Distúrbios de aprendizagem: dicas para trabalhar com crianças em sala de aula
Conhecimento, compreensão e empatia são essenciais para ajudar crianças com distúrbios de aprendizagem na escola
Autoria: Samea Cristina Macrini - Consultora Pedagógica na Conquista Solução Educacional e especialista em distúrbios de aprendizagem, educação inclusiva e neuropsicologia pela PUCSP.
Os distúrbios de aprendizagem afetam as habilidades formativas, cognitivas e socioemocionais de diversas pessoas em todo o mundo. Cerca de 5 a 15% das crianças em idade escolar apresentam dificuldades educacionais, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V, 2015).
No Brasil, há quase 300 mil alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculados nos ensinos infantil, fundamental e médio, de acordo com o Censo Escolar de 2021. Esse dado representa apenas um dos casos, entre vários, de uma condição específica que pode fazer com que a aprendizagem se torne um obstáculo.
Para tornar o ambiente educacional mais inclusivo e acolhedor, é importante que pais e responsáveis, professores e educadores em geral compreendam mais sobre os distúrbios existentes. Além disso, é imprescindível conhecer estratégias que podem ser utilizadas para trabalhar, em sala de aula, com as crianças que possuem essas dificuldades.
1 - Dislexia e discalculia
A dislexia é um distúrbio genético que dificulta o aprendizado e a realização da leitura e da escrita. Pode ser relacionada com a disortografia (comprometimento somente na escrita) e a discalculia (comprometimento na matemática).
Entre os sintomas da dislexia na infância, podemos destacar: dispersão, falta de atenção, dificuldade em aprender rimas e canções, atraso na coordenação motora e falta de interesse por livros.
Já a discalculia é caracterizada pela dificuldade no aprendizado dos números. As crianças apresentam uma inabilidade para lidar com contagens, sequências e operações aritméticas. Mas é importante ressaltar que isso não tem a ver com inteligência, e sim com uma deficiência na compreensão matemática.
Geralmente, a criança apresenta dificuldade em visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior, em conservar a quantidade (não compreendem que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas) e sequenciar números (o que vem antes de 11 e depois dos 15, por exemplo).
Dicas de como trabalhar em sala de aula
2 - TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
O TDAH é um transtorno neurobiológico de causas genéticas, caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade. Aparece na infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a vida.
Normalmente, os sintomas são: não prestar atenção em detalhes ou cometer erros por descuido, ter dificuldade de manter a atenção em tarefas, conversas e leituras, parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra, não seguir instruções até o fim ou terminar trabalhos, ter dificuldade para organizar compromissos e cumprir prazos, relutar em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado, perder itens necessários, ser facilmente distraído por estímulos externos ou pensamentos e ser avoado para atividades cotidianas como pagar contas e retornar ligações.
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3 - TEA: Transtorno do Espectro Autista
O TEA é o resultado de alterações físicas e funcionais do cérebro e está relacionado ao desenvolvimento motor, da linguagem e comportamental. Esse distúrbio afeta o comportamento da criança e os primeiros sinais podem ser notados em bebês nos primeiros meses de vida.
Cada criança desenvolve sintomas específicos, mas os mais comuns são: o atraso no desenvolvimento da fala ou falta dela, dificuldade em manter contato visual ou em entender emoções e expressões faciais, pouca interação com outras crianças, baixa adaptação a mudanças na rotina ou atividades não familiares, repetições frequentes de comportamentos, palavras ou frases específicas, preferência por atividades isoladas ou interesse estrito e intenso em um único assunto ou objeto, sensibilidade extrema a sons, luzes, texturas e cheiros, resistência a toques e aversão a certos alimentos com texturas e sabores específicos.
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Dicas de como trabalhar em sala de aula
Lembrando que cada criança autista é única e tem suas próprias necessidades e desafios, portanto, é importante abordar cada situação individualmente e com sensibilidade.
4 - TOD: Transtorno Opositivo Desafiador
O Transtorno Opositivo desafiador geralmente acontece durante a fase da infância. A criança que tem o transtorno apresenta comportamentos caracterizados por agressividade, raiva, desobediência, provocação e ressentimento.
Comumente os sintomas são a desobediência, irritabilidade, agitação, culpabilização dos outros, raiva constante, ser vingativo e cruel e agressividade.
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5 - DI: Deficiência Intelectual
Na deficiência intelectual, a pessoa apresenta um atraso no seu desenvolvimento, dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em que vive. Ou seja, existe um comprometimento cognitivo, que acontece antes dos 18 anos, e que prejudica suas habilidades adaptativas.
Os sintomas incluem atraso no desenvolvimento, falta de interesse, isolamento familiar, problemas de aprendizado, queixas somáticas (se a criança começar a se queixar muito de dores de estômago, ouvido e garganta, por exemplo, vale consultar um médico, porque a causa pode ser emocional), medo excessivo, irritabilidade, alteração de apetite, regressão de habilidades adquiridas e fadiga.
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Diagnóstico e tratamento
É importante ressaltar que cada criança é um ser único individual, podendo apresentar comportamentos destoantes que não necessariamente estejam relacionados a um distúrbio.
Ademais, o diagnóstico e tratamento de qualquer distúrbio da aprendizagem devem ser feitos por profissionais qualificados, ou seja, com o acompanhamento de médicos e psicólogos. Para auxiliar no diagnóstico, avaliações educacionais e recursos da neuropedagogia podem ser aplicados, que é onde os educadores e profissionais da pedagogia podem entrar.
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