelas famílias, espaço primeiro da educação, promovida pelos pais, professores natos, que ensinam os primeiros passos da criança e devem acompanhá-la em seu processo educativo ao longo dos tempos.
O professor-educador profissional tem sua fase áurea na Grécia Antiga, mas o destaque era para o Oráculo de Delfos. Na antiguidade clássica, era reconhecido como um dos mais importantes centros religiosos, antes do século 4º a.C., mas também um centro educacional, onde o povo buscava orientações dos Deuses para o seu dia a dia.
Os grandes líderes espirituais da humanidade, como Jesus de Nazaré, reconhecido como o “Mestre dos mestres”, eram professores-educadores 24h por dia, o tempo todo. Jesus, o Cristo, educava diuturnamente, onde quer que estivesse, no lar, em suas pregações das Bem-aventuranças, nas vias públicas e nos templos. Educador em tempo integral, um missionário.
O catedrático é a categoria mais elevada da carreira docente universitária portuguesa, antes conhecido como lente, do latim legente, aquele “que lê”. No Brasil, a figura do catedrático foi banida pela Reforma Universitária de 1968, dando lugar à de professor titular.
O perfil do professor vem recebendo alterações, especialmente, a partir da segunda metade do século 20, aprofundando na primeira década deste século. De professor elemento ativo do processo ensino-aprendizagem para o de professor orientador, líder desse processo, mas tendo o estudante como elemento mais ativo. As metodologias ativas e a economia criativa têm norteado essas alterações, em benefício de melhor aproveitamento do educando, centro do processo de aprendizagem.
Educador-educando. Edgar Morin (Os setes saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: Unesco, 2007, p. 105) ensina-nos que os elementos de uma sociedade não podem “ser entendidos como dissociados: qualquer concepção do gênero humano significa desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana”.
Maurice Tardif, pesquisador canadense, professor titular da Universidade de Montreal, afirma que “é impossível compreender a natureza do saber dos professores sem colocá-lo em íntima relação com o que os professores, nos espaços de trabalho cotidiano, são, fazem, pensam e dizem. O saber dos professores é profundamente social e é, ao mesmo tempo, o saber dos atores individuais que o possuem e o incorporam à sua prática profissional para a ela adaptá-lo para transformá-lo” (Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012, p. 15).
Mas o educador Rubem Alves tem uma definição para o professor de extraordinária beleza poética e visão do fazer pedagógico (Conversas com quem gosta de ensinar. Campinas, SP: Papirus, 2000, p. 19):
Eu diria que os educadores são como as velhas árvores. Possuem uma face, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos, sendo que cada aluno é uma “entidade” sui generis, portador de um nome, também de uma “estória”, sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo para acontecer nesse espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal.
Com esta preciosidade do notável educador Rubem Alves (1933/2014), desejo homenagear os professores-educadores do nosso Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, assim como todos os mestres brasileiros, trabalhadores incansáveis da arte de ensinar e de aprender, no Dia do Professor – 15 de outubro. Em qualquer metodologia de ensino-aprendizagem, o professor é, cada vez mais, a peça fundamental do processo, um espaço artesanal construído no dia a dia do fazer educacional.