A diferença entre radical e extremo.
Adotar medidas extremas não faz de ninguém um extremista.
É difícil, mas é preciso aceitar que alguém tome tais medidas.
O eleitor de um candidato de extrema direita pode ter sido radical em seu voto, mas isso não necessariamente o torna um ser de extrema direita. É preciso entender que isso não o torna um extremista.
Gramaticalmente, radical está no começo. Às vezes, no meio ou no fim. Extremo está sempre (e necessariamente) nas pontas.
O radical não necessariamente começou ou finalizou a palavra, ou seja, não ocupa nenhum extremo.
Outro exemplo de alguém que tomou uma medida extrema, mas não é um extremista: eu.
Quando falo que eu sou vegano, tem quem diga que eu sou radical. Não sou radical, mas adotei uma medida extrema.
A primeira medida extrema que eu tomei foi me chamar de vegano sem ser um. Adotei essa medida e nomenclatura porque, infelizmente, as pessoas precisam de rótulos, embalagens, etiquetas para entender mais facilmente.
Um rótulo é resumo fácil, extremamente fácil.
Fácil entender, não? Você compra ou não compra um produto pelo seu rótulo.
Mas a verdade é que eu não sou vegano. Nunca fui.
Como chocolate, como broa quando vou à casa da minha tia, como as irresistíveis tortas da minha outra tia, masco chicletes, como cajuzinhos, pão de queijo.
Tudo é muito ocasional. São raras exceções, mas elas acontecem. Mas são raras. Mas acontecem. Mas são raras. Raríssimas.
Já existe um rótulo para o meu caso: sou um flexitariano.
Dia desses, resolvi mostrar para um amigo que eu não era nenhum radical.
Não foi extremamente fácil, mas rolou.
Ouvi, “para variar”, que o veganismo é radical demais.
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O veganismo não é radical. O veganismo é uma a atitude extrema para minimizar atitudes radicais.
Resolvi investir o meu tempo em uma discussão saudável. Decidi falar sobre minha visão da diferença entre radical e extremo.
Radical é serrar o bico das aves para criá-las em cativeiro sem que elas se biquem.
É triturar os pintinhos machos ainda vivos porque eles não servem para a indústria dos ovos.
É usar desenfreadamente antibióticos em gados, aves, suínos, peixes para que eles possam viver em cativeiro com menos doenças e criar problemaço para a humanidade por conta desse uso desenfreado.
É inseminar vacas continuamente para que elas produzam leite a vida toda e comer seus filhotes dando a eles o nome de vitelo.
É privar um ser-vivo ser vivo.
É a provocar diabetes, hipertensão, câncer e outras comorbidades que poderiam ser evitadas se a nossa cultura alimentar fosse diferente.
É desmatar para abrir pastagens ou cultivar monoculturas para produzir ração e alimentar animais que serão abatidos.
Radical é ser uma das principais causas do aquecimento global.
Radical é fazer as pessoas acreditarem que é importante comer a carne de um animal.
Radical é a fazer as pessoas acreditarem que é importante beber o leite de outro animal.
Radical é usar a tecnologia, a química, a indústria, os rótulos e as embalagens, o marketing para enganar o paladar das pessoas.
Radical é matar.
O Veganismo não é radical. O veganismo é uma a atitude extrema para minimizar atitudes radicais.
Eu não sou nenhum radical ou extremista, mas no dia a dia tenho uma atitude extrema.
Às vezes, atitudes extremas são necessárias, mesmo que com flexibilidade. Mesmo sem ser um extremista