Dia Internacional da Felicidade em tempos conturbados

Celebra-se hoje o Dia Internacional da Felicidade. A Organização das Nações Unidas (ONU) celebra a data desde 2013 como forma de reconhecer a importância da felicidade na vida das pessoas. O tema promovido pela ONU para 2020 é “Happiness For All Together”.

Uma pergunta emerge naturalmente: é possível ser feliz perante o cataclismo do coronavírus?

A ONU afirma perentoriamente que sim. Para o efeito lança o desafio dos 10 passos focado no esforço concertado e global de baixar a curva exponencial da doença. O objetivo último é vencer o coronavírus que tem disseminado o pânico e medo numa manifestação prática da globalização.

Simultaneamente foi lançado hoje o “World Happiness Report 2020”.

O relatório coloca Moçambique no lugar 120 lugar num universo de 153 países com 4.624 pontos. A oitava edição deste estudo mostra uma evolução negativa no bem-estar da população moçambicana (0.189) determinada através de 6 indicadores: PIB per capita, esperança média de vida, generosidade, medidas de apoio social, liberdade e corrupção.

É mencionado:

“The global pandemic poses great risks for some of the main supports for well-being, most especially health and income. As revealed by earlier studies of earthquakes, floods, storms, tsunamis, and even economic crises, a high trust society quite naturally looks for and finds co-operative ways to work together to repair the damage and rebuild better lives. This has led sometimes to surprising increases in happiness in the wake of what might otherwise seem to be unmitigated disasters. The most frequent explanation seems to be that people are pleasantly surprised by the willingness of their neighbours and their institutions to work in harness to help each other”.

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Numa outra abordagem a felicidade foi amplamente estudada por filósofos (sigo de perto a obra James Rachel). Epicuro (341-270 a.C.) recomendava uma vida simples de modo a se evitarem sofrimentos e ansiedades.

John Stuart Mill (1806-1873), filósofo e economista britânico, declarou o seguinte após ter recuperado de uma depressão:

"Só são felizes (pensei) aqueles que fixam a sua mente num objeto que não a sua própria felicidade, como a felicidade dos outros, o aperfeiçoamento da humanidade ou mesmo alguma arte ou atividade, perseguindo-o não como meio, mas como fim ideal em si. Tendo outra coisa em vista, encontram a felicidade pelo caminho. [...] Pergunte a si próprio se é feliz e deixará de o ser. A única hipótese é tratar, não a felicidade, mas outro fim que lhe seja exterior, como propósito da vida."

Fonte: Rachels, J. 2009. Problemas da Filosofia. Londres: Gradiva.

É um novo paradigma de felicidade. Não está centrada no individuo e na satisfação pessoal mas na ajuda e entrega aos outros. Como mencionava o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, no dia 11 de Março ao declarar o coronavírus como uma pandemia: “And let’s all look out for each other because we need each other."

Exige-se uma nova abordagem nos bairros e comunidade centrada na solidariedade, cooperação e compaixão. A competitividade para que fomos educados e treinados tem de sair de cena.

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