Dietas restritivas podem engordar

Um pessoa começa uma dieta que promete reduzir 10 quilos em um mês porque fica metade do dia sem se alimentar e exclui açúcar, glúten, lactose, carboidratos e tudo que dizem por aí que engorda (inclusive os alimentos preferidos dela). Porém, após este período de sofrimento, a pessoa percebe que não consegue manter esse estilo de vida e desiste da dieta.

Ao voltar para a "rotina normal", o desejo por alimentos gordurosos e ricos em açúcar parece incontrolável e a pessoa não consegue parar de comer, mesmo sem fome. Será que esta dieta foi saudável?

Uma dieta restritiva demais não é saudável.

Este texto acima é o relato de um executivo que atendi há pouco tempo e percebo que cada vez mais essa história se repete porque muitas pessoas desejam atalhos, preferem submeter o corpo ao extremo ao invés de buscar pelo equilíbrio. As dietas restritivas podem aumentar os níveis de ansiedade e fome. Neste artigo explicarei o porquê.

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A restrição em excesso pode gerar um sério desequilíbrio dos hormônios responsáveis pela fome e saciedade (grelina e leptina). Durante a pandemia, o Brasil liderou o ranking de ganho de peso, veja:

Não tenho dúvidas que este ganho de peso tem forte relação com os níveis de ansiedade aumentados durante a pandemia e o impacto não é apenas na balança. O acúmulo de gordura desencadeia um processo inflamatório crônico de baixo grau que com o passar dos anos pode predispor a diversas doenças de origem inflamatória como:

• Síndrome metabólica;
• Diabetes;
• Doenças cardiovasculares;
• Doenças respiratórias;
• Doenças do trato digestório (ex: problemas na vesícula biliar, pancreatite aguda, doença hepática não alcoólica);
• Câncer;
• Doenças ósseas e articulares.

Segundo a Associação Brasileira da Obesidade (ABESO), o excesso de gordura corporal também pode predispor a doenças psiquiátricas e aqui chegamos no ponto principal deste artigo. Revisei as Diretrizes de Obesidade mais atualizadas para explicar o porquê as dietas restritivas não são o melhor caminho para resolver o excesso de peso.

Por que o estresse aumenta a fome?

Quem nunca se viu em frente à geladeira procurando algo gostoso para comer nos dias de alta carga emocional? Quando problemas emocionais estão alterando o seu comportamento alimentar, fique alerta.

O estresse crônico (vivenciado cotidianamente) estimula um sistema fisiológico chamado "Hipotálamo-Hipófise-Adrenal", responsável pela liberação de cortisol, hormônio do estresse.

A reação de estresse pode ser dividida em três fases:

1. Alarme ou excitação;

2. Resistência;

3. Exaustão.

A primeira fase ocorre quando o organismo reconhece o estímulo estressor (que pode ser de origem alimentar) e aumenta a liberação de hormônios como norepinefrina, epinefrina e glicocorticóides (como cortisol).

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Se o estímulo for mantido, a capacidade de reação diminui e o organismo desenvolve mecanismos adaptativos durante a segunda fase (resistência). O estresse elevado prejudica a captação de glicose pelas células a longo prazo, o que significa que você come come come e o seu corpo continua sinalizando fome porque passa a resistir a ação do hormônio que leva energia às células (resistência à insulina).

A idade também influencia a reação ao estresse. As concentrações plasmáticas de glicocorticóides tendem a aumentar em indivíduos idosos | Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas

Diariamente produzimos neurotransmissores, que são mensageiros químicos. Entre eles, quatro se destacam no quesito equilíbrio emocional. Os neurotransmissores serotonina e GABA têm ação sedativa e calmante, enquanto dopamina e noradrenalina têm ação direta na disposição, bem-estar e energia.

A rotina cotidiana exige muito equilíbrio. Quando áreas da vida estão desequilibradas (pessoal, social, profissional, familiar) pode desequilibrar a liberação desses neurotransmissores.

"O estresse pode ser uma consequência da obesidade devido a fatores sociais (como discriminação) e alternativamente a causa da obesidade" ABESO

O hábito de comer toda vez que sente ansiedade prejudica o controle da fome a longo prazo. O consumo de alimentos bastante calóricos, gordurosos e ricos em açúcar sinaliza recompensa no sistema hedônico não homeostático do cérebro, o que influencia o comportamento alimentar.

O problema das dietas restritivas demais

Muitas pessoas me procuram para emagrecer sem passar fome porque não aguentam mais fazer dietas da moda que ao invés de ajudarem a reduzir o peso (objetivo principal), fazem exatamente o oposto. Muitas dessas pessoas aumentam o peso após essas dietas.

"Mas nutri, você sempre fala que emagrecimento exige déficit calórico"

Sim, não existe emagrecimento sem restrição de energia, porque nosso corpo emagrece quando é "forçado"a usar as próprias reservas energéticas. Se você oferece calorias em abundância, por que o seu corpo iria eliminar o que para ele é vital (gordura)?

Sendo assim, a restrição de calorias é necessária no processo de emagrecimento, MAS, a restrição em excesso é um grande problema, entenda:

Ao iniciar uma dieta restritiva demais, esta busca por prazer momentâneo pode ficar mais intensa devido ao estresse causado pelo baixíssimo consumo calórico. Isto pode ser um potente fator no desenvolvimento de gordura visceral e abdominal, provavelmente por influência do cortisol.

Um dos primeiros passos para ter sucesso em um planejamento alimentar é controlar os níveis de ansiedade.

O estresse pode levar à obesidade via sistema de recompensa e retroalimentação. Existe forte associação entre estresse e a sensação de melhora depois de consumir de alimentos ricos em calorias, açúcar e gordura. Esta associação pode se transformar em hábitos que se manifestam com frequência e sem consciência.

A restrição alimentar não planejada pode causar:

• Fadiga ou fraqueza;
• Tonturas;
• Constipação intestinal (intestino preso);
• Pele seca;
• Perda de cabelo;
• Alterações menstruais;
• Aumento do estresse.

Por fim, nenhum extremo é saudável, nem comer em excesso, nem restringir alimentos em excesso. Cuidado com as dietas que prometem resultados milagrosos e rápidos porque alimentação não pode ser um sofrimento, precisa ser um estilo de vida. Lembre-se sempre que o segredo está no equilíbrio. Beijão da nutri!

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Sou Andryely Pedroso, Personal Diet, eleita a primeira nutricionista LinkedIn Top Voices do Brasil, Mentora de nutricionistas, Apresentadora na BAND TV, Palestrante, Escritora do livro 365 Ideias para Nutricionistas, Consultora Técnica da Atlhetica Nutrition, Embaixadora da saúde Desinchá e Mestranda em Saúde da Comunicação Humana.